segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

INSUFLAR(INSUFLAR!) - glossário léxico wikcionário

Medusa
Minh'amada Medusa é mortal,
a consonar com o silogismo
do "Corpus aristotelicum",
que ora, ora no meu cantar
eivado de cantares:
que o ser se desmancha no ar,
evola-se do corpo desalmado
evoluindo em espirais
sem ais ou quaisquer alongamentos mais.
Momentos de movimentos finais
nas pastorais em sinfonias corais
escritas pelo poeta em hora de aedo.

Ademais, o ser se dissipa,
literalmente e naturalmente
restando o corpo aos vermes,
que dançam seu tanto de tango,
e os ossos para o tempo roer
( o tempo é um rato! :
um roedor pertinaz,
perspicaz, assaz na perspectiva
suspicaz  de "Mickey Mouse",
habitante do mundo imaginado,
paginado, desenhado,
jamais desdenhado
até que se vá
o dente do siso
no boticão do odontólogo.
Dentista era Tiradentes,
aquele inconfidente.
Loquaz, mordaz, falaz, rapaz...,
ao "surrupiar" da boca
um sopro de assovio
de flauta natural
em Pan refugiado do mito?!)).

A Medusa que respiro,
que me sopra o ar
com o oboé em ostinato
na pastoral de Beethoven,
pode deixar de mover
a alma dos gases nobres ou pobres,
ricos ou de bico
e expirar na nova sinfonia,
sua cobra coral,
para a Cleópatra que é
junto ao ser da Medusa,
sem blusa...
em flor difusa
que acusa
a volição, a volúpia
da Harpia, no gavião pedrês,
macho e fêmea criados
para a hora crítica da  paixão
com Cristo ou sem Cristo...
na unidade dos corpos
- e penas!
que dão o voo
e a dor em contraponto,
fuga da vida,
anúncio, anunciação...
- núncio da morte
e signo de vida.

Se a Medusa, que em meu corpo
é terra e água do mar,
parar de respirar
e com seu sopro de oboísta
mover céus e terras
pela atmosfera que cria em mim,
ficarei sem alma,
sem "atmosfera" para insuflar(insuflar!)os foles
que tocam a música da vida
originária da Musa que é minha Medusa:
a Musa de revoltas madeixas
ao vento boreal
que os despenteia
em meia teia de aranha.

Sem a presença dela
dando alma à minha atmosfera
ficarei sem esfera
e sem Era geológica;
passarei  a inexistir
ou a existir sem vida,
mero ente sem ser,
pois a minha vida
é toda este amor
pela cabeça, pelo corpo,
pela alma e pelo ser da Medusa,
que é minh'alma,
- minh'alma até no miado do gato,
no chiado e correr arisco do rato
que tem uma cota de tempo
- no próprio tempo!,
ao menos em  castelos de "Castilha"
e em Andaluzia,
que sem Medusa
não luzia,
não luziria,
não luzirá
e não há-de luzir,
porquanto o universo se apagaria
e o cadinho estelar
morto sem seu "ar",
( oriundo de um oboé "soprano"
soprado do plano de um imaginário
País das Maravilhas sem Alice,
não aliciado(aliciado!, por Alice!?...),
escureceria ainda mais
o carvão-de-escuridão,
a hulha  da noite sem fim
para mim
já (jaz!, Jazz) com a alma negra
sem o oxigênio das narinas dela,
da minha Medusa,
meu oboé, minha oboísta solista!

 

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sábado, 22 de dezembro de 2012

MANCHE(MANCHE?!) - glossário


A escrita é uma dança com os dedos
e a mão que quer e acaricia :
- a carícia
na carestia,
na velha tia,
na hóstia, na eucaristia,
que toda tia gosta
e de mãos postas!
- posta a mesa
para o glutão
e para a comunhão
com Cristo,
nosso Senhor...

Na "Ostia Antica":("Ostia Antica!")
Roma existia
vítrea,
vitrificada
no vitral.    

A pintura outra dança
no mover da mão
a braço com o abraço
do braço com a tela...
Bela, a fricativa na boca,
sibilante,
uvulares,
labiodental...
na dança
com língua
de Sancho Pança
e Dom Quixote(Dom Quixote! :
que dom o dom de Dom Quixote!)
no mote
e no bote da serpente
enrodilhada dentro do bote rio abaixo,
a sibilar
na sibila (que sibila!),
na pitonisa,
na píton(píton!) reticulada
e em Pitágoras :
agora sem Ágora).

A mão dança nos dedos
ao desenhar o arco
do triunfo
que é uma dança no papel
do arquiteto
que a passa
em contradança
ao papel papal
que nem de uma papisa
- no papiro
tem o signo
onde giro eu
- eucarionte
ontem e tresontonte
do ventre livre
ao Monte Carmelo
hoje em um monte de caramelo
ou um amontoado de machimelo
em toada doce
de iguaria sem igual
para massagear os dentes
de leite das crianças
em danças
de infante
grimpante
e bactérias
quase etéreas
no lado invisível
do mundo cão pastor :
"Canis Minor",
"Canis Major"
a consonar com o céu
sem o anil vil,
metal, metálico.

O pensamento é uma "dançarina"
- uma bailarina
descrevendo senóides
pelo senos,
co-senos séculos fora.

As Três Graças de Canova,
Boticelli... : O pensamento é...
as Três Graças!
- e um bailarino
no filósofo-filólogo Nietzsche
que de ditirambo em ditirambo,
aforismo em aforismo,
até o desaforo!,
se dizia um dançarino,
porquanto salta o pensamento
aos olhos,
no caprídeo deus Pã,
desenhado, desdenhado,
e em ondas senoidais
quais peixes que tais
se acham em nado
( que nada!)
na cascata do rio São Francisco
de água santa e benta,
água com madeixas encaracoladas
pelos cabelos das sereias
e das medusas
descendo a cachoeira
que pranteia
o amor feliz
e infeliz
de minha avó,
em algum lugar
da não-Mancha( Mancha, manchego,

não mancha o manche!(Manche?!)
ou da não-Mancha,
engastada no manche da Manchúria, quiçá,
de cujo nome
prefiro olvidar-me,
ou deixar descer
ao olvido,
sem ouvir
o rio letes
a bailar no leito,
lento, silente e sem leite,
aonde vamos em descenso
a braços com o barqueiro Caronte
em barcarola funesta,
que levara Menipo,
segundo o segundo evangelho da Menipéia,
vetusto apócrifo ,
não meu, nem teu,
nem do ateu, nem do arameu,
nem de Orfeu...

A filosofia
e a poesia
é toda uma dança,
o mito em rito,
que dança é
e dança vivendo,
na mostra de saúde,
enquanto há vida...;
pois "enquanto há vida
há esperança", de dança!,
de amor!..., dizia minh'avó,
em sua fé,
antes do mundo acabar nela,
desmoronar a alma
dentro dela.
Todavia,  se há esperança,
há esperança que salve
o verde que brota
no sistema vegetal,

sistema verde
que nutre e repara a vida,

dá alma à alma... :
Sim, há  esperança que salve
e isto não é um fato,
mas um ato humano,

pois os fatos
já estão mortos
e embalsamados
sob os signos da história.

A esperança
é um ato humano;

ato este que produz  esperança :
"SPE SALVI facti sumus",
dança a carta encíclica
do papa Bento XVI
na mão e no pensamento
do santo padre :
sumo pontífice.

 
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domingo, 9 de dezembro de 2012

"SANTALUM ALBUM"("SANTALUM ALBUM!") - dicionário wikdicionário wikcionário

Cássia-imperial (Cassia fistula)
A flor caminha bastante
- é caminheira, andarilha,
enquanto brilha a trilha,
milha a milha,
jardineira, arqueira...
cuja flecha é a semente
atirada à maneira de projétil(projéctil!)
lançado com a funda ou a besta
- plantado os pés ao solo de trompas(trompas!)
para aquilatar a porfia
que havia, e se afia,
ainda na fiandeira de hoje,
entre Davi e Golias,
desiguais rivais
não fosse o fundo da funda
fundo ...
Aliás, aliada a Jacó e Javé,
Raquel e Lia,
Sansão e Dalila,
a porfia lilás
das liliáceas(liliáceas!)
amarelas ("amaryllidaceae, "amaryllidaceae!") no lírio
e rubras...- de cólera! -
no anum  que descobri
num vibrião colérico.    

Vai, vai, vem  pelo caminho do bem
do sim e do amém :
azul carmesim amarela
- de um amarelo mais vivo
que  o pintado nas asas das borboletas
- amarelas
velas em asas navegando no ar,
naves, planadores...

Vai, vai e vem no vaivém das estações
pela "Via Cassia"
em castiço latim
para a acácia
silente ente verde
não cantarolar .

Escala morros, penhas,
e entre as brenhas está
com amor de flor :
a flor!
que pára para abelha se melar toda (tola!)
no todo do mel sem apicultor (tolo!),
mero ator econômico
no seu "Encomnium Moriae"
em quotas no quotidiano. 
 
("Spe Salvi" caso seja a personagem
divina, mesmo na comédia média,
mediada de imediato
pelos atos do poeta
no palco dos signos 
e símbolos, enquanto escritor;
farsa escrita para ser inscrita,
ínsita no espírito da tragédia grega
que se nutre do néctar da flor
e dos deuses mitológicos :
"flores do mal"-estar mental
e do "Mal do Século":
A tísica ou o tísico?!... 
O néctar! Ah! o néctar dos deuses!
- um maná na glicose
que se representa em corpo feminino
no corpo formoso
ou em formação de formosura 
onde abunda a glicose
armazenda em amido(amido!) e lípídios,
que alimenta o menino e o homem
de corpo e alma
e lhe dá um sopro de oboé
no espírito que, só então,
entoa desde antanho
a canção da vida  
em letra e música 
na musa de Alfred de Musset
que carregava impertérrito(impertérrito!)
a carga do "mal do século"( em confissões!);
pretérito mal,
com mérito e ritos,
ritmos de poesia romântica
carregada de sândalos("Santalum album",
"Santalum album!")  ).

A flor pisa o solo do caminho com sementes
e leva um caminhão
- de flores
da bonina ao miosótis
a peregrinar à Meca.

A flor caminha bastante
- é caminheira, andarilha,
jardineira, arqueira
cuja flecha é a semente
atirada à maneria de projétil
lançado da funda ou da besta
ao solo de trompas.

Vai, vai, vem  pelo caminho do bem
do sim e do amém,
do vai e vem, no vaivém 
de "As Primaveras" 
obra poética de Casimiro de Abreu :
azul carmesim amarela
- de um amarelo mais vivo
que  o pintado nas asas das borboletas
- amarelas
velas em asas navegando no ar,
naves, planadores...
cheirando o nariz do cinamomo
esparso no espaço que é ar a respirar
(Este o espaço!) :
"Cinnamomum cassia"
ou "Cinnamomum aromaticum"...:
madeira doce,
qual água doce,
dulcíssimo mel...

(És, Cassia, melhor que Ester
contra o Grão-vizir...
ó estrela Vésper!
- mais bela que Vênus
aglutinada na palavra
que refaz na vista
o planeta da deusa romana
em Estrela d'Alva,
da minh'alva
e minh'alma,
que não é minha,
mas tua, tua, toda tua,
no que atua
a tua alma
que minh'alma é
e ama a mar oceano 
sem fim de água azul...
- verde de palmeira
a bater as palmas
ao saber do amor inato
entre dois seres
que não podem viver em dueto,
mas sim em uníssono :
um só sono
e um só sonho.
Minh'alma não é alma
sem a tua alma!
- Sem a tu'alma
minh'alma é alma-de-gato,
ave passariforme meramente,
da ordem menor dos frades mendicantes ).

A flor pisa o solo do caminho com sementes
e leva um caminhão
- de flores
da bonina ao miosótis peregrino(peregrinos!)
- em peregrinação à Meca,
 rumo à Meca.

E que chova potes
no chapéu do miosótis!

French horn.jpg

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domingo, 2 de dezembro de 2012

ROUFENHA(ROUFENHA!) - etimo etimologia

Meu tio-avô tinha um carro antigo
preto, daqueles tipo manivela,
mas já sem manivela,
cujo motor fazia um ruído de gente gargarejando
com romã e água :
glute glube "gluve"
gargarejava o motor
( Será por isso que amo carros antiguados,
daqueles do tempo do dele?!)

Ele era alto, magro, moreno ao matiz  da melanina
ao "andalus" ( Al-Andalus")
dos povos de Espanha
( meu pai se dizia de Mar de Espanha!),
dos mouros, moçárabes de Granada,
contido em sua aparente frieza inacessível,
de pouca fala
não desperdiçava uma palavra,
introvertido,
calmo, frio ( frio?!), médico e homem,
tal qual meu avô,
seu irmão,
que não conheci,
não sei do temperamento,
se quente, se frio, se morno,
se extrovertido ao modo do jargão de Jung,

se, se, se...,
porque morrera num desastre de avião :
teco-teco, imagino,
quando minha mãe orçava pelos seus quinze anos!
( Por isso tenho medo de entrar em avião
e fascínio por jato supersônico
rompendo a barreira do som
suspenso no ar da manhã de abril...?!
E estudei medicina desde tenra idade,
autodidata em tenra idade :
em  menino inventava remédios
para as galinhas
e operava os pés lacerados dos galináceos?!
Seria rito genético
estudar com afinco genética,
ornitologia, entomologia, psicologia...
 desde os 8 meses de idade?!
Fábio de "faber" não crê,
mas Fábio de "bio"
- "sábio".)

Morava a um filete de luar de casas
lá de casa,
nem mais quadra ou quasar.
Vivia amancebado com uma mulher gorda,
muito branca, de voz rouca,

- rouca, rouca, roufenha (roufenha!),
simplória como a glória
de um homem.

Ele me parecia velho,
mas aos quinze anos
quem não é olhado como velho pelo jovem?!
( Esta a alteridade do mancebo
com a Ancião dos anos?!...).

Devia orçar  (virar a proa do veleiro brigue

- veleiro brigue antes da arribar )
pelos cinquenta a sessenta anos,
o velho veleiro brigue.

Não sei se fora casado,
se tinha filhos;
com a mulher com quem coabitava
não os tinha.

À época eu não sabia
que ele era meu tio-avô.
Acho que quase ninguém sabia
e aqueles que tinham ciência do fato
mantinham a discrição do tempo
que fazia o ser do homem
costurado com o contexto temporal :
Costumes costurados ao homem de antanho.

Ele se estabelecera num consultório,
que era uma antiga vivenda,
frente à praça da Matriz
onde havia uma escultura de Cristo
toda branca de  lua no meio dia,
parecendo lua pintada da "cor" de nuvem branca...
a alguns passos do paço do cais,
que era um mirante para a areia alva,
duas rochas no meio à correnteza
de um rio santo igual a São Francisco de Assis
abençoando a terra boa
de homens ruinosos,
a cobra "mboa", no tupi dos tupis,
guaranis guapos, guaranás, ananás;
serpente constritora
que do tupi "mboa"
migrou para o português na palavra jibóia :
uma canoa com canoeiros à margem do rio santarrão
e da economia marginal.


( A memória é "um" fantasma

em revisitação a outros fantasmas...

camaradas!(camardas?), companheiros... 

...Vinha pelo caminho que vinha vendo

descendo a rua longa que via (que via!: Ápia.)

que dá no mercado municipal  

de onde subi muitas vezes bem bêbado

anos depois deste fato enfático

quando no passo do terreno baldio

onde as mangueiras em fina flor

para abelhas não-rainhas  

quando, casualmente, vim a defecar na calça curta

de menino que voltava da escola.

Fui direto à casa de "vovó"

porque lá sabia

que não haveria reprimenda, admoestação(admoestação!),

mas apenas compreensão,

cuidado e um amor infinitesimal

muito bom , que muita bem fazia...

Por isso sinto a falta dela,

até hoje sempre-viva  

- saudade escrita por poeta português :

o fantasma da minh avó materna

ainda cuida de mim no berço

que ela balança e canta

- uma cantilena para dormir!  ).

 
Quando eu ia ao consultório dele
na companhia de minha avó
ele sempre a tratava com desvelo
infinita paciência para com os seus choramingas de viúva
( Viúva de Sarepta!)
e quando ela emitia seus queixumes
sobre as dores que afligiam
todas as Marias das Dores,
suplicando por remédios
ele dizia : não é nada, Mariinha!"

(Qual o nome da rosa?!

- para mim este era o nome da rosa!...) 


Depois da consulta

quão aliviada ela parecia!

Saía aliviada da pena pesada 

que se impunha indevidamente.
Penosa carga,cruz lastimosa
de todos os Cristos que somos.

Outrossim, quando a moléstia era comigo,
olhava-me com uns olhos estranhos
de quem tinha caminhado ao meu lado
por toda uma vida antepassada
na estrada da genética(genética?!...)
e conquanto aos ritos(que ritos!?...) nos olhos
não acompanhassem o corpo
por causo do autodomínio
de um homem de cérebro gelado
e gestos contidos,
o olhar cumpria todos os ritos
de um zeloso e preocupado tio-avô
que, não obstante,
nem a palavra me dirigia,
embora me atendesse
antes de todos
que já estavam no consultório,
ainda que seu fosse o último a chegar
e o recinto estivesse cheio de pacientes.

Minha avó morava meio filete de sol
do consultório dele
mais perto dos pés descalços
do santo rio carmelita descalço
ande o profeta João
batizou muita gente
no tempo mítico
que é o pretérito
contado em fadas e duendes, elfos, sacis, lobisomens...
"muares" sem cabeça (mulas-sem-cabeça!).

Minha avó morava numa casa simples,
digna de atender à pobreza do santo de Assis,
que ali podia por embaixo a cabeça
com o chapéu de telha-vã.

Meu avô sempre marcava encontro com ela
na bela praça
que dava de olhos para o rio
cheio de amor com odor de peixes.
Até a água traz o cheiro do peixe em escamas
nas camadas do corpo-sereia.

Quando eles se encontravam
minha mãe, então com suas quinze primaveras,
estava presente.
Ele a tratava como filha que era e é
( verbo tem voz no presente,
mas guarda voz mnemônica
e imaginada para futuro sol).

A paixão do amor entre eles
é a mesma que emerge
em qualquer casal
preso à essa energia
que o corpo tem a despender
prodigalizando o melhor de si
na música que é a arte da vida
desde o soprar e puxar um oboé do vento

( do pulmão, do fole do vento!)
como instrumento de sopro
que dá o prazer de amar.
A arte é a felicidade física-química-elétrica
no corpo sadio
que pode se dar ao luxo do amor.
O amor é um esbanjamento de energia vital :
a maior riqueza,
a fortuna de ter vida plena a prodigalizar.

Quando meu avô morreu tragicamente
ele já havia acertado com minha avó
as bodas que teriam
se a morte não fizesse a travessia
pela metade do caminho
que não os separava
um Romeu e outra Julieta
que dormitavam na poética
escrita para eles, entre enamorados,
no sagrado livro do poeta santo.

Meu avô ainda era casado com outra,
mas minha avó não entrou no velório
como "a outra",
mas sim como esposa
separada pela morte
não do cônjuge,
mas do esponsais,
das bodas adventícias
marcadas para um tempo
que não existiu
ou deixou de existir com o finado corpo,
a finada energia do meu antepassado.

( O corpo é um acúmulo de energia,
uma armazém de vida,
que se consume rapidamente
quando  coração se desespera na corda,
dá corda na corda bamba,
bate desesperado para salvar a vida
e acaba por gastar toda a energia
nesta tentativa de sobrevida:
o organismo é uma fábrica de energia em produtos
e o depósito dessa energia em massa
a ser distribuído pela economia da vida).

 Os mortos estão vivos
- "in core"("in core, in core"!)
estão ativos no teatro mnemônico
e continuam com seu livre-arbítrio aberto,
ignorando os loucos polígrafos
que pensam que sabem pensar
porque sabem escrever com engenho e arte
à Camões, Luiz Vaz, "Os Lusíadas".

Não me lembra
a morte de meu tio-avô;
jamais tive notícia dessa morte,
senão num nome de avenida
em memória dele,
"in memoria Dei".
Mas se tem algo "in memoriam"
é porque ele morreu.

Não sei se ele era dos guelfos
ou dos gibelinos;
devia ter seu merlão gibelino

nas suas fortificações
ou estar nas crônicas da família guelfa,
mas nunca esteve em guerra :
só consigo, talvez.

Para mim meu tio-avô
continua vivo
com sua mulher e seu carro antiguíssimo
sua face serena, trigueira,
porque o que matou ele
foi o nome de rua,
mas não o nome da rosa
- da rosa que ele amava...
e ama!, porque é obra de Deus,
não obra do deus Cronos :
o amor é imperecível,
intangível, infungível,
sem fusível
que possa apagar a luz do sol
num céu solar ou lunar.

 http://scienceblogs.com.br/hypercubic/files/2012/08/ford-model-t-1908.jpg
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domingo, 18 de novembro de 2012

NOCTÂMBULOS(NOCTÂMBULOS!) - verbete


Eu sou um poeta
e o poeta é um vagabundo
no mundo imundo, iracundo...
ao menos o poeta que erra,
errabundo é em mim,  

e é assim sim e fim.

 

Errante (errante arameu!)
 caminhante, viandante,
pelo mundo fundo, raso, abundante,
meditabundo(meditabundo!) vou na trilha
que brilha à estrela
com  tal exuberância nas sendas!
- vendo sendeiros, sevandijas(sevandijas!)
colocando vendas negras da noite
em flores amareladas de tinta de palor da lua
que traz um pavor do luar
no ar suspenso, tenso, intenso...
- um medo pânico de avantesmas noctívagos,
noctâmbulos(noctâmbulos!) morcegos cegos
sem eco no beco escuro!...
( Escuridão feita de medo!...
dentro da madre,
antes do catre deitar
ao leu sobre as águas vivas da vida ).
Andarilho vou pelo caminho do voo
observando bosta de equídeo
fezes de bovídeos,
boiada que foi
e ficou no odor não tão fético,
oxalá (oxalá!) a exalar do pasto!...
nas crinas das narinas em sintonia fina.

( Aposto no aposto 
do pastor  a posto
no discurso postado
na pastagem  em passagem
em grama ou vagem
pelo ruminar das reses
que não rezam.
Ou estacarão  as reses a rezar
e eu a não ouví-las
nas vilas
mesmo que de oitiva
na oitava com o mel do poeta :
(mel-de-coruja ?)
com violino e oboé
de violinista verde e oboísta azul celeste?!...
Quem sabe, quiçá...!).
 
João Guimarães Rosa era um poeta ;
aliás, é um poeta ainda e par a sempre,
sempiterno e sempre terno,
porque o poeta não morre,
não está no silogismo do homem
( as mulheres não morrem :
ficam viúvas em Sarepta
para pensar as feridas do profeta Elias,
que não as deixarão sem azeite e farinha para pão );
de fato, o poeta é um ínfima porção do homem :
a parte que faz sua parte
no teatro social
no qual é um ator como os demais
e os de menos hipocrisia,
a qual é determinante na vida
para ser em sucedido politicamente
e,concomitantemente, economicamente
que política, direito e economia
estão visceralmente interligados.
Todavia, conquanto o poeta seja imortal
( enquanto dorme um sono sonhado )
o homem, seu fundamento físico-químico e eletromagnético
é mortal, a consonar com o que reza o silogismo
e está preconizado na voz das esfinges
que não fingem
porquanto estão solitárias nos desertos,
ambientadas no Egito,
cujo nicho é o deserto
com parcimônia (parco!) de bicho.
 
De mais a mais, um poeta
antes de ser um escritor
e escriturar sua poesia
sorvida em vida,
( este sorvedouro doudo
que a vida é
posta em ser na literatura de Dostoievski
um poeta-filósofo cujos versos
exalam o bolor da prosa ),

O poeta é um pensador
anterior em gramíneas
ao grande canto do sertão
e às veredas esparsas nos gerais
com reflexos narcisista nas águas azuladas
pelas pauladas
abauladas
e aladas no céu-passarifome-falconiforme,
mas  arraigadas nos pés
de buritis verdejantes
e na exuberância "floreada" da florada
em causa resolvida e revolvida na vida
pelo escaravelho ( um coleóptero que bate asa em minha janela!)
e na morte em esgrima com  florete
ou pistolas em duelo, dueto no gueto,
cm voz em ondas de aroma de jasmins,
bogaris sob céu gris
levados e lavados os anis vis,
bis bisados. Xis, x-tudo!
 
O poeta é o pensador
que, antes de ter o ser posto por escriba,
existe no homem,
predecessor dos hieróglifos,
coevo aos geóglifos orgânicos
impressos no organismo
pintados nos cromossomos
que dizem como somos
e o que somos
na soma somática do soma!
Aflora em ser na espécie humana,
o pensador, também de Rodin;
floresce o pensador no menino e na menina (Nina!),
assim como o violinista e a violinista,
filho, filha, neto e neta, bisneto, bisneta,
tataraneto, tataraneta...
na mesma infância
em que esteve o corpo e a alma em genes
do homem  e da mulher ontem e sempre
( ontem é sempre!) :
que o menino é para sempre :
o menino, a menina :
 eterna, ela; eterno, ele;
o  homem, todavia,  é passageiro pela vida,
toda a vida!
E da barca de Caronte.
A mulher, outrossim,  é imortal,
não enquanto dura,
mas ainda quando mole.
Eterna na viúva
fica até o fim dos tempos e dos hussitas.
Só não quer ter a "Piedade" sua
na estátua de um Michelângelo
guardados nos meandros da engenharia genética
que fabrica o gênio
não se sabe quando, quanto, nem porque ou o porquê . Por quê?!

João, não o Huss, mas o Rosa, 
ou  a rosa sertaneja,
volto neles em ronda, em  rondó de cavalinhos
para espicaçar a alma do poeta Manuel Bandeira.
O João, a rosa : a rosa escarlate era o João balalão do sertão
tão extenso, intenso, denso, ancho....
O João da Rosa
- dos ventos nas madeixas de ameixas das sertanejas
escreveu do joão-de-barro em casa
( não ao João-de-barro em ninho de passarinho, passariforme)
uma palavra que escreveu, não leu...  :
 "nonada!"
- uma espécie de  fac-símile do vetusto bardo,
cantor em Homero,
ou em meros rapsodos,
 pensador  em Hesíodo,
os quais tinham como brado,
brasão  ou palavrão, do calão,
invocar as musas.
 
Ele, o escritor-descritor, descobridor,
desbravador em vocábulos, dos sertões de minas,
evocava o nada e o tudo na palavra "nonada".
Este vocábulo era lançado ali
na cabeceira do livro
tal qual estava na cabeceira do rio
ou do homem que lê o "livro de cabeceira"
à cabeceira do rio São Francisco.
Com a locução "nonada"
o aedo sertanejo  fazia o intróito do filósofo satírico
que assim se representava e se alienava
de homem em filósofo
dando um tom escarninho a tudo
que abordava
ou dissimulando, dissimulado sobre a mula
(centauro-muar)
em que montava
com um ar escarnecedor, satírico,
zombeteiro e zonzo,
qual poeta fingidor
que se representava no teatro-homem
ou personagem-homem : Fernando Pessoa,
em seus heterônimos,
em pessoa e em poeta,
em um campo de cajueiro à flor no ar dispersa (persa!),
que assim se representava e se alienava
de homem em filósofo satírico
dando um tom de menoscabo a tudo
( que muito amava!)
ou fingindo um ar escarninho de menininho no ninho
qual fosse outro poeta fingidor
que se representava em Fernando Pessoa,
poeta em versos plácidos
da simplicidade à cor do anil
ou do que tocava no disco de vinil
no mês de abril
que abriu maio em flor festeira,
brejeira no brejo.
 
O bardo sabe
quão mudam e mudas
podem ficar as ideias dos homens-em-política;
as idéias se modificam
se amoldam num contexto
que represam os interesses de época,
época essa que nada mais são
que alguns homens
líderes políticos de um tempo dado
pelo cosmos
mas roubado por alguns homens
( "Prometeus" que roubam
e hão-de roubar
eternamente, perenemente,
o fogo dos deuses ou de Deus,
do Deus de Israel
e, mormente, dos homens da terra).
Há, pois, momentos, períodos de vida
na qual o papel do homem
é declamado em ode ou elegia
de saúde ou doença
no palco ou no front
do que se fala em vida,
que é o falar e calar da biologia
( quando a política faz calar
e o calado na calada );
a pobre biologia, com seu discurso
ou tartamudeio em "logos",
com crédulo sonhando
que a ciência é realidade :
a ciência não é realidade,
mas mera realização
dos homens "sapiens" "sapiens",
no pensador, no filósofo e no poeta
e do " homo faber" no engenheiro,
todos tolos escravos dos políticos,
mas sem o saber.

Em realidade, melancólica realidade,
a biologia é apenas uma locução
verbal (verborréia!) nominal
cujo tema é a vida na voz de alguém,
uma pessoa menor que  homem : o cientista.
O cientista é apenas alienação do homem,
não o homem,
antes a metade de um centauro mítico
dado com dado no jogo de dados do real, natural,
o qual queremos divino.
Queremos deuses em todas as energias naturais.

Locada, do outro lado do bicho biologista, está a poesia
no poeta, outro ser alienado do pensamento humano,
que é menos que o ser humano,
menos que humano,
porém não desumano : humanista, iluminista, enciclopedista
e dista que dista que disto eu entendo não...
mas cujo tom e estro  é diverso
da peroração científica
no verso que versa
sobre a vida
e a morte inelutável.
( A poesia não é mais que vida,
mas a vida pensada, existencial,
exponencial no bardo,
no sublime esteta :
o poema soprado pelo anjo do oboé no espirito :
o oboísta em solo!)

O poeta tem sobrevida
- vivendo na vivenda com víveres
e víboras! ( cobras-de-vidro)
porquanto  é um médico "congênito"
e um filósofo nato, inato,
um erudito natural
que super-aprende,
aprende com na amplidão da solidão de monge.
Sua viva inteligência
( a mais viva inteligência pertence ao poeta erudito!)
permite que o homem vivo no esteta pensante,
cm perspectiva filosofante,
adquira a capacidade de aprender com a natureza,
e outro intermediário e semelhante : o homem;
e a mulher, dos quais ele conhece bem a história genética
e a escrita secular e milenar
que estão em geóglifos nas suas estelas internas,
nos seus livros genéticos gravadas em sânscrito,
latim, grego, hieróglifos,
escrita cuneiforme...

O poeta é o sábio

que sabe escutar os pensamentos dos homens
e das mulheres filistéias,
mas de tanto ouvir
tais poluídos pensamentos
maquinando maquiavelicamente
qual fossem máquinas do diabo-a-quatro
sentem incomodados, desconfortáveis
e  buscam fugir a tais poluentes sonoros,
corre empós silêncios mentais de monjas,
pobres Teresas no claustro,
presas da demência social, política,
que levam a hipocrisia dos atores até o átrio da loucura!
( Ai! desses tagarelas mentais!,
 munidos de aforismos
e falsa moral
para encobrir a imoralidade,
as perversões nefandas...:
O poeta é amoral; não imoral).

O poeta é o filósofo
que pensa usando a imagens do belo
e é o médico de si (medicastro!),
pois não há quem conheça
o mundo vegetal por dentro das plantas,
que são as fontes da vida,
da sabedoria da serpente,
farmaceuta e química
e o conhecimento do douto,
que não é o médico,
esse Esculápio "esculachado" no carnaval do arlequim
do poeta em símbolos : "Joan Miró",
iluminado "Buda" da pintura
em versos não versejados:
Verdejantes no prado e no monte com cabras montesas.

O poeta é o sábio e erudito botânico,
e a própria botânica (há botânicas!: não nanicas),
que sabe e conhece a nomenclatura de Lineu,
que é o sistema filosófico
no âmbito científico
e fala uma língua próxima às plantas
e o astrônomo
sob as leis que penteiam a Cabeleira da Berenice.

O filósofo ou erudito que não é poeta

não sabe à vida,
é um incipiente homem,
sem sapiência plena,
sem maturidade ( amena!),
pois o poeta é um homem íntegro,
integral, completo no plexo,
no amplexo, corpo e a alma...,
quando sabe amar
- uma mulher! : amá-la...
( Amá-la-ei eu...).

 
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