sábado, 23 de maio de 2015

IMPÉRIO, IMPÉRIO - glossario lexicografia verbete


A arte não existe
Senão na presença criadora
Do seu  ser : a paixão.
Sem “pathos” trágico ou cômico
Não se vislumbra arte.
A arte está no horizonte do “pathos”:
Ela  leva o passional.
Os filhos de Hélade
Saboreavam três “pathos” principais:
O Eros, o Filos e o Ágape.
A obra de arte,bem como a filosofia,
Envolve esses três “pathos”
Em um momento e em um ser apaixonado.
A ciência, enquanto instituição oficial
Dos governos e dos marchants,
Não está sob  a ação de qualquer  “pathos”:
É apenas uma prática e tentativa  frustrante e vã de “práxis”
Da arte e filosofia.
Isso sucede porque a arte e a filosofia
Tem em sua existência
O fundamento de um ser humano vivo,
Enquanto a ciência e o direito,
Uma ciência de mandamentos,
Não está na vida
Enquanto partícipe da vida,
Mas apenas na existência da tensão
Que a forma feito um diagrama
De uma corrente elétrica
Que reza  a  quantidade em  amperes   aferida
Numa mensuração fugaz,
Fato ou ato que leva à morte
Do homem em vida institucionalizada
Em    prática difusa.
A ciência institucional é o necrotério
Dos cientistas falecidos
Ou mortos em vida venal
Graças a uma vaidade banal
Que o deixa cegos
Tal qual sansão de Dalila
Por Dalila entregue aos inimigos figadais.

Berna   Reale ,  artista de performance
De Belém do Pará,
Para lá e para cá,
No balouço do balanço,
comunga comigo
Algumas idéias mantidas pilhadas
Pelo autêntico claro-escuro
De Leonardo da Vinci,
Técnica “sfumato”,
E  Michelângelo  Caravaggio
Que meche com ângelus
E vira a cara que vira
 ao vagido vago, vacante
Que ouço pelo osso de toque
Do ouvido batendo o martelo
No leilão para  Leila
Arrematar arte
e  arremeter-se em marteladas
para pronunciar o sonido da bigorna.
( U’a  “filosofia a marteladas”  proposta por Nietzsche,
Pura dinamite
Era esse Filósofo com “pathos” trágico,
Que quase tragou o mundo cultural
Com sua  potente vontade de poder em vórtice
Que leva as enxurradas de  cambulhada ).

-  Berna,  que não do berne é mosca,
Morta ou viva,
Assim como  Mamon  das moscas não é divindade,
Sendo a divindade uma dádiva
- A  dádiva do fungo que dá a beber o vinho
Ao homem no sangue de Cristo,
Que depois sangra em cálice
E dá mote ao vampiro cristão,
Ao sexo, ao filho que veio em Emanuel
E  em  Emmanuelle ,  que poderia ser a protagonista
De cenas eróticas  “soft core”,
Mas teima em não-ser, neste caso,
E outros ritos hierogâmicos
Que vêm desde onde em Babilônia me achei
Por  sôbolos  rios,
 afluentes de Camões...

Berna, nobilíssima amazona,
Lança-se a  galope  no cavalo escarlate
a cavaleiro do rubro sanguinário
que pintalga o lábaro do estado ,
erguido  no estrado
e no arrebol.
O estado, este  ente dito  maldito,
Sob o qual retorcemos como vermes,
Dolorosamente torturados
Por sua farsa
Que  posa como direito teso em tese
Quando, o que  é, de fato,
Um direito de todo torto e fractal
 no tordo que  tarda na tarde
repatriando  escravidão, amotinando suseranos, condes,
barões,  em nada assinalados, cajados, grilhões
aos  milhões de dólares...:
o estado tem o direito
de protagonizar o deus Mamon
com  dólar e tudo o que não é do lar,
mas  do larápio no pio do Papa Pio XII,
de besta sem três seis
a angariar votos.

Amazona  que é,  ela vai ,
Em seu  élan,
a  montante do estado,
o qual  titubeia num tatibitate  à jusante,
de onde vem sobre o sabre
do cavalo vermelho
dado  à cor pelos  eritrócitos...
tinta tirada ao sangue
dos inúmeros que ficaram
sem ao menos um número
e uma cruz cristã
sobre uma cova no caminho
que não leva ao vinho do sangue...

( Quem  quiser que cante
Ou pinte na canção
A boiar pelo riacho em pelo,
O qual  acho um riacho rumorejante
Lambendo seixos rumo às areias de fundo d’água
Com  rubiáceas  às orlas
que  ali caminham ao carmim
descalças do Carmelo
Perto  em latitude,
Porém  longe
-  na longitude de mim
Que  me dou ao rubor
De empós a aurora
Em glória matutina
Matutando a matina...
Diáfana, translúcida...
De seda feminina,
Em seu flavor de flavonóides,
 Bioflavonoides  na flava  lua!).

Ela,  Berna,  saiu para vencer
-  e venceu! – a trica,
- Esta trica que é
E  caracteriza a sociedade humana,
Menor em ordem de beleza
que a ordem franciscana das abelhas e formigas,
ou  a Ordem  Mínima   dos Bacillus e Cerevisiae...
porquanto no  menos, sinal  aritmético,
 eu  vejo  isso
E contabilizo os noves fora
Que foram dar ao fórum comum
E  se encarapitar eremita
ao  conforto do foro íntimo,
que nos guarda um couto
para evasão
na hora que o coração
não tolera tanta violação
sob a violeta
que viola a viola,
a qual evola trinados
evoluídos de versos puídos,
mas doídos,
dos tempos idos,
lidos, ledos...
- lodo no luto lotado ao lado
Lépido dos  lepdópteros.

Todavia tal trica,
Que é o corpo de baile social,
Antropológico, poli-policial,
Eivada de histórias mil
Das mil e uma noites
E mais que sejam
 em fantasmas mentais
Contidos  pela imaterialidade da mente
A sobraçá-los nas formas,
Que são puros desenhos
Ou contornos de idéias
( idéias são desenhos da realidade
Em arquitetura geométrica:
A geometria é a gramática
Das linguagens espaciais ),
Que contam em traços
Com as figuras da geometria
Que são os fantasmas irreais realizados,
- donde vem para o ser humano
a realidade sonhada  em  niquice
pela idealidade do cavalo branco
de  Napoleão-Cristo a  Crisóstomo
ou outro de oratória a La grega.

-  Berna, a amazona, saiu a  impor ou inflamar,
Até abraçar a brasa
Que recobra o  escuro no carvão,
A repisar numa performance,
 A ditadura que está nos cantos,
Nas sarjetas , oculta no óculo do direito,
- o direito que é mera nuga! ,
Uma nonada  inominada na religião
do  batalhão de choque,
 nica  que, todavia,
pela via expressa
 choca( joça) ninho e nicho
E o lixo humanizado pela industrialização
Da fé e das fezes
Em festa “Cor Unum”
Do coração em canção
Do cotidiano pão.

Diz e pensa , a artista,
 Comigo ( conosco) em subjetividade,
Que nada está apenas na nica nanica,
Iname, inane, inerme,
Enfim, na frioleira  da memória,
Mas vive e está a viger
No tempo em que estamos a ser
Não apenas como seres  mnenônicos
Ou canônicos,
Mas sobretudo apócrifos
Nesse feixe de histórias
Que se contam em bocas
E becas de  palhaços perfomáticos
Nos paços imperiais das coortes
Que são cortes  na realidade
Que é esta laranja ou toranja:
Palomo.  Palomo vermelho de mar vermelho
De sangue inocente
Sobre o qual lavou as mãos Pilatos
Conforme a forma de uma história
Que se julga única
Porque colhido no singular.
Ora!  A história singular
Só existe ungulada
Na pata,  pelo passo e pelo da besta,
As quais  não aproam no apocalipse :
Cai antes do arrebol
E da barca de Caronte
No caruncho que corrói o funcho
No que “está  escrito”
Nos livros em geoglifos e petroglifos,
Na geometria com estrias dos fósseis,
Cuja leitura,  literatura, exegese e cálculo integral
É pertença de literatos eruditos
E dos musicais matemáticos-algébricos
Que bebem-nos na poesia da vida,
Na história que são um acervo de histórias,
Todas juntas e simultâneas,
A se narrarem mente  dentro,
Mente  fora
Até se enrolarem nos signos e símbolos
Das florestas com centauros
E policiais da poesia, da medicina, da ciência, do amor...
( Há que há políticas policialescas para tudo:
Tudo no tutu da milícia,
Que também chamam engajamento,
Que é quando os que se julgavam vestais
Se vêem no espelho d’água de Messalina
Graças a uma lágrima de Narciso descomposto...).

Estes os genuínos e geniais poetas-profetas.
De priscas eras e era atual:
Atuante no ato do autor ator
- atormentado pelo conhecimento
E pelo sabor do universo
Que lhe vem na baba :
Barbatimão! – na babugem...
-  no quiriquiri da quermesse
Aonde a polícia política
Quis lavar seu  império(império) tirânico
- troço que não troça
Com  porretes  à mão,
Bombas, balas, bombachas...
- A política é a gramática da violência,
A anti-violeta dos poetas eremitas
Que não se esconde dos homens
No homem que há em si,
Mas evita ou mitiga seu crime
Quando prende a fera
Dentro do labirinto :
Palácio do corpo humano,
Onde o  Minotauro  real vaga.
 
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