O paradoxo amplia o sentido restrito da palavra antítese que, podemos
dizer simplesmente, é um paradoxo ameno ou de espectro com ondas
curtas. Ambas as palavras guardam um parentesco no dizer a realidade,
ao nomeá-la, burilam um conceito ou concepção similar, se não
semelhante. O paradoxo, na realidade, que é a existência não posta em
ser, mas já preexistente ou presente antes do nascimento do indivíduo
ou da espécie humana e animal, vegetal, mineral, enfim, anterior à
vida, com alma plantar, alma vegetal, na clorofila que destila o
verde, enfim, o paradoxo destrói ou desconstrói a idéia ou pensamento
por dentro, rói-lhe o interior, aniquila a lógica posta no conceito,
enquanto ser utilizado como instrumento humano para pensar e deslindar
a natureza existente, preexistente, anterior à concepção desenhada,
escrita, pensada, elaborada, realizada em artefatos e comportamentos
oriundos de uma noética fundada numa gnoselogia ou gnosiologia,
enfim, na filosofia, com sua gnose paradoxalmente agnóstica, às vezes
até pernóstica, e, concomitantemente, na religião, que arrebata uma
gnosiologia, a qual diverge diametralmente da gnoseologia.
A tese, berço vocabular da antítese, é, digamos, um paradoxo menor,
vez que cumpre ao paradoxo perscrutar o conhecimento e o expor em
toda a tibieza.Claro, há uma discrepância de etimologia entre tese ou
antítese, que é a mesma tese com o prefixo negativo ou “maniqueu”,
pois Parmênides, da escola eleata, descrevia no conceito da palavra
“doxa”, dando-lhe o sentido de opinião ou conjectura, ou seja,
ligando-a ao pensamento, mas, ao mesmo tempo, como era uma contradição
de todo o conhecimento, como colocava a erudição em risco, classificou
essa ilação de opinião ou conjectura, pois assim evitava a
desconstrução de todo o pensado, a extinção do ser, que é, enfim, todo
o pensado e todo o pensamento ou idéia do homem. A tese é uma posição
no mundo, alienada do pensamento e posta no mundo ou realidade ou
existência; enfim, um arrancar da essência ( do ser, do pensamento) e
transplantar para a realidade alienígena ao homem ou ao mundo interno
do homem :mundo de essências, ser, pensamento, memória, imaginação,
etc.; já o paradoxo é um pensamento perturbador do conhecimento, pois
o questiona radicalmente, conjectura, ousa conjecturar, expõe a
erudição nua, sem a segurança dos gestos escondidos nas palavras
confortadores, consoladores, com “Espírito santo!”, eivadas de
Espírito santo! : o consolador, aquele que revigora a fé nas coisas
invisíveis, repõe o homem num mundo confortável, seguro, livre da
morte e das pragas invisíveis nas guerras freqüentes dos vermes,
fungos, bactérias letíferas, vírus demoníacos, enfim, toda uma horda
de bárbaros hunos laborando para a morte e a besta.
O paradoxo dá idéia de uma realidade ( de toda a realidade ou
existência, no “anexim” o “corolário” de Aristóteles que diz sobre a
separação da existência e a essência) que contradiz, se não anula, o
pensamento essencial do homem, ou pensamento do ser que, quiçá por
isso, no dizer de Heidegger, nunca foi pensado depois do eleata
célebre, excepto numa locução de Kant sobre o ser enquanto “apenas uma
posição” ou tese, a engendrar a antítese de Hegel, Marx e,
consequentemente, a síntese, que é o espaço interno ou interior entre
tese e antítese, as duas polaridades do maniqueísmo exploradas pelo
idealismo.
Imaginemos um paradoxo das antíteses!: Não o há; o que há, no caso,
é uma viscosidade emblemática entre o paradoxo e a antítese, pois é da
natureza da antítese guardar, ser guardiã, por assim dizer, de uma
posição no mundo, um por o pensamento em oposição, ou do opositor,
trasladando-o do intimismo das idéias humanas ao exterior, onde
subjazem as coisas exteriores, das quais fabricamos o ser que moldamos
nelas, no fenômeno que molda o ente, a entidade que laboramos
culturalmente, mentalmente, mas sempre no âmbito da “cosmovisão” ou
visualização da comunidade envolvida pela tez da cultura, porquanto
as coisas do mundo são vistas ou percebidas por nós, humanos, seres
que fabricam seres, seres ativos a produzir ou reproduzir seres
passivos, seres originários da sua paixão, ou da paixão que pervade
sua cultura ou civilização, como invenções nossas e não na realidade
de sua existência, com o perdão da redundância óbvia, mas necessária à
ênfase da frase.
O paradoxo quebra a tíbia do conhecimento, “osso” frágil, debilitado
pelas incertezas dos princípios que, no fim, não têm base alguma senão
em sua suficiência : o princípio da razão suficiente é bastante
emblemático e ilustrativo ou elucidativo. Haverá alguma razão que seja
suficiente e para quê? Para soldar a tíbia que se partiu, a fratura
exposta? O conhecimento é uma fratura exposto, conquanto esse
aforismo, “anexim” ou “brocardo” seja sensacionalista, errático como o
cometa.
As antíteses dependem do referencial, um ponto de partido, um lugar
no mundo ou um “locus” mental, intelectual, filosófico, quiçá
impetrado pela eurística. Cada homem na Bíblia está em antítese com
outro homem; o ser é antitético ( e no mundo, enquanto ser vivo,
inteligência viva no paradoxo que a mantém em vitalidade e viço) , já
explora a maniquéia, é um explorador de maniquéia ( todos somos
Maniqueus confessos ou taciturnos), essa “máquina” do bem e do mal,
uma mostra evidente, na qual o que fica demonstrado é o fato
inexorável de que cada homem, individualmente ( cada homem só existe
enquanto indivíduo, mas tem o poder do ser ou de seu alvedrio, de se
tornar ou ser uma bifurcação expandida em paradoxos ) acha o outro
necessariamente mal : o mal, o lado escuro ou negativo do maniqueísmo
sempre é o outro, o “alter ego”.
O paradoxo é uma figura ( geométrica) do pensamento e,
consequentemente, do discurso, enquanto o paradoxo é o “geômetra” : o
pensamento que se pensa. A antítese mostra o lugar onde está o homem
em sua tomada de posição no mundo, ou seja, fora de seu ego, alijado
do seu ser, engajado no universo, contraposto a outro ser que está na
posição “tese”, que é, na palavra, a posição inicial, afirmativa, no
pólo do bem da maniquéia, enquanto a antítese apresenta a negação da
primitiva posição ou a posição do adversário, do diabo, do inimigo
ferrenho, do ferrabrás, satanás.
Nesta relação de alteridade, na qual há o rei e o bobo, o cortesão, a
cortesã e o bajulador, dentre outros, relação obrigatória e
proibitiva, coercitiva, neste ritual que produz a alteridade,
inevitável, necessária, essencial e existencial ao homem enquanto
indivíduo que partilha um comunidade que o protege, mas que também vem
a coibir a maioria de seus atos, que se chocam com os atos dos outro
no processo natural ou existencial e essencial, há a relação menos
social, mais natural, voltada para o silvestre, no nu da mulher que se
despoja das vestes para praticar o ato natural, o ato sexual, um dos
escassos momentos que ambos tem relação direta consigo e com o outro,
numa alteridade verdadeira, real, existencial, não essencial, tirado o
ser ; esta relação natural, não social, que há entre o homem e a
mulher, na conjunção carnal, é a única da alteridade natural, não
socializável possível.
Tão poderosa e preponderante é tal alteridade silvestre com a mulher,
único elo possível com a alteridade de fato, não teatral, sob rito e
mito natural, que, mesmo achando socialmente a mulher, posta na
maniquéia como mal exacerbado desde a Idade Medianeira, a Idade das
Bruxas, que punha a mulher como o que há de pior; no entanto, e talvez
por causa desse retorno ao natural radical que o ato me comum com a
mulher possibilite, para um homem sadio, não para um padre ou frade
negro doente, um dominicano enraivecido, embevecido pelo cinismo, um
cinófilo, cujo herói ou ídolo desconhecido por ele mesmo é o filósofo
cínico, o cão Diógenes, um ódio irracional pela mulher, que é o desejo
latente de possuí-la sexualmente e, paradoxalmente, por demência ou
alienação institucional, que o coíbe, que tolhe o padre em seus votos
de castidade e obediência tresloucada, conquanto seja a mulher é o
único ser humano que pode dar prazer sexual e prole.
A mulher... : o sexo e o prazer vital, denegado, abortado pela
loucura de que tanto fala Erasmo em sua diatribe. O homem que nunca se
põe nu em sociedade que, na pele do padre, envolto no hábito do monge
ou pela sotaina do frade medieval não se livra desta prisão que o
veste, da roupa, pode fazê-lo ou na solidão triste, mórbida ou na
relação com a mulher, quando o desvestir é conjunto e, portanto, mais
excitante. Essa loucura das vestes talares faz o monge, o frade, o
padre, o homem medieval e a idade média.
O paradoxo testa e atesta a fragilidade ou a tenuidade nas lindes que
separam os conceitos ou concepções-mapas, mapeadas pela cartografia
linguística. Até onde um conceito ou concepção tem validez ou é mera
especulação ou mapa-múndi? ou mapa do tesouro?
O paradoxo está fundado no maniqueísmo, doutrina gramatical, com a
a qual narramos, dissertamos, descrevemos um objeto. E tudo é objeto para
o homem ou indivíduo referencial; aliás, sempre referencial, porquanto
não transcendemos a individualidade senão por concepções, mas não na
integralidade da realidade, na existência, onde os sentidos internos e
externos falam mais alto, é um alto-falante e um auto-falante.
No paradoxo sorites observamos que o conceito sobre um monte ( há montes no
relevo do direito também) termina quando? Quando o monte deixa de ser
um monte? No que, portanto, nos amparamos, senão na grande ou
categoria conceptual da grandeza escalar para definir o que é o monte
essencialmente? E na existência? também a grandeza escalar e o
parâmetro?
O sorites é esclarecedor da função da maniquéia nos conceitos. Só a
Maniquéia ( ou a Nicomaquéia ) apode engendrar conceitos, pois ela
polariza e o bem e o mal não importam em si, pois sé bem ou mal o que
o tempo diz pela língua do
homem o que é bom ou ruim, bem ou mal.No caso das polaridades
elétricas parece que o conceito de negativo está invertido,
socialmente, pois o negativo é quem move e o positivo é o atraído pelo
pólo-motor ou pólo-criador, pólo-deus.
O maior paradoxo é este : o conhecimento não é o conhecimento, mas um
representação imaginária do conhecimento feita pelo ser humano, mesmo
porque o conhecimento não existe, é uma inexistência, um
inexistencialismo ( ateu?) posto de pé no ser
( discurso, lógica, filosofia , ontologia, epistemologia,
gnoseologia) pelo homem. O medico quando faz um diagnostico,
representa o conhecimento por meio da leitura dos sintomas ; eles, os
sintomas legíveis , exprimem a gnose ou conhecimento por sinais do
corpo : é a semiologia médica que, de fato, não está de fato
exprimindo o conhecimento, mas um palpite limitado sobre o que pode
estar ocorrendo e que não pode ser conhecido, pois conhecimento não
existe senão representativamente, em ato da razão e sensibilidade, no
teatro da razão e da percepção, enquanto leitura semiótica ou
semiológica, porém não enquanto conhecimento, que é uma instância, um
“locus” do homem e não um nicho natural ; o nicho natural é a
existência ou mundo real, universo, cosmos, coisas, espaço de coisas e
para coisas ou onde se acham as coisas capturadas ou captadas (
“caput”) pela sensibilidade no ato fenomênico.
Não se conhece o que não existe, e o conhecimento é toda uma
inexistência representativa da inexistência no lugar da existência, a
qual não temos acesso. É o conhecimento o magno paradoxo. Não existe,
ou seja, não está posto ou não tem realidade fora (ex) do homem ou na
existência. É um não-existente ou uma não-existência; contudo, é um
objeto, ou seja, algo retirado pela operação da essência das coisas,
tem um quê das coisas a engendrar porquês.
A essência ou ser é uma operação humana, ação do homem-operário,
inação do homem-filósofo, que contempla o “Theatrum Mundi”. O
inexistencialismo ( ateu?) é uma prerrogativa do homem, uma alienação
que induz ao conhecimento ; essa doutrina, fundada, como todas, no
maniqueísmo onipresente, ignora o mundo ou a exterioridade, fazendo
dela a interioridade paradoxal do conhecimento. Tal doutrina básica,
fundante, contrapõe os universos ( se os há fora do conhecimento) em
internos e externos, na dicotomia característica do maniqueísmo.
Entretanto, o que seria externo e interno, senão um paradoxo
grosseiro? Externo é o mundo, com as coisas fora do homem e algumas
outras coisas ( alimentos, bebidas, etc.) que entram dentro do corpo
do homem ou na sua mente ( doutrinas ); o que entra dentro ou é
objeto, no caso das doutrinas, ou é coisa, no caso das bebidas,
alimentos, etc. Ao menos o conhecimento, que é algo arbitrário,
convencional, similar às palavras ou vocabulário lexical, o léxico,
assim põe as coisas no ser ou o ser nas coisas, transformando tudo em
objeto, ao estudá-los ou pô-los em língua e linguagem e lógica, enfim,
na metafísica.
A essência ou ser ou pensamento ou discurso, a lógica “”logos”), a
metafísica, enfim, o que está fora (ex) do mundo (ex-mundo,
ex-universo, ex-cosmos, ex-coisa) em oposição diametral à existência
(ex ) que está fora ou no mundo ou fora (ex) do homem ou do pensamento
(ex-pensamento, alienação ) é a representação do conhecimento, fora
da esfera da existência ( ou dentro do homem ) e, portanto, no âmbito
do conhecimento, onde não existe (não ex) mas está; porquanto o que
existe enquanto coisas no espaço
( se há espaço no sentido de fora e dentro do homem, o que acumula ou
amealha mais paradoxos suscitados pelo discurso ou lógica ( a lógica é
um investir em paradoxos insolúveis ) é algo tão complexo que não pode
existir senão enquanto representação por redução ou abstração, que é
o que se encontra na literatura ou nas literaturas específicas.
O paradoxo do interno e externo interior e exterior, enfim, o
paradoxo do “ex” está calcado na doutrina do maniqueísmo, informa esse
corpo doutrinário. Caracteriza uma antinomia clássica que dificulta a
missão da comunicação nas várias formas das linguagens, pondo fora a
língua, conquanto a língua seja mais uma linguagem, mas também mais
que uma linguagem o que, paradoxalmente, pode servir para as demais
linguagens que nunca sabemos quando são línguas ou quando estão
cumprindo missão de linguagem. É o paradoxo sorites.
O conhecimento está expresso integralmente pela Maniquéia, na doutrina
do maniqueísmo, que nada tem a ver com Maniqueu ou outros mitos e
ritos que põem homens enquanto ser de ação, o que não existe, não está
na existência, mas penas nas anedotas da essência, que conta a
história mais por meio de anedotas filosóficas ou científicas do que
de fato, na existência, que não pode ser movida por nós, humanos,
senão tecnicamente, e com os limites da técnica ou tecnologia
sobraçada nas línguas e linguagens que perfazem, o corpo das
matemáticas, geometrias, álgebras, enfim, os vários “idiomas”,
“dialetos” “tatibitates” e outras idiossincrasias” matemáticas e
lingüísticas, semânticas e semiológicas, banhadas a ouro na filosofia
enquanto ontologia, gnoseologia, epistemologia e nóetica, que
constroem ou constituem esse corpo Franskenstein da língua e da
linguagem, que é, e última instância, o reino de onde emerge as
ciências, todas calcadas na filosofia ou naquele conjunto vasto de
conhecimentos ( ontologia, lógica, teologia, ontoteologia,
epistemologia, gnoseologia, geometria, matemáticas, sociologia,
psicologia, etc.), pois o maniqueísmo, sendo o que é, em seu ser,
posto no discurso e não na existência, senão pelo corpo do homem e
pela técnica e tecnologia nas matemáticas e outras formas de
engenharia abstrata, que antecede os artefatos culturais, originários
da técnica ou tecnológias, nada mais que uma doutrina que não
atende aos apelos veementes, instantes, da realidade complexa, maior
que o pensamento; ou seja, o maniqueísmo não atende que é real, de
fato, existencial, que é assaz complexa e não pode ser sequer
representado, senão reduzida em tese, no por ou posição do ser ou
pensamento no mundo.
O único conhecimento que temos é que o sabemos da ausência do
conhecimento através dos paradoxos que os sábios e eruditos levantam,
a fim de demonstrar a fragilidade e a limitação do conhecimento, algo
meramente erudito, fundado na prova do sábio, ou do saber ( o saber é
a prova do conhecimento, mas quem não é réprobo entre os homens,
quando seu interesse está em jogo?).
O conhecimento de fato é um longo acervo de paradoxos e pouco mais.
Somente o paradoxo pode inventariar a realidade ou irrealidade do
conhecimento que, embora válido no sistema ou circuito hermético da
erudição, não tem existência, não atinge ou é partícipe da existência,
não está na corrente da existência, é apenas um dado real ou das
coisas espaçadas.
O agir do homem na existência ou sub-existência é semelhantes, e não
apenas similar, ao agir da bactéria na mesma existência, uma vez que
ambos, homem e bateria, coexistem, estão no mundo ou fora de si, no
sentido paradoxal de que estar no mundo é estar ao desabrigo de si,
fora (ex) do que o homem denomina interior, mente, intelecto, corpo,
etc. e que a bactéria, pelo que consta ou nem consta, não denomina
nada, excepto se seu modo de denominar seja diverso do modo do homem,
numa língua ou linguagem em que fale mais o corpo do que noção ou
vocábulos abstratos.
O ato da bactéria somente parece diferir do ato do ser humano ( a
bactéria é, outrossim, uma ser humano, do mesmo barro do homem, mesmos
átomos e moléculas similares) porque o ato da bactéria é uno,
unificado ato e pensamento, enquanto no homem é premeditado, tem o
impulso inicial no pensamento, é um lance de espírito e outro de alma
: uma duplicada. No mais guarda semelhança, na proporção de cada ente.
Para exemplificar e “exemplar” : se alguém divorcia do cônjuge
marital ou uxório, o outro consorte fica em desamparo momentâneo,
susceptível, ou ambos, o ficam, e os estranhos, os seres “exógenos”
vêem a oportunidade e penetram na relação, destruindo ou
desequilibrando ainda mais os ex-companheiros, bem como ocasionado
mais problemas e traumas para a prole, então já meio perdida, agindo
da mesma com que age rapidamente a bactéria “Clostridium difficile”.
O ato do homem só difere do ato da bactéria e outros animais, nossos
semelhantes, porque, além de estar fundado na existência, nela
ancorado, também está estribado no pensando, que é um alazão tipo o do
herói do imaginário, Hércules ( Heracles), ou seja, é ato além de
realizado pelo corpo humano, também é “ato” imaginado e maquinado,
composto pela tênue “matéria” ou “energia” da inexistência, ou seja,
de algo que está apenas no ser que produz os mitos na literatura,
através dos poetas, que nos fazem poetas também ao produzir textos
para lermos e, destarte, exercitar o poeta que canta dentro de nós, no
canto esquerdo ou direito do hemisfério cerebral, nos lobos,
protegidos por osso contra cães maiores ou menores a rutilar na
abóbada celeste. Eis a grande e única diferença que o homem e o animal
apresentam.
A atitude do médico ( ou qualquer outro profissional na sua respectiva
área de atuação) ao fazer seu prognóstico é um ato fundado no
pensamento mágico, na experiência, no empirismo, doutrina que faz da
prova ( algo tão complexo e um autêntico paradoxo, pois no que se
prova passa antes pela comunicação e não temos acesso senão a esse
comunicado que, por certo, e quase sempre, é, no mínimo, uma colocação
arbitrária e unilateral do ser que fez a prova; a prova em geral não
vem do probo, homem difícil de achar, “avis rara”, porém do réprobo, o
iníquo escravo das doutrinas e dos valores subjacentes, subjetivas,
“subjetivadas”, que escravizam seu pensamento, que não é de um homem
livre, desinteressado, despojado, mas o mero “despojo” ou “espólio”
oriundo de uma alma morta, um espírito ou pensamento plantado sobre um
vegetal morto há tempos e ressequido pelo sol cáustico do deserto, que
“planta” uma prova de interesse, de uma parte interessada na prova,
que comanda o ato probante e o provador venal, inflado à categoria de
pseudo-sábio, enfim, a prova produz ou perfaz inevitavelmente e por
sua natureza social, um ciclo de iniqüidade, o qual retrata a
sociedade no daguerrótipo e no fonógrafo ) pois, devido á complexidade
do tema abordado, a infinidade quase matemático de um infinito
matemático sobre a etiologia da doença, é ta vasta que a possibilidade
de acertar com o diagnóstico é um ato pernóstico, presunçoso.
Na realidade estamos, sem o saber, e muito menos conhecer, numa guerra
entre germes e outras criaturas invisíveis, hospedeiros e comensais,
que podem nos ferir de morte da noite para o dia. Estamos no meio de
uma guerra furiosa, furibunda, uma batalha das Fúrias contra o Fados e
As Gorgonas que vão acabar por nos matar, mercê de uma “bala” perdida
( e tanta são essa malsãs balas perdidas! cotidianas) que nem
percebemos que todo dia podemos estar mortos em segundos, fora outros
acidentes e incidentes.
Em meio a essa selva que vem desde dos tempos das cavernas precisamos
um Jesus “ressuscitado” ( sem as aspas! : há boçais para crer ) ,
salvos do vermes da morte, um Cristo que esteja nos remédios das
farmácias, portanto para ser ingerido e salvar-nos a morte iminente em
cada instante; estamos, enfim, inseguros e nos agarrando á última
tábua de salvação, desde os temos primevos, quando o homem não tinha
qualquer remédio, senão corpo, que era seu médico, seu sábio,
feiticeiro, xamã, seu Cristo, enfim, o salvador eterno e primitivo,
embutido e escondido nos genes que gemem de medo a cada estação.
Recorrente é o mito do conhecimento.
No que tange aos gregos, que inventaram a filosofia ( a única
filosofia é a grega; não existe outra filosofia, mas outras formas de
pensar, similares ao pré-socráticos, que, em Parmênides, e outros, já
são filósofos, mas estão, em Empédocles de Agrigento e Heráclito de
Éfeso, mais como pensadores ; minha família vem de lá, da Grécia, da
Hélade; para constar isso basta ler a onomástica em alemão ( os
topônimos são rastos por onde pisou um povo, representado por um ou
mais indivíduos da nação, etnia ou língua, ao seguir a onomástica do
lugar, como no caso específico da Groelândia, terra cuja onomástica
aponta quem esteve naquelas plagas ao nomear o lugar, deixando à
mostra sua língua nos radicais que compõem a palavra, um idioma
exótico, de um povo que veio de longe, a explorar, dentre outros
inúmeros exemplos.
Outro paradigma : o patronímico Griebel, ou Gribel, que pode ser uma
corruptela ou uma variação do nome original ( ou de algum dos
originais do sobrenome ) , designa, na língua alemã, a família ou um
indivíduo do sexo masculino, possivelmente, que vieram da Grécia, ou
Hálade, ou em alemão : Griechenland, os griechisch, na qual a raiz
grie e land são óbvias; no latim é græcus. Todavia, os "gregos" se
chamavam de helenos, os filhos da Hélade, em Ésquilo, o gênio
trágico.Hellas, Hellada, no latim; no grego: Hellás. Aliás, gregos e
italianos se mesclam no complexo das relações étnicas-culturais.
O etnônimo latino Græcia vem do grego graikós, com os quais se
seguemos respectivos epítetos no gentílico. Eruditismo calcado no
latim, a língua erudita por excelência; aliás, a palavra "erudito" vem
do latim.
Mas isso só tem valor de descoberta erudita; não outra qualquer, nem
qualquer ilação varada na vanidade.
Claro que toda essa arenga ou arrazoada arranjado num passa de
conhecimento, ou seja, algo falho, pontuado de senões ; a família ou
um homem que veio da Grécia ou Hélade para a Alemanha, teria chegado
antes em qual país? E aqueles que vieram da Grécia vieram de que
lugar, antes de vir para a Hélade? Todos esses quesitos são
pertinentes, demonstram o paradoxo do conhecimento, que é sempre
arbitrário, por mais livre que seja, e que e não pode ser de outro
feitio, pois do contrário não teríamos sequer a representação do
conhecimento, uma vez que o conhecimento mesmo, de fato e de direito,
não tem fim e não acabaria jamais de ser aplicado ou exposto. Ele, o
conhecimento, esbarra com a limitada da física, química, temporal.,
espacial do homem; logo, é impossível um espaço ou tempo “humano”
aonde possa ser inserido o conhecimento, mas apenas sua representação
sintética é possível.
Toda tese só passa a ser necessária se levantar-se contra ela uma
antítese ; sem antítese não há tese, nem tampouco síntese : este outro
paradoxo do conhecimento. Se um homem entendesse o outro, na sua tese,
aceitasse-a passivamente e pacificamente não haveria construção da
representação do conhecimento, mas dogma, que é a presunção
fossilizada de verdade que a Igreja, o governo, o estado, enfim, as
instituições e o direito, enquanto entidade que dá força de lei ao
dogma. O conhecimento é o desentendimento, a dúvida, a descrença no
outro, o cepticismo, a fé em si.
A validade e validação da tese está em sua antítese, que a reconhece
enquanto perturbação ou turbação crítica, agressão.
O paradoxo é o conhecimento; pois no paradoxo é o conhecimento de que
não é possível conhecer, mas apenas representar o conhecimento como um
ator ou agente social, de uma forma poética, filosófica, política,
dramática, enfim, com os ritos e mitos disponíveis na literatura e no
teatro. Aliás, o teatro aqui, bem como a literatura, tem sentido
amplo, não envolve somente o teatro convencional, mas também o rito
dramático da Igreja, do Estado com seu Direito, da ciência, etc., bem
como as respectivas literaturas filosóficas,médicas, científicas,
enfim, mitológicas. O teatro, em lato senso, é o rito e o mito
generalizado nas instituições que objetivam alienar o homem pela
repetição incansável de ritos e mitos na suas mais variegadas e
diversificadas formas , não obstante serem o mesmo mito e o mesmo
rito, cuja forma é a mesma e a modificação e apenas uma improvisação
necessária para atender ao cliente e ao que vendedor de ilusões.
O povo não precisa de verdade ou conhecimento, mas sim de comida,
alimento, vestuário, saúde, educação,diversão, entretenimento : pão e
circo romanos. Nem imagina para que serve os paradoxos e nem tampouco
que eles, os paradoxos, é que constituem o único conhecimento que
podemos apreender enquanto seres finitos e temporais, sendo o
conhecimento vasto demais para caber numa vida finita e eivada de
percalços.
Os paradoxos lógicos na matemática tendem a ser mais abundantes visto
que a matemática é uma ciência instrumental para ação; seno arte
ciência ( filosofia) e parte técnica, a matemática tende mais a agir
ou é utilizada como agente no lugar e como vestuário de agir do homem
do que língua ou linguagem. É uma linguagem que age, ou seja, a
matemática é o ser humano agindo por linguagem ou por meio da
linguagem acurada da matemática.
As matemáticas sofrem desse paradoxo essencial.Tem função bijetora : é
um sujeito agindo sem ser sujeito humano, ou seja, sem ser sujeito de
fato, sem ter sujeito ou ser subjetivo no ato precedente ao fato ( ato
precede fato : história do ato é o fato, o feito, o realizado, etc.)
mas, paradoxalmente, um sujeito no que se nomeia como tal um ente que
age, um sujeito e não um objeto, sendo que a matemática é um objeto do
homem e para o homem e pelo homem., mas pode agir enquanto sujeito
abstrato, mesmo tirando o homem do mundo, numa ação sem corpo humano,
porém como corpo teórico ( “corpus Aristotelicum”).
Construída tecnicamente e racionalmente para ser uma ciência de ação,
as matemáticas podem agir por meio de um rito abstrato, sem qualquer
impulso humano, vez que elas traze em seu bojo o rito e o mito, a
máquina de agir, posta em abstrato, e de pensar, no mito, pois todo
pensamento é um mito fundado necessariamente num paradoxo que o
constrói e o destrói simultaneamente.
Nada no pensamento abordamos sem o paradoxo, pois o paradoxo está na
origem e na essência do conhecimento ou da dicotomia entre
conhecimento e existência, ser posto pelo homem no discurso, nas
linguagens e fora da linguagem enquanto outro ato humano que não é
linguagem e linguagem ou semiótica quando o homem silencia o discurso
e as supostas linguagens no ato de agir sem pensamento, no ato zen, do
budista, ou na ioga do guru que, não obstante, mesmo mediante todo
esforço, carrega a linguagem corporal nos signos anatômicos e
fisiológicos.
No maniqueísmo o mal sempre é o outro, sendo o outro sempre também o
mesmo outro no outro; ambos são o outro considerado o ponto
referencial do sujeito; um sujeito submete o outro sujeito a objeto,
rebaixo-o a tal, mas o processo é inverso quando o referencial parte
do ser que antes será objeto posto pelo ser do outro, porem, quando
posto pelo ser em outro ponto referencial o sujeito e o objeto mudam
de posição e o ser também; no entanto, a coisa permanece, pois por ela
não passa o ser, mas somente a percepção que produz a parte do ser
denominada sensibilidade ou percepção. Este é outro de infinitos
paradoxos que,paradoxalmente, não são infinitos, porquanto infinito é
mais um paradoxo adicionado ao monte, do qual fazemos um paradoxo
sorites.
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