segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ETNOLOGIA - dicionário



As palavras não acompanham o movimento rítmico da química, pois enquanto a medicina pensa, fala e escreve pelo médico, a química já passou para outra fase, aonde ainda não foi o pensamento, preso ao seu envoltório contextual, malgrado dos esforços despendidos pela etnologia, que nos ensina o contexto comparativo, a fim de que possamos, com tal paradigma, ler o nosso universo contextual, microscópico. Mas não lemos, não aprendemos o alfabeto para tal leitura penetrante.
As palavras, outrossim, não alcançam a  complexidade, o espaço geométrico complexo que está na mutação  do corpo, mormente porque tal complexidade do organismo ocorre não do organismo estar sendo estudado em absoluto, ou na "absolutismo" que a abstração, que é um instrumento auxiliar e essencial ao estudo, deixa entrever no "escapismo" da relação; e não uma mera e isolada relação, mas todos os laços com o cosmos, com o tempo ou ritmo que o universo emprega nesta relação e todo o espaço que abre o infinito matemático ante os olhos que não podem ver a finitude, nem tampouco o cérebro por seus instrumentos mentais, dentro os quais estão os símbolos, signos, sinais e as linguagens das ciência, no caso aprestada para atender os desígnios que o homem persegue enquanto matemático, uma de suas alienações que, do pensamento exterior ao mundo, quando se separa pensamento do homem e natureza, vai ao universo através do mistério ou festa ritual 
( "Festum Asinorum" ou " A Festa do Burro", que é um antigo mistério medievo ), mistério este que traz o pensamento universo posto ou lançado fora do pensamento humano, no matemático, que é  apenas um mistério ou um rito com um personagem que representa o homem, sob a  fantasia ou alegoria do matemático, que somente existe enquanto há o homem a embasar sua personagem de mistério festivo ou religioso. O Carnaval é um desses mistérios festivos.
A complexidade no qual o espaço está escrito e tecido o olho não alcança, porquanto o olho vem depois desse tecido, da tecitura espacial, pai material do olho, um órgão  do sentidos, padre espiritual do olhar, um objeto de pensamento, uma abstração ;assim o microscópio também não pode desvendá-lo, ou desvelá-lo, pois o espaço é anterior a tal invento humano,  o espaço não-geométrico, mas sim  natural, é o pai do órgão visual , o  qual tem a mãe como matéria e a energia como o amor que move, modula e molda a matéria na química e na física, que estão antes das palavras, as quais não as alcançam, mesmo porque a complexidade do espaço cósmico só aumenta e o ritmo do tempo na química também. É o paradoxo de Zeno envolvendo a tartaruga e Aquiles e a fábula "a lebre e a tartaruga", atribuída a Esopo.( Esopo e a mônada na fábula).
 Sem embargo, as linguagens, como as matemáticas, chegam mais próximas da complexidade do espaço, mercê de sua própria complexidade, que traz em si grande parte do aparato mental constituído de símbolos e signos. O mesmo vem ocorrer com a apreensão e compreensão do ritmo  natural ou tempo. 
A química, enquanto ciência, tem a "velocidade " da linguagem, que não acompanham a química enquanto conjunto de fatos naturais, dada "ad infinitum" do olho e dos instrumentos humanos, bem como de sua linguagem; por isso, não demarca tempo ou ritmo para ficar par a par com a natureza, quando posta em química, pelo arbítrio humano. Em verdade,  a ciência, na economia da Antiga Grécia, era una e, concomitantemente, combinava ou correspondia à unidade do ser erigido por Parmênides, ou seja, a única ciência para a natureza era a física ("phisys"). Não havia sua antípoda "metafísica", na qual nem Aristóteles pensara. A expressão "metafísica'" é de um compilador da obra do filósofo da Academia, cujo fito era separar a parte da filosofia de Aristóteles que não fosse sobre o pensamento u filosófica : a parte que não tratava da ciência ou física ou "Phisys" ou matéria, natureza, ou o que os  gregos, no pensamento de Aristóteles, pensava sobre o significado do "logos" "phisys", que é intraduzível, exceto para embusteiros.
Cabe a distinção entre ciência, no sentido estrito de conhecimento, ou busca do conhecimento erudito, da ciência enquanto instituição. Esta última não é ciência propriamente dita, porque contém o aspecto que macula a ciência : a fé,; no caso, a fé na prova. Aliás, toda política ( a religião e o direito são políticas, além de linguagens e instituições), tem mister do mistério de uma fé. 
A ciência, enquanto produção de conhecimento, não tem contexto exterior, porquanto é individual, intimista mesmo!,  não é coletiva, para o rebanho,  como o é a ciência-instituição ou a instituição da ciência, sempre sob os cânones do direito, junto às linguagens que concorrem para formar o direito,  que lhes dá um contexto ; a saber : um credo político, ideológico, prático, valores, interesses espúrios, preconceitos do momento, modas no pensamento, ídolos da ciência, etc. 
A ciência institucionalizada, oficial, não apregoa o conhecimento vivo, do momento, que nasce na mente do homem, enquanto ser individual, hoje, agora, neste instante em que insta a vida, livre de contexto (pressão ) político ; não está num contexto exterior ao indivíduo, mas apenas no contexto interior, que o ser humano amealhou no curso de sua travessia afinada com a vida e suas experiências pessoais, únicas, intransferíveis.
A ciência de fato, não a de direito, a institucionalizada, amarrada nos grilhões das leis em milhões nas diversas economias a que estamos submetidos ( a economia da salvação, por exemplo, a economia do direito, a economia da ciência, da mídia, da política, da  filosofia, etc.); a ciência de fato nasce e é produzida por um indivíduo isolado ou em companhia de outro semelhante, com o mesmo propósito, pensamento e objeto de estudo.Tal como a   filosofia, a ciência assim constituída no espírito solitário do ser humano, não crê na prova, conquanto procure a prova contextualizada nos cânones que contextualizam a ciência e que tem o poder político e  de mídia de destruir ou desmoralizar o pensamento de um sábio, se ele fugir minimamente aos cânones exigidos com todo o rigor, se o sábio não provar contextualmente as suas assertivas em conformidade com a crença probatória dos senhores no poder da cátedra, outro poder político. Esses jões-intrujões ou entre-Jões.
Na realidade, a prova é um artigo de fé, porquanto está inserta num determinado contexto. Na maioria das provas, promovidas com instrumentação tecnológicas, as novas pantomimas dos velhos sacerdotes e mágicos no poder de polícia ( poder político), na maioria das vezes o que prova é aquilo que todos os envolvidos no processo probatório desejam com ardor que seja provado definitivamente, "ab aeterno". São provas contextuais, de pouca monta, que não resistem ao tecido roto do tempo. Aliás, não há prova, por mais substanciosa, que resista ao tempo e não se rasgue em outro contexto. Entrementes, os aforismos dos filósofos e os versos dos poetas são eternos ou são o próprio tempo passado e presente no indivíduo que foi-se com a morte ( fugiu com a morte?), mas ficou vivo e no tempo presente na alma ou espírito de outro indivíduo, que o leu e compreendeu, cantou com ele a melodia da vida, só assim eterna.
Há os insurretos, os dissidentes,  que a nada se submetem,  com todos os dentes que ainda tenham, rilham ; estes entes são, então, denominados , rotulados de filósofos ( algo vago ), quando seu pensamento é tolerado ou o contexto que o pensamento do sábio cavou em membros influentes do conhecimento, não permitam descartar o sábio rebelde. Então os classificam como filósofo ou pensador, se não algo inofensivo : escritor. Olvidam ou não sabem ( não são lidos e cultos) que escritores como Dostoiévski e Kafka, dentre outros, foram os verdadeiros sábios que construíram grande parte da ciência em seus livros despretensiosos.
Os filósofos, homens livres e emancipados no conhecimento, eruditos que são, experientes em vida, lidos, cultos, incréus de tudo, são tão livres que não têm convicção nem de sua filosofia, discrepam de todos e de tudo, inclusive de si, e, assim, sendo livres até de si pois sabem que o pensamento passa pelo filtro de um contexto interno e outro externo, que o pode apagar no futuro, se não no momento em que criam. Há esses pensamentos natimortos.
Os filósofos, com sua descrença, tornam a ciência saudável, viva, livre, emancipada da política, etc. Eles são as colunas que sustem o conhecimento e a coragem de produzir e promover o conhecimento e a sabedoria.


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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

TRÂNSFUGA - verbete


Escrever é ir de encontro à solidão
conquanto seja também fugir à solitude
( secular, regular e milenar )
ao intentar fuga impossível,
quiçá fugaz,
no estado material do gás,
assaz sem paz de ananás,
ou de animal rapaz,
da igreja o primaz
com denodo no sínodo.
Trânsfuga.
( Cidadão honorável do País das Maravilhas
com ervilhas ( "pisum sativum")
bilhas pilhas ilhas milhas da costa leste em amor este-nordeste amarelo de pintainho recém-saído do ovo bicado
quebrada a casca com aspas de aspargos por noz guardiã de amêndoa no caju, castanha...).

Andar é ir de encontro a pás
sem paz nos moinhos de vento,

( Oh! minha poesia andarilha!),
ouvindo pássaros a pipilar,
grasnar, gorjear,
mas não granjear
adeptos rectos...
em grasnido de gralha,
galha no esgalho
em toca ou nicho
onde o vento dá a volta,
faz volutas nas conchas e caracóis,
para achar em achaques
arroios de arroz ao sol e lua
eivado de achas boiando à flor d'água límpida,
com serpentes enroscadas no invisível anelado
onde o paul se espraia
preguiçoso e indolente,
lânguido tremedal,
moenda de praia
para arraia e alfaia
enquanto a deusa Aglaia
uma das três Cárites
dança no ritmo das três Graças
à oitiva em fuga da melodia de Antônio Canova.

Escrever ou ler,
é o mesmo ato,
o qual discrepa
somente no fato,
vincando um dueto
no que é unidade do ser,
sendo o ato de ler,
nada além de apalpar com os olhos,
e o escrever
gravar ou grafar o ato com a mão
ao ir ao encontro à solidão
e rir na amplidão do ermo
às gargalhadas em canta-vento,
na ermida do ermitão do monte
buscando fuga no papiro,
no papel  ou no pergaminho em rolos,
- na prensa de Gutemberg...
ou no museu do ermitão
( museu do eremita )
em contraponto polifônico
a tecer e tossir a possibilidade de fuga
pelo caminho ou rota da seda
aberta ao trânsfuga
pelo bicho-da-seda
e pela chinesa sem pelo
em cetim de chim
vestida e vertida
- numa trama hermética
com cetim roxo
ao olho de mandarim.

Andar é arrostar
arroios de arrozais
a plantar
suplantar
surrealizar
semear
selar (selá?!)
achar rota para a vespa,
marimbondo e  vespeiro
na hora vésper
em que Vênus planeja e plana no plano de um planeta
planador solitário no ar cálido
desnudo ao olho nu
no período vespertino
rumo ao país onde o gato é a lua
com uma vastidão no sorriso
do tamanho de lua falciforme
enovelada no céu feito gato
em modo de repouso
sobre os coxins de cetim
artefato de chim
em mandarim chinfrim
no país sempre das maravilhas
onde ande a fábula louca em lebre
( ao invés de louca de pedra:
louca de lebre! ),
a sátira em pé descalça
feito monja carmelita descalça
pé-ante-pé sobre a demência ideológica pueril do chapeleiro;
a rainha, vermelha do sangue das guerras das rosas,
brancas e escarlates nas roseiras espinhosas,
tudo no espelho do olhar
de uma menina meiga e eterna
que molha os olhos no arroio do não-ser senão sonho
na  mente de uma criança inocente e pura
de dois a 96 anos de existência
à sombra do idílio e das utopias pias
que a alienaram do mundo real
não-fabulista
insurreto ao surreal
dali, daqui e de acolá
que medra(!...) no chá
inglês e chinês
da vida em sociedade fabular
a satirizar a saciedade
da lagarta que fuma
e assim assume os ares de fumaça
dos homens sempre em comédia grotesca...

Todavia, Alice vê o país das maravilhas
( todos os países são países das maravilhas
dentro dos olhos límpidos de Alice! )
mergulhados em fábulas
que são águas onde o peixe-homem
(  ou homem-peixe-espada )
nada ao levante de sua nadidade
respirando através das guelras
ou brânquias
que os fabulistas fabricam
ao  bafejar da sorte
ou sortilégio sortido e sorvido
em sorvete a sorver.
Não sorvo sorgo.

( Ah!  Alice! Dulcíssima menina!
 Alice dos álamos das alas das aléias... :
Alice, ouça : todos os países se jactam maravilhosos :
entrópicos, eutrópicos, utópicos, idílicos...)

Alice não sabia
que a única maravilha
era ela que comunicava ao país
sopesado por seus olhos
- em dois arroios de rocio
da madrugada à sombra das umbelíferas
e das umbelas à mão de minha avó Maria.

A solidão de Alice
não passa ao largo
do que está na razão de três terços :
em um terço o mundo onírico refletido na vida ;
em outro terço no universo das coisas ou realidade ;
e, por fim, no terceiro terço da razão matemática
no universo paralelo da geometria euclidiana
que procede à intersecção da realidade e do realizado,
metade em Alice, que é um microcosmo,
e metade no macrocosmo,
aonde está a essência
o centauro, o fauno...
a ninfa e o deus Pã
ou Zagreu, avatar de Dioniso,
um deus com chifres
que pode evocar o bode
na religião órfica,
nos Mistérios de Elêusis,
ritos esotéricos,  apenas para iniciados,
e na tragédia grega,
que canta o bode devorado pelo titãs
no coro  dionisíaco,
rito exotérico, para o vulgo.
( de Dioniso a Eros, Pã e os sátiros,
o salto d animal ao homem
deixa entrever o medo abissal 
cortado na garganta da Cânion,
pois do coração pulsante de Zagreu
nasce Dionisío
- reencarnação do deus do vinho :
eis o fundo dos mistérios de Elêusis
e  o tema da tragedia
que versa sobre a vida e morte de Dionísio,
ou Dioniso, o deus ressuscitado
na reencarnação sempiterna do vinho
- corpo de uva e de Cristo na videira ).

Solidão e solitude
vão a pé na oitiva das palmas batidas para o vento
em dança e música com os buritis
por veredas que apertam o passo do sapato
ao encontro do espelho d'água
com a lagoa entre os coqueiros
sob chuva de marimbondos tecidos em xadrez
na feitura do corpo oblongo, longo e delgado
pela geometria da luz
- e das sombras projetadas por umbelas
pintadas por Caravaggio
ou pelo chinês em símbolo
no jogo riscado em xadrez
mensurado pela constante obtida em diâmetro
pelo "pi" radial
que dita o mal e o bem
e dista o mal do bem
para além e aquém do bem e do mal
animal ou humano.
( Em verdade, esses mistérios se referem aos seres humanos,
os únicos seres trágicos,
os filósofos com "pathos" trágico
simbolizados na linguagem da poesia :
os rituais quotidianos, comezinhos,
dos Dionísios e Alices familiares
os quais somos em essência e existência
conquanto sem ciência ou  sapiência
desta realidade mesclada com  realização
banhada por mar eclético ).

Alice no País das Maravilhas
é a constatação absoluta
da profunda solidão do ser humano
frente um mundo sem respostas
com os seres humanos
alienados em pessoas do discurso
- máscara ( "persona") e voz do teatro
soldado no "front"
amantes ou amigos sem intimidade
que não se tocam jamais
nem quando dançam
um desesperado e apaixonado flamengo
ou um tango, um samba, um bolero
de Ravel...em tempo ou ritmo "moderato assai",
com compassos em"ostinato"...

Solidão insondável
que das cavernas do sono
mergulhado no torpor, na modorra,
só vê sonho onde há realidade
- brutal e grotesca e amarga realidade
no tempo de fora do paço do espírito
- um tempo amargo de margaridas
com doudas borboletas
- doudas e "douradas" falenas
que douro no Rio Douro
em Sória,
nos campos de Sória,
( Oh! Campos de Sória
que com o poeta vai! ) ;
Campos de Castilha
no canto do poeta Antônio Machado
( Canto que é o sol sobre os campos! ).

 
Alice, enfim, sou eu invertido no espelho,
escrito ou desenhado geometricamente no espectro ;
sozinho entre coisas
errante necromante
solitário entre seres
- náufrago!

 
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