As palavras não acompanham o movimento rítmico da química, pois enquanto a medicina pensa, fala e escreve pelo médico, a química já passou para outra fase, aonde ainda não foi o pensamento, preso ao seu envoltório contextual, malgrado dos esforços despendidos pela etnologia, que nos ensina o contexto comparativo, a fim de que possamos, com tal paradigma, ler o nosso universo contextual, microscópico. Mas não lemos, não aprendemos o alfabeto para tal leitura penetrante.
As palavras, outrossim, não alcançam a complexidade, o espaço geométrico complexo que está na mutação do corpo, mormente porque tal complexidade do organismo ocorre não do organismo estar sendo estudado em absoluto, ou na "absolutismo" que a abstração, que é um instrumento auxiliar e essencial ao estudo, deixa entrever no "escapismo" da relação; e não uma mera e isolada relação, mas todos os laços com o cosmos, com o tempo ou ritmo que o universo emprega nesta relação e todo o espaço que abre o infinito matemático ante os olhos que não podem ver a finitude, nem tampouco o cérebro por seus instrumentos mentais, dentro os quais estão os símbolos, signos, sinais e as linguagens das ciência, no caso aprestada para atender os desígnios que o homem persegue enquanto matemático, uma de suas alienações que, do pensamento exterior ao mundo, quando se separa pensamento do homem e natureza, vai ao universo através do mistério ou festa ritual
( "Festum Asinorum" ou " A Festa do Burro", que é um antigo mistério medievo ), mistério este que traz o pensamento universo posto ou lançado fora do pensamento humano, no matemático, que é apenas um mistério ou um rito com um personagem que representa o homem, sob a fantasia ou alegoria do matemático, que somente existe enquanto há o homem a embasar sua personagem de mistério festivo ou religioso. O Carnaval é um desses mistérios festivos.
A complexidade no qual o espaço está escrito e tecido o olho não alcança, porquanto o olho vem depois desse tecido, da tecitura espacial, pai material do olho, um órgão do sentidos, padre espiritual do olhar, um objeto de pensamento, uma abstração ;assim o microscópio também não pode desvendá-lo, ou desvelá-lo, pois o espaço é anterior a tal invento humano, o espaço não-geométrico, mas sim natural, é o pai do órgão visual , o qual tem a mãe como matéria e a energia como o amor que move, modula e molda a matéria na química e na física, que estão antes das palavras, as quais não as alcançam, mesmo porque a complexidade do espaço cósmico só aumenta e o ritmo do tempo na química também. É o paradoxo de Zeno envolvendo a tartaruga e Aquiles e a fábula "a lebre e a tartaruga", atribuída a Esopo.( Esopo e a mônada na fábula).
Sem embargo, as linguagens, como as matemáticas, chegam mais próximas da complexidade do espaço, mercê de sua própria complexidade, que traz em si grande parte do aparato mental constituído de símbolos e signos. O mesmo vem ocorrer com a apreensão e compreensão do ritmo natural ou tempo.
A química, enquanto ciência, tem a "velocidade " da linguagem, que não acompanham a química enquanto conjunto de fatos naturais, dada "ad infinitum" do olho e dos instrumentos humanos, bem como de sua linguagem; por isso, não demarca tempo ou ritmo para ficar par a par com a natureza, quando posta em química, pelo arbítrio humano. Em verdade, a ciência, na economia da Antiga Grécia, era una e, concomitantemente, combinava ou correspondia à unidade do ser erigido por Parmênides, ou seja, a única ciência para a natureza era a física ("phisys"). Não havia sua antípoda "metafísica", na qual nem Aristóteles pensara. A expressão "metafísica'" é de um compilador da obra do filósofo da Academia, cujo fito era separar a parte da filosofia de Aristóteles que não fosse sobre o pensamento u filosófica : a parte que não tratava da ciência ou física ou "Phisys" ou matéria, natureza, ou o que os gregos, no pensamento de Aristóteles, pensava sobre o significado do "logos" "phisys", que é intraduzível, exceto para embusteiros.
Cabe a distinção entre ciência, no sentido estrito de conhecimento, ou busca do conhecimento erudito, da ciência enquanto instituição. Esta última não é ciência propriamente dita, porque contém o aspecto que macula a ciência : a fé,; no caso, a fé na prova. Aliás, toda política ( a religião e o direito são políticas, além de linguagens e instituições), tem mister do mistério de uma fé.
A ciência, enquanto produção de conhecimento, não tem contexto exterior, porquanto é individual, intimista mesmo!, não é coletiva, para o rebanho, como o é a ciência-instituição ou a instituição da ciência, sempre sob os cânones do direito, junto às linguagens que concorrem para formar o direito, que lhes dá um contexto ; a saber : um credo político, ideológico, prático, valores, interesses espúrios, preconceitos do momento, modas no pensamento, ídolos da ciência, etc.
A ciência institucionalizada, oficial, não apregoa o conhecimento vivo, do momento, que nasce na mente do homem, enquanto ser individual, hoje, agora, neste instante em que insta a vida, livre de contexto (pressão ) político ; não está num contexto exterior ao indivíduo, mas apenas no contexto interior, que o ser humano amealhou no curso de sua travessia afinada com a vida e suas experiências pessoais, únicas, intransferíveis.
A ciência de fato, não a de direito, a institucionalizada, amarrada nos grilhões das leis em milhões nas diversas economias a que estamos submetidos ( a economia da salvação, por exemplo, a economia do direito, a economia da ciência, da mídia, da política, da filosofia, etc.); a ciência de fato nasce e é produzida por um indivíduo isolado ou em companhia de outro semelhante, com o mesmo propósito, pensamento e objeto de estudo.Tal como a filosofia, a ciência assim constituída no espírito solitário do ser humano, não crê na prova, conquanto procure a prova contextualizada nos cânones que contextualizam a ciência e que tem o poder político e de mídia de destruir ou desmoralizar o pensamento de um sábio, se ele fugir minimamente aos cânones exigidos com todo o rigor, se o sábio não provar contextualmente as suas assertivas em conformidade com a crença probatória dos senhores no poder da cátedra, outro poder político. Esses jões-intrujões ou entre-Jões.
Na realidade, a prova é um artigo de fé, porquanto está inserta num determinado contexto. Na maioria das provas, promovidas com instrumentação tecnológicas, as novas pantomimas dos velhos sacerdotes e mágicos no poder de polícia ( poder político), na maioria das vezes o que prova é aquilo que todos os envolvidos no processo probatório desejam com ardor que seja provado definitivamente, "ab aeterno". São provas contextuais, de pouca monta, que não resistem ao tecido roto do tempo. Aliás, não há prova, por mais substanciosa, que resista ao tempo e não se rasgue em outro contexto. Entrementes, os aforismos dos filósofos e os versos dos poetas são eternos ou são o próprio tempo passado e presente no indivíduo que foi-se com a morte ( fugiu com a morte?), mas ficou vivo e no tempo presente na alma ou espírito de outro indivíduo, que o leu e compreendeu, cantou com ele a melodia da vida, só assim eterna.
Há os insurretos, os dissidentes, que a nada se submetem, com todos os dentes que ainda tenham, rilham ; estes entes são, então, denominados , rotulados de filósofos ( algo vago ), quando seu pensamento é tolerado ou o contexto que o pensamento do sábio cavou em membros influentes do conhecimento, não permitam descartar o sábio rebelde. Então os classificam como filósofo ou pensador, se não algo inofensivo : escritor. Olvidam ou não sabem ( não são lidos e cultos) que escritores como Dostoiévski e Kafka, dentre outros, foram os verdadeiros sábios que construíram grande parte da ciência em seus livros despretensiosos.
Os filósofos, homens livres e emancipados no conhecimento, eruditos que são, experientes em vida, lidos, cultos, incréus de tudo, são tão livres que não têm convicção nem de sua filosofia, discrepam de todos e de tudo, inclusive de si, e, assim, sendo livres até de si pois sabem que o pensamento passa pelo filtro de um contexto interno e outro externo, que o pode apagar no futuro, se não no momento em que criam. Há esses pensamentos natimortos.
Os filósofos, com sua descrença, tornam a ciência saudável, viva, livre, emancipada da política, etc. Eles são as colunas que sustem o conhecimento e a coragem de produzir e promover o conhecimento e a sabedoria.
Os filósofos, com sua descrença, tornam a ciência saudável, viva, livre, emancipada da política, etc. Eles são as colunas que sustem o conhecimento e a coragem de produzir e promover o conhecimento e a sabedoria.
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