Em que pese
Esta a tese
De minha mãe
Sobre a morte
De minha avó.
Vovó acendia
Todo ano
Para cumprir promessa, acredito,
Ou por ser viúva velha, imagino,
Uma fogueira a São Pedro
Final do mês de junho
Quando o frio tiritava na gente.
Comparecia mãe, pai e suas crias,
Que éramos nós:
Irmãs, irmãos e eu
( eu sem mim não posso ser...
- dramático! Quando queimado por Torquemada
Na Fogueira da Inquisição,
Cujo escopo era punir e espoliar templários).
O filho de vovó,
Meu tio ( único tio que tenho,
Único filho homem dela
Que veio à luz)
Também vinha
Acompanhado da família :
esposa e dois filhos, à época,
depois nasceu um
terceiro,
Mas não sei se aquele caçula participou
Daquele fatídico São Pedro
Sem graça ou garças,
Com esgarçadas nuvens,
Foguetes de meu tio,
Que espocaram...,
Cerveja jorrando em torrente
goela abaixo de meu
progenitor;
pipocas, bombas, traques ...
- E truques na convivência política
A conservar pegada à face
A máscara salvadora da hipocrisia
Que encobria o monstro nosso de cada dia
E o de Frankenstein, que irrompeu
na obra de Mary Shelley,
Escritora inglesa em plenos foles
Para estória de terror,
esposa do poeta Shelley,
esteta de gênio,
Amigos ambos de Lord
Byron,
Notável literato europeu,
Embriagado pelo “mal
do século”
Que pode ser lido
Nas “Confissões “ de
Alfred de Musset,
Não menos ébrio de um amor romântico
De fazer trançar as pernas.
Recordo-me que depois de um tempo
Em que a alegria correu solta com as crianças
Meu pai e meu tio ou litigaram entre si
Ou foi com um estranho que se intrometeu na farra
Que se deu o litígio(litígio!),
Pois o quintal era protegido
tão-somente por uma
cerca de arame farpado.
Lembro , outrossim,
que minha avó
Muito se aborreceu com o entrevero,
Mas como era boa anfitriã,
Mesmo tendo sob tenda
Alguns dos piores caracteres humanos
Apenas tangeu todos os
convivas para fora
Com maneiras elegantes
De grande dama nobre
Que sabe tanger com
graça e desenvoltura o alaúde
Do traquejo social
Com esta cantiga de
roda ,
Que segue cega
Pela noite sem alma:
“Acabou a brincadeira, olê, olê, olá...
Acabou a brincadeira olê
seus cavaleiros!”
( Ou seria “cavalheiros” que, no caso, nem o eram,
Senão de Triste Figura,
Que nem seriam,
Pois não tinham ideal para tal:
Pai era um Sancho e tio outro tanto quanto).
Foi a última vez que vovó
Acendeu fogueira ( para
queimar os templários?),
Pois no ano seguinte ascendeu sua alma
De seu corpo morto
Ao horto das ermitoas.
Nenhuma assunção.
Minha avó era uma
senhora real,
De família real,
Não uma senhora
mítica,
Não uma Virgem com filho ao peito,
Ofertando o leite no seio virginal
A carregar missão impossível
De salvar as tristes figuras humanas
Sem nenhum dom bom,
Mas com muita pança de gula realizada
Na intemperança da balança.
Porém isso é tudo o que dói:
A realidade ou realeza
majestática da morte
Que atinge os que estão com a vida
Ancorada na planta do pé de alfafa,
Que toca um violino verde
E leva vida de
violinista verde,
Porém não a idear, sem ar para inspiração,
uma paz verde,
pois viver é, também, amadurecer antes de envelhecer
e não ficar se recusando a deixar de ser criança
ou se crê em eterna puberdade
tentando salvar baleias e cachalotes
ao invés de se engajar no mundo
como tentáculo de uma grande ordem,
livre de qualquer ordem ou desordem ,
de qualquer regime de governo
que lhe comande o manche
do comanche em seu
ser indígena,
postado e postulando, postulante,
contra toda sorte de ordem
de mendicância política
e inanição filosófica.
( Aqueles que se recusam crescer
Cometem augures algumas
sapitucas :
Vivem pela causa do gorila
( ou por causa do gorila?!),
Dos orangotangos, dos grandes felinos...
E , às vezes sem conta, matam-se
Ou morrem em vão por estas causas ignotas,
O que não vale a pena
Que caiu no vale
Ou de perder o vale
Onde caiu a pena do condor dos Andes,
Qu epor lá não anda,
Mas voa, plana, planador que é.
Outrossim, de nada valia ou valeu
Ser mártir cristão
Ou guerrilheiro morto
Pela causa horripilante do comunismo
De Marx, Lênin e o cruel Stálin,
Fidel, “Che” Guevara e outros
Que condenaram ao pelotão
de fuzilamento seus semelhantes
Somente porque tinham outras crenças
Outro ideário político-filosófico.
É o mesmo caso do inocente útil
Que é servo sem o
saber do Greenpeace,
Ou outra instituição congênere
Ou em outra linha de montagem da vida filosófica,
As quais de paz não
quer nada,
Nem o peixe da paz,
Porquanto são dirigidas por homens
Cuja corrupção já está
na gênese,
Afeta o embrião,
Pois homens morrem e apodrecem
E somente visam prêmios gordos para si
Em sua vida de escravos voluntários,
Uns de si mesmo, de seu ego ganancioso
E outros, os trouxas ingênuos, infantilizados pelo
pensamento
De outros ( os líderes,
que pesam sobre seus
cérebros leves
De Jovens idealistas , que, não obstante, são a
melhor cepa
Desta humanidade em
falência,
Na Serra dos Órgãos...
Como são enganados esses pobres jovens
De bom coração e boas intenções
Que, segundo os sabedores do inferno,
O inferno está cheio...
- Boas intenções!...).
Neste jogo de xadrez
Que a fogueira de minha avó
Pintalgou na luz e nas trevas,
Que dá e tira a vida do vegetal ao homem,
Neste xadrez
Em luz e sombra,
Que dá a vida e a morte,
Face ao tabuleiro aluvial,
Que se estende na planíce,
Pode-se analisar friamente o caráter de cada presente
Naquela noite que dorme na minha infância,
Mas ainda sonha com minha avó viva
Junto à minha mãe
Que acabou de perder a alma
Arrancada do corpo
Pela operação cada vez mais comum
Da iatrogenia, doença
da medicina,
Que são os médicos e substância aristotélica,
Em contato e colisão com laboratórios
Produtores de remédios
Não para o corpo,
Mas para o acúmulo frenético do Capital.
Depois de algum tempo
Que minha avó
faleceu,
Mãe me confessou no século
Que com aquela cantiga de roda infantil
Vovó prenunciava sua morte para breve,
Pois estava com câncer no reto
E eu, criança, de nada sabia,
Mesmo porque criança não crê na morte
Dos entes queridos.
Jesus não ressuscitou?!
Então!
Todavia, em que pese
O pesar da morte de vovó
E de mãe há um átimo,
Esta a tese de mãe...
- a tese de mãe que posso revelar,
Pois não desejo desvelar a face do mal
Por detrás da máscara de ferro
Dos condenados prisioneiros do século.
O mundo construído
pelos homens
Não passa de uma leva de prisioneiros :
Os criminosos poderosos mandando meter a ferros
Os ladrões escorraçados do poder
Ou alijados do mundo social e político
Desde nascituros:
Essa a parte do
direito,
Direito das obrigações e penais,
que resta aos nascituros pobres
e aos “Miseráveis” de
Victor Hugo, poeta francês
que não se olvidou do Corcunda de Notre-Dame de Paris
aos páramos andinos e
não-andinos de Paris-Brasília.
( Isso pode dar em quadrilha :
Marly amava mãe
Que amava vovó
Que me amava ( creio)
Que não amava ninguém(acho!)
Porque era criança
( eu era “um pinto no lixo”
De tão feliz.
Ciscando, comendo minhocas, insetos,
Estudando besouros e saúvas...
Hoje ouço “Besouros” ,
“Os Besouros” que cantam em inglês)
E criança é espontânea
E não sabe a sal de amar,
Mas mais que amar
Sabe e prova outros sais minerais
De aqüíferos não-letais.
Dando continuidade à dança da quadrilha,
Agora com sanfona...:
Marly se casou com homem de bom gosto
E fino trato, belo extrato.
Casou-se, mudou-se... “ e levou o cobertor”,
No dito sarcástico de mãe,
que tinha veia sardônica, zombeteira.
Mãe morreu há pouco,
Vovó já havia morrido há muito
E Sandra, que não tinha estrada na história
Pisou firme na senda
Ao mandar fazer uma tatuagem no braço,
Na qual exprime seu amor imenso,
Mar oceânico,
E eterno por mãe,
- mãe dela também.
Para cortar na carne
E inserir nesta a poesia do amor
Com o preço do sangue
Não colhido no mangue
E , por isso, cortei neste vil espaço virtual
Onde não há pacto com o sangue,
Nenhuma hemácia,
Nada de eritrócitos ou hemoglobina,
Nem arco-íris que lembre à íris dos olhos
( a menina dos olhos de Deus?!...)
Que houve um pacto divino
Entre Deus e Noé
Depois que a pomba voltou
Trazendo a paz no voo de volta
Em forma de talo de
capim verde
Trazido ao bico,
Transida carne sob penas
Que costurou o acordo
Entre o sol e a erva
- na clorofila que alimenta a vida
E dá alma vegetal ao vegetal
Que nos transfere esta alma
Que é o embasamento
Para se construir e desconstruir filosoficamente,
Sub-aristotelicamente ( todos os filósofos são sub-aristotélicos),
Outra alma no homem :
Uma alma aristotélica
Tirada do “Corpus aristotelicus”
Em latim difuso para obtuso
Da doutrina do único filósofo
Que houve sobre solo de pitanga-não,
Oliveira e figueira-sim).
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