segunda-feira, 14 de maio de 2012

AMPERAGEM - verbete dicionario verbete nomenclatura terminologia glossario lexicografia


Flores de Jasminum nitidum, Jasmim-estrela
A cultura é o conteúdo da linguagem, sua forma; ou seja, a cultura é uma linguagem que abarca,  em verdade,  todas as linguagens faladas,( cantadas : a linguagem em cantatas) , escritas ( para-partituras musicais, matemáticas, algébricas, técnicas e tecnológicas, quando faz o artefato ou discurso sobre o teor do mesmo em ciência), representadas teatralmente na cultura, nas vestes, gestos, caretas, geometrias, etc.  
A coleção de gestos, valores ( axiologia), vestimentas, costumes, falas, timbres, prosódias, são conteúdos ou objetos da cultura, seus artefatos manufaturados ou industrializados, enquanto o direito, a ciência ou o mito do direito, e, na realidade,  ambos, que é o que constitui essencialmente, existencialmente, a ciência,  tem sua forma concomitante na religião da cultura, que, em si, ou de si para si e para o outro, é uma mera ficção de interlúdio para piano e orquestra à moda de Tchaikovsky. A religião é uma ciência sobrevivente do passado, um pretérito em mutualismo com a ciência que atua na função de atriz social, instituicional,  vigente, consoante a cultura tenha se libertado parcialmente do vigor de sabedoria simbólica e real que a religião encarna.
A cultura é a grande ficção do homem, que a antepõe e sobrepõe, sobrelevando-a à natureza ( ou às naturezas nos moldes da engenharia, biologia, ontologia geometria, arte artesanato...) , a qual fica em segundo plano, num plano piloto, mas não geométrico. Como vêem, como enxergam ou visualizam  as ditas formas e conteúdos  naturais aquelas culturas  sem um Euclides? Ou cada uma tem sua geometria “euclidiana”, sem Euclides grego ou Descartes analista de parábolas em curvaturas no espaço sem tensão : espaço de extensão, o qual  difere do espaço de tensão, que leva as forças do eletromagnetismo, nuclear e elétrica, na amperagem e voltagem. Podemos percebê-lo, surpreendê-lo garboso, majestático, infenso aos conceitos Greco-romanos,  nos olhos dos aborígenes para a geometria não-euclidiana, que eles, os indígenas, devem possuir intuitivamente, mas não no sentido kantiano  do termo?
Mergulhados como peixes que somos no oceano ou na atmosfera da cultura que nos dá a respiração intelectual e sentimental ( o “pathos” e o “nous” ) não existimos fora deste meio ambiente nem enquanto indivíduos ou entes coletivos, pois o que somos é, com a cultura, entes coletivos. A individualidade é um rasgo mínimo, um extravasar sem objeto.
Sem embargo, a cultura é apenas uma das inúmeras roupas ou roupagens do ser humano enquanto linguagem  e mesmo que esse ser humano esteja nu no autóctone : é a vestimenta do ser humano grudada à pele, aderente, modulada  nas formas que assumem as várias linguagens que comunicam aos seres humanos em comunidade,  o universo interno e externo do ser que constroem perpetuamente no lugar onde brota o tempo e suas ervas, todavia sem poder mover o poder e o viço das ervas, nem demudar seu sistema nervoso autônomo, todo constituído de ervas daninhas ou plantas para cultivo, jardim botânico, botânica, enfim.
No âmbito apertado dessas linguagens o ser humano forja uma liberdade ou a própria liberdade, outra ficção humana, quiçá a mais grata e venturosa : mera liberalidade. No Entretando,  tal qual o direito, a poesia,a ciência, dentre outras linguagens que perfazem o périplo cultural,  a liberdade, o livre-arbítrio, a emancipação, a independência, não passam de ficção, de uma porção ou quinhão originário no modo  onírico, que é parte considerável de nosso pensamento, ciência, arte, religião, conhecimento, linguagens, enfim, sempre linguagem ou tecido translúcido e tênue de teia de aranha cruzeira.
A cultura é perenemente devorada pela natureza, pois esta última é real, enquanto a a segunda não passa de um vasto conjunto de linguagens, considerando a técnica como linguagem aplicada aos conteúdos naturais.
A mesma ocorrência pode ser registrada no direito e nas demais linguagens que a ciência assume ou subsume : a realidade natural sempre solapa a idealidade  imaginada ou a “realidade” fictícia, enquanto cultura : conjunto de linguagens equacionais ou nominativas e normativas.
As linguagens se equacionam para formar o feixe de relações após  nomearam os entes e, por fim, ou em meio ao processo, se desenharem e escreverem-se em conceitos abstratos e concretos, de modo a proceder a outorga de   concreções ou abstrações, se não ambos, concomitantemente.
Assim como ocorre entre a cultura e a natureza, no seu jogo de preto e branco, no xadrez do dia e da noite, vida luminosa e morte escura; enfim, neste jogo de luz e sombreado, o direito, que é uma das linguagens servis,  é sempre devorado pela política, uma linguagem que transcende a própria linguagem, pois está no mundo brutal dos fatos ou dos atos das bestas ( que somos!) que buscam o domínio sobre outrem e sobre a totalidade das linguagens, ainda que isso seja simples utopia, pois a paixão pela fêmea, território e prole, é maior que qualquer ato racional e surda a qualquer atitude mínima de bom-senso,quando a dominação, que traz a guerra, entra no universo social do ser humano do mesmo modo que no das feras mais temíveis : isso é política e se resolve com rosnados semióticos e semiológicos, porquanto a realidade é viva e mutante, mutável, não tem os limites da linguagem, eivada de regras, sob norma, obediente ànto a idealidade , que mesmo quando mero ideal se torna em alfange com o qual defendemos o cavaleiro andante assassino medieval dentro de nosso sonho aldeão,  quando a política ou o interesse contextual vital prevalece ou há mister de que seja a prioridade, porquanto todos aspiramos nos fundir a uma fêmea e forjar uma prole que nos dê um lugar num novo corpo material,  no futuro imaterial, enquanto esse futuro não for o tempo atuante
Se tal futuro, no discurso lógico, não passa de inexistência ou  algo nominal-equacional ( nominativa-equacionativa )_ , que somente se torna real nos artefatos culturas via linguagem da técnica ou o fazer sobre a substância do universo em coisas; outrossim, não obstante, é fato pensável desde a tabela Periódica dos elementos de Mendeleiev e, portanto, um tempo possível e que será posto, pois já vem no vir-a-ser do dia-a-dia.
Idéias não existem, nem tampouco podem estar na realidade, mas tão somente na realização, que é o meio ou via em que a idéia entra no mundo pela mão do homem manipulando a linguagem técnica mental e manual : a realização é algo mente-mão : a mente elabora a linguagem e a mão passa essa linguagem pelas coisas transmutadas, destarte, em objetos, artefatos,  ou realizações mente-mão do ser humano, o realizador de novos mundos, nova América, continente incontido no espírito humano.
( O ser humano porfia contra o bicho
Com alfange
 adaga
 cimitarra
órix-cimitarra
alcaparra ...
O arco e o arqueiro certeiro
Incerto
De um certo
Também incerto
Robin Hood
Da floresta
Meramente mais uma jusrisdição do rei
De um João sem Terra
Ou outro Ricardo Coração de Leão
Sem cor no coração
Agora
Fora da hora
Da vida
Que é sempre bebida
Em versos de lira
Baladas
De Byron
Porém o bicho é e está em natureza
acima e embaixo
Do seu corpo baixista
Autista
Maneirista
Isca para germes
Vermes repelentes
Gusanos
Para os quais cria o remédio
Outro alfange
Para outro alcance
O qual  tem e traz a dose de morte e vida
Ou não funciona mais
Se o corpo foi tomado
Pelas legiões da natureza
Em batalha romana
Grega ou bárbara
Que leva ao Tártaro
Terra final
- terra afinal!
À vista ou à prazo
Desde a quilha
Uma milha náutica
Dos miasmas
( minh’asma
- minh’alma!,
inexistente
miasma
- existente )
O ser humano luta
Se defende
Com a linguagem
No entanto a natureza
Usa a realidade
E tudo cria
E destrói
Inexoravelemente
Implacável
Inapelavelmente
A natureza nua
- Deusa! :
Ísis sem véu
ó céus!
de déu-em-déu
ao léu 
com asas que  remam
- o remo
a rêmige
a remar
que mar 
é mar
de mar a mar
até amar
a areia 
que lambe
a alvura 
do jasmim
do bogari
na barra da alva
na flor de laranjeira  
que resta no areal 
branco
de casa branca 
de xadrez
em preto e branco 
do anum ao atum
ou da garça translúcida
à boca da mamba negra 
aberta )

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