Os profissionais recém-formados gaguejam uma linguagem epocal da
ciência que representam, ou são "compungidos" ( por outrem) a
representar teatralmente, como caixeiros-viajantes num mundo virtual,
virado em internet, em que, para viajar, vagar, pervagar a mar aberto,
não há mister de se mover o pé do chinelo ( o pé-de-chinelo!, - com o
chinelo...).
Estes tartamudos alegóricos, copiosos sofistas olvidados , com o simples tartamudeio da linguagem que veste a ciência na qual atuam, primeiro enquanto saltimbancos, mágicos e outros entes circenses, posteriormente, passado o noviciado, enquanto médicos, engenheiros, físicos nucleares, químicos, linguístas, enfim, atores em ação ou em pesquisa, ou seja, aplicadores da ciência ( no caso do engenheiros, médicos, advogados...), da ciência, enquanto gnoseologia, tratada e comunicada sob os vários corpos de linguagem que a trançam em códigos, às vezes quase secretos ou herméticos aos leigos, ou seja, enquanto trabalhadores especializados exercendo sua profissão na indústria, no comércio, enfim, na praça (Ágora); ou como pesquisadores, cientistas, insulados nas universidades ou na solidão a que se retiram, ou são obrigados ou se obrigam a retirar devido a hostilidade do ambiente que , muitas vezes, enfrentam, mormente quando a linguagem que elabora não se coaduna com o que se fala na praça do mercado ( e o mercado é quem manda!, é o reino aonde está toda a política e comunicação social, ao menos na sociedade burguesa cujo balbucio compreendemos e somos compungidos desde tenra idade ); estes noviços conquistam o mundo construído enquanto massa humana com um simples tartamudear a novidade da linguagem revestida num contexto epocalizado. Evocam a imagem socrática do sábio teórico, mas são apenas sofistas mal treinados em retórica
( noviciado!) gasta antes da época lida pela mole do edifício que constitui a massa humana do período político adventício. A mole humana!: Massa.Homens cimentados juntos, destituído da maior parte de sua individualidade. Gêmeos siameses, almas gêmeas e outras expressões que lembram essa engenharia ou reengenharia.
Na verdade, a ciência é esse falar de sofista, que Platão ( ou Sócrates?!) identifica no diálogo "Sofista", na sua leitura parcial, mas o filósofo dos "Diálogos" é um detrator dos sofistas e da sofística. Contudo, malgrado do que pensava Platão no "Sofista",
a ciência é a própria sofistica, o argumento posto em ação, a fim de provar o que expõe em hipótese. A hipótese é o caminho para a tese ou para preparar a antítese.
A ciência se funda na lei ("nomos") e no "logos" ( discurso lógico - para ser redundante e enfático!), daí a identificação de lei (lex no latim) e "logos". A palavra léxico, tem, aparentemente, no latim, alguma raiz comum com o mesmo vocábulo para lei : "lex". Ambas dizem ordenando, dando ordem, ou observando a ordem, ou cumprindo-a, no sentido natural, ao ler a natureza, e no sentido social, quando a linguagem científica é jurídica, ordena os homens, povos, nações : norma no sistema de regras.Todavia, é árdua a tarefa de estabelecer as relações no tempo e no espaço, na cultura e nas interações as mais diversas que essas palavras têm no período de história que cobre, desde o rastro no som e na escrita, um período em língua, o qual vem do sânscrito, vai ao latim e chega às línguas romances, românicas ou no ecletismo que o tempo põe em mistura, mescla em pura mixórdia sem "preocupações" racionais ou irracionais nos demais idiomas que orbitam as neolatinas, ou que as línguas neolatinas orbitam no entorno, consoante o ponto de vista do falante da língua em questão, seu centro linguístico, semântico, sintático.
A linguagem, que contém um percentual alto da ciência, é a arte a viabilizar o conhecimento científico enquanto ato de comunicação ( ato comum, oferecido à comunidade). A ciência é mais essa arte de linguagem do que conhecimento no sentido estrito. Esta arte está espargida pelas linguagens que tracejam e grafam a geometria, as matemáticas com equações literais
( equações essas que são poemas para outro "mundo" : o mundo lido, descrito e pensado enquanto espaço e tempo), a química com sua tabela periódica dos elementos e seus desenhos das ligações covalentes, iônicas... e a física, etc. Outrossim, subsistem as linguagens das técnicas manuais e tecnológicas, na automação, e dos algoritmos.
Todas essas linguagens copiam cuidadosamente a linguagem ou linguagens da sabedoria, que está escrita com genes, ou seja, se escreve na prática, não separa prática e teoria, como é o caso da ciência, porquanto a linguagem natural, a sabedoria, é a própria práxis ou a única práxis dada em natureza e não comunicada na linguagem humana dos signos e símbolos representativos da efetividade, mas não a efetividade, que está na sabedoria natural, porém não na cultural, de onde provem a ciência sob linguagens do homem, com práxis mínima e apartada da teoria do conhecimento.
O conhecimento ou ciência, em seu discurso, sempre fala com o leque de três opções mínimas, ou seja, utiliza-se da dialética e põe a questão como ser no sentido das três posições que o ser é no "logos", no discurso : tese, antítese e síntese. Com tal plasticidade de, ao dissertar, abordar, e ser, concomitantemente, as três posições, no mesmo momento e no mesmo espaço, vira o conhecimento ou ciência em monstro de três cabeças, chifres e olhos.O ser, na gnosiologia, se dá ou se afirma na tese, mas imediatamente e no mesmo espaço exíguo, se contradiz ou se anula na antítese e, por fim, com a mesma plasticidade de arte, junta as partes da tese e da antítese numa síntese, abrindo o leque ao eclético, o que é um contra senso e suscita anfibologias, bem como se tece na tenuidade levíssima dos conceitos, que são tão palpáveis quanto os átomos na tabela periódica dos elementos, que são átomos em determinados períodos e não mais o são em outros períodos, quando são outros átomos, com outro número atômico, ou assim é lida a tabela periódica dos elementos de Mendeleiv, mercê do que oferece a plasticidade da linguagem que serve ou sirva a ciência, mas talvez não da sabedoria que informa a vida, a natureza, que é real e não mental, intelectual. Neste buraco aberto pelo ser se cava a ciência enquanto linguagem e linguagem que sobrevive do contraditório no âmbito do princípio da identidade, que não pode ser idêntico neste linguajar obediente ao tempo e ao espaço.O princípio da identidade se transmuta em princípio do ecletismo que vigora na síntese. Aliás, na síntese está o segredo da arte, da indústria, da invenção e inventividade humana. Na síntese a linguagem ou linguagens tenta se equilibrar dos seus dizeres e des-dizeres, da contradição inerente à arte da linguagem; arte árdua.
Na Grécia antiga, os sofistas e a sofística, antes destes professores da arte da retórica, abordam o argumento como ato de conhecer e distorcer o conhecimento, de dizer o ser e não-ser no discurso, mesmo porque os sofistas e a sofística tinham o ser como inexistente, mas, com o argumentação, seria possível provar com a linguagem ou as linguagens tanto o argumento da tese quanto da antítese. Hegel, depois, pôs o ser do "logos" na síntese. A prova fora da linguagem vigora na doutrina do empirismo que, por ser outra linguagem, não pode, de fato, mas somente de direito, como manda a ciência, normativamente, mas não realmente, dialogar com a linguagem que quer a prova fora de si,ou fora do ambiente da linguagem onde ocorreu o argumento, a tese. Não há ponte de diálogo para essa prova científica ao perquirir a prova em outra linguagem da ciência : elas não podem transferir a prova de uma para outra porque as linguagens não se encaixam, nem se comunicam, senão num limite da relatividade do universo : uma, o empirismo, é doutrina que fala com signos e símbolos naturais : mais sinais que signos; a outra, a linguagem falada, escrita na literatura, expressa nas matemáticas, que é linguajar de homens se comunicando, não se entende, nem se traduz, nem tampouco se pode transcrever em linguagem que não seja de signos e símbolos e sinais oriundos no transcurso do processo cognitivo do ser humano enquanto ser gnoseológico. Logo, a relatividade dada na relação fere de morte a prova, pois o que a linguagem para argumentar prova não é do mesmo universo de linguagem que o empirismo coloca : são linguagens que, com a relação, tem a parte intransponível e a parte que se comunica, mas não se tocam absolutamente, apenas no feixe infinito das relações.Esse abismo não ocorre na sabedoria porquanto a práxis é imediata, não rompe espaço ou tempo, não os separa em linguagens científicas.Não há prova em linguagens que não se podem comunicar, sofrer alteridade, que, nada mais é que recipocidade; a prova somente poderia ser possível dentro da linguagem que põe o argumento; entretanto, prova dentro da linguagem não é fácil, senão no âmbito matemático-filosófico, ao extrapolar fronteiras e fronteiriços.
A sofística e os sofistas introduzem o ceticismo no conhecimento, senão a descrença e o desprezo. Debique. O pensamento deles não leva à ciência ou tecnologia, utilizada na construção dos artefatos, mas tornam o homem livre de toda crença, inclusive do conhecimento humano e, consequentemente, emancipam-se da divindade, escarnecem o político e toda a sequência a que leva tal pensamento ousado e independente que vê na montagem do argumento a alienação do homem em filósofos e deuses, reis ou escravos, dentre outros papéis teatrais sociais, que descrevem com o rito o mito em toda parte da cultura. Nietzsche é herdeiro dessa tradição.
Platão, ao contrário, espiona a sabedoria; daí seus pruridos místicos, suas crenças às vezes ingênuas, conquanto seu pensamento tenha construído uma ciência maior fundamentada na observação da natureza ( Physis) e do pensamento humano ou ser dado no "logos" ou na linguagem lógica. Kant é o maior expoente do platonismo-aristotélico.
A doutrina sofística dissolve o maniqueísmo, promove como governo a anarquia, expõe o niilismo inerente ao pensamento, escarnece a metafísica do ser ( ontologia), dentre outros corolários desse pensamento fecundo, eminentemente livre, que já traz em seu bojo as doutrinas de todas as filosofias, excepto a de Platão, que fica solitária. por outro lado, na doutrina de Platão e Aristóteles, a carga do bem é enfatizada ignorando a polaridade oposta ou não polarizando-a. É que o mestre Sócrates funda seu pensamento na virtude : o homem pode ser virtuoso, basta aprender a pensar... - com Sócrates! Nietzsche zomba dessa atitude unilateral, absoluta, que não vai nem além do bem e tampouco considera o mal polar. Otimismo exacerbado!, delirante, que informa o espírito da ciência teorética.
Antípoda da gnoseologia dos sofistas e da sofística que parte de um princípio similar ou precedente ao que Descartes retoma no "Cogito" ( Cogito, ergo sum" ou "peso; logo, existo", aonde se exprime a equação filosófica do ceticismo ), a gnosiologia de Sócrates, Platão e Aristóteles, na esteira daquela tradição de mestre para discípulo, contempla a sabedoria, que é divina
( natural ou em "physis") e despreza a destreza no discurso, conquanto os discursos de Platão apresentam muito do que se aprendeu da retórica de argumentação da sofística e com os sofistas. A escola socrática isolou a filosofia no caminho que vai de Sócrates, o primeiro mestre, passa por Platão e chega às culminâncias inimagináveis com Aristóteles, no fim da filosofia ou no fim proposto por aqueles três filósofos à filosofia, que é obra exclusiva deles, e não passa antes deles existirem, pelo pensamento grego, nem pelo pensamento de qualquer outro povo. A filosofia é um momento único encetado por Sócrates e finalizado, no sentido de atingir o fim almejado, por Aristóteles. Depois, o que vem são os filósofo-operários ou discípulos dos três grandes e únicos filósofos de fato que existiram no mundo : as abelhas-mestras das quais nascemos, pela filosofia deles, e das nos nutrimos para filosofar. Essa nutrição ou nutriz é que mantém viva a filosofia, assim como a rainha mantém viva a colmeia.
A filosofia, assim, emancipada do discurso, da ciência, do conhecimento, apartada da erudição, livre do jugo da ciência e da arte, analisa o discurso enquanto objeto de estudo, bem como a ciência, a religião, a arte e a própria filosofia ; pensa-se a si mesmo.Não busca a verdade, que é tarefa e verificação que cabe à ciência, nem à realidade, mas apenas contempla a face da sabedoria sob o véu da aletheia ou desvelamento.
Seria a filosofia a sagrada religião do pensar livremente, se as frenagens da política e outras armadilhas criminosas esparsas nas convenções sociais pelos animais alfas e betas?!
Estes tartamudos alegóricos, copiosos sofistas olvidados , com o simples tartamudeio da linguagem que veste a ciência na qual atuam, primeiro enquanto saltimbancos, mágicos e outros entes circenses, posteriormente, passado o noviciado, enquanto médicos, engenheiros, físicos nucleares, químicos, linguístas, enfim, atores em ação ou em pesquisa, ou seja, aplicadores da ciência ( no caso do engenheiros, médicos, advogados...), da ciência, enquanto gnoseologia, tratada e comunicada sob os vários corpos de linguagem que a trançam em códigos, às vezes quase secretos ou herméticos aos leigos, ou seja, enquanto trabalhadores especializados exercendo sua profissão na indústria, no comércio, enfim, na praça (Ágora); ou como pesquisadores, cientistas, insulados nas universidades ou na solidão a que se retiram, ou são obrigados ou se obrigam a retirar devido a hostilidade do ambiente que , muitas vezes, enfrentam, mormente quando a linguagem que elabora não se coaduna com o que se fala na praça do mercado ( e o mercado é quem manda!, é o reino aonde está toda a política e comunicação social, ao menos na sociedade burguesa cujo balbucio compreendemos e somos compungidos desde tenra idade ); estes noviços conquistam o mundo construído enquanto massa humana com um simples tartamudear a novidade da linguagem revestida num contexto epocalizado. Evocam a imagem socrática do sábio teórico, mas são apenas sofistas mal treinados em retórica
( noviciado!) gasta antes da época lida pela mole do edifício que constitui a massa humana do período político adventício. A mole humana!: Massa.Homens cimentados juntos, destituído da maior parte de sua individualidade. Gêmeos siameses, almas gêmeas e outras expressões que lembram essa engenharia ou reengenharia.
Na verdade, a ciência é esse falar de sofista, que Platão ( ou Sócrates?!) identifica no diálogo "Sofista", na sua leitura parcial, mas o filósofo dos "Diálogos" é um detrator dos sofistas e da sofística. Contudo, malgrado do que pensava Platão no "Sofista",
a ciência é a própria sofistica, o argumento posto em ação, a fim de provar o que expõe em hipótese. A hipótese é o caminho para a tese ou para preparar a antítese.
A ciência se funda na lei ("nomos") e no "logos" ( discurso lógico - para ser redundante e enfático!), daí a identificação de lei (lex no latim) e "logos". A palavra léxico, tem, aparentemente, no latim, alguma raiz comum com o mesmo vocábulo para lei : "lex". Ambas dizem ordenando, dando ordem, ou observando a ordem, ou cumprindo-a, no sentido natural, ao ler a natureza, e no sentido social, quando a linguagem científica é jurídica, ordena os homens, povos, nações : norma no sistema de regras.Todavia, é árdua a tarefa de estabelecer as relações no tempo e no espaço, na cultura e nas interações as mais diversas que essas palavras têm no período de história que cobre, desde o rastro no som e na escrita, um período em língua, o qual vem do sânscrito, vai ao latim e chega às línguas romances, românicas ou no ecletismo que o tempo põe em mistura, mescla em pura mixórdia sem "preocupações" racionais ou irracionais nos demais idiomas que orbitam as neolatinas, ou que as línguas neolatinas orbitam no entorno, consoante o ponto de vista do falante da língua em questão, seu centro linguístico, semântico, sintático.
A linguagem, que contém um percentual alto da ciência, é a arte a viabilizar o conhecimento científico enquanto ato de comunicação ( ato comum, oferecido à comunidade). A ciência é mais essa arte de linguagem do que conhecimento no sentido estrito. Esta arte está espargida pelas linguagens que tracejam e grafam a geometria, as matemáticas com equações literais
( equações essas que são poemas para outro "mundo" : o mundo lido, descrito e pensado enquanto espaço e tempo), a química com sua tabela periódica dos elementos e seus desenhos das ligações covalentes, iônicas... e a física, etc. Outrossim, subsistem as linguagens das técnicas manuais e tecnológicas, na automação, e dos algoritmos.
Todas essas linguagens copiam cuidadosamente a linguagem ou linguagens da sabedoria, que está escrita com genes, ou seja, se escreve na prática, não separa prática e teoria, como é o caso da ciência, porquanto a linguagem natural, a sabedoria, é a própria práxis ou a única práxis dada em natureza e não comunicada na linguagem humana dos signos e símbolos representativos da efetividade, mas não a efetividade, que está na sabedoria natural, porém não na cultural, de onde provem a ciência sob linguagens do homem, com práxis mínima e apartada da teoria do conhecimento.
O conhecimento ou ciência, em seu discurso, sempre fala com o leque de três opções mínimas, ou seja, utiliza-se da dialética e põe a questão como ser no sentido das três posições que o ser é no "logos", no discurso : tese, antítese e síntese. Com tal plasticidade de, ao dissertar, abordar, e ser, concomitantemente, as três posições, no mesmo momento e no mesmo espaço, vira o conhecimento ou ciência em monstro de três cabeças, chifres e olhos.O ser, na gnosiologia, se dá ou se afirma na tese, mas imediatamente e no mesmo espaço exíguo, se contradiz ou se anula na antítese e, por fim, com a mesma plasticidade de arte, junta as partes da tese e da antítese numa síntese, abrindo o leque ao eclético, o que é um contra senso e suscita anfibologias, bem como se tece na tenuidade levíssima dos conceitos, que são tão palpáveis quanto os átomos na tabela periódica dos elementos, que são átomos em determinados períodos e não mais o são em outros períodos, quando são outros átomos, com outro número atômico, ou assim é lida a tabela periódica dos elementos de Mendeleiv, mercê do que oferece a plasticidade da linguagem que serve ou sirva a ciência, mas talvez não da sabedoria que informa a vida, a natureza, que é real e não mental, intelectual. Neste buraco aberto pelo ser se cava a ciência enquanto linguagem e linguagem que sobrevive do contraditório no âmbito do princípio da identidade, que não pode ser idêntico neste linguajar obediente ao tempo e ao espaço.O princípio da identidade se transmuta em princípio do ecletismo que vigora na síntese. Aliás, na síntese está o segredo da arte, da indústria, da invenção e inventividade humana. Na síntese a linguagem ou linguagens tenta se equilibrar dos seus dizeres e des-dizeres, da contradição inerente à arte da linguagem; arte árdua.
Na Grécia antiga, os sofistas e a sofística, antes destes professores da arte da retórica, abordam o argumento como ato de conhecer e distorcer o conhecimento, de dizer o ser e não-ser no discurso, mesmo porque os sofistas e a sofística tinham o ser como inexistente, mas, com o argumentação, seria possível provar com a linguagem ou as linguagens tanto o argumento da tese quanto da antítese. Hegel, depois, pôs o ser do "logos" na síntese. A prova fora da linguagem vigora na doutrina do empirismo que, por ser outra linguagem, não pode, de fato, mas somente de direito, como manda a ciência, normativamente, mas não realmente, dialogar com a linguagem que quer a prova fora de si,ou fora do ambiente da linguagem onde ocorreu o argumento, a tese. Não há ponte de diálogo para essa prova científica ao perquirir a prova em outra linguagem da ciência : elas não podem transferir a prova de uma para outra porque as linguagens não se encaixam, nem se comunicam, senão num limite da relatividade do universo : uma, o empirismo, é doutrina que fala com signos e símbolos naturais : mais sinais que signos; a outra, a linguagem falada, escrita na literatura, expressa nas matemáticas, que é linguajar de homens se comunicando, não se entende, nem se traduz, nem tampouco se pode transcrever em linguagem que não seja de signos e símbolos e sinais oriundos no transcurso do processo cognitivo do ser humano enquanto ser gnoseológico. Logo, a relatividade dada na relação fere de morte a prova, pois o que a linguagem para argumentar prova não é do mesmo universo de linguagem que o empirismo coloca : são linguagens que, com a relação, tem a parte intransponível e a parte que se comunica, mas não se tocam absolutamente, apenas no feixe infinito das relações.Esse abismo não ocorre na sabedoria porquanto a práxis é imediata, não rompe espaço ou tempo, não os separa em linguagens científicas.Não há prova em linguagens que não se podem comunicar, sofrer alteridade, que, nada mais é que recipocidade; a prova somente poderia ser possível dentro da linguagem que põe o argumento; entretanto, prova dentro da linguagem não é fácil, senão no âmbito matemático-filosófico, ao extrapolar fronteiras e fronteiriços.
A sofística e os sofistas introduzem o ceticismo no conhecimento, senão a descrença e o desprezo. Debique. O pensamento deles não leva à ciência ou tecnologia, utilizada na construção dos artefatos, mas tornam o homem livre de toda crença, inclusive do conhecimento humano e, consequentemente, emancipam-se da divindade, escarnecem o político e toda a sequência a que leva tal pensamento ousado e independente que vê na montagem do argumento a alienação do homem em filósofos e deuses, reis ou escravos, dentre outros papéis teatrais sociais, que descrevem com o rito o mito em toda parte da cultura. Nietzsche é herdeiro dessa tradição.
Platão, ao contrário, espiona a sabedoria; daí seus pruridos místicos, suas crenças às vezes ingênuas, conquanto seu pensamento tenha construído uma ciência maior fundamentada na observação da natureza ( Physis) e do pensamento humano ou ser dado no "logos" ou na linguagem lógica. Kant é o maior expoente do platonismo-aristotélico.
A doutrina sofística dissolve o maniqueísmo, promove como governo a anarquia, expõe o niilismo inerente ao pensamento, escarnece a metafísica do ser ( ontologia), dentre outros corolários desse pensamento fecundo, eminentemente livre, que já traz em seu bojo as doutrinas de todas as filosofias, excepto a de Platão, que fica solitária. por outro lado, na doutrina de Platão e Aristóteles, a carga do bem é enfatizada ignorando a polaridade oposta ou não polarizando-a. É que o mestre Sócrates funda seu pensamento na virtude : o homem pode ser virtuoso, basta aprender a pensar... - com Sócrates! Nietzsche zomba dessa atitude unilateral, absoluta, que não vai nem além do bem e tampouco considera o mal polar. Otimismo exacerbado!, delirante, que informa o espírito da ciência teorética.
Antípoda da gnoseologia dos sofistas e da sofística que parte de um princípio similar ou precedente ao que Descartes retoma no "Cogito" ( Cogito, ergo sum" ou "peso; logo, existo", aonde se exprime a equação filosófica do ceticismo ), a gnosiologia de Sócrates, Platão e Aristóteles, na esteira daquela tradição de mestre para discípulo, contempla a sabedoria, que é divina
( natural ou em "physis") e despreza a destreza no discurso, conquanto os discursos de Platão apresentam muito do que se aprendeu da retórica de argumentação da sofística e com os sofistas. A escola socrática isolou a filosofia no caminho que vai de Sócrates, o primeiro mestre, passa por Platão e chega às culminâncias inimagináveis com Aristóteles, no fim da filosofia ou no fim proposto por aqueles três filósofos à filosofia, que é obra exclusiva deles, e não passa antes deles existirem, pelo pensamento grego, nem pelo pensamento de qualquer outro povo. A filosofia é um momento único encetado por Sócrates e finalizado, no sentido de atingir o fim almejado, por Aristóteles. Depois, o que vem são os filósofo-operários ou discípulos dos três grandes e únicos filósofos de fato que existiram no mundo : as abelhas-mestras das quais nascemos, pela filosofia deles, e das nos nutrimos para filosofar. Essa nutrição ou nutriz é que mantém viva a filosofia, assim como a rainha mantém viva a colmeia.
A filosofia, assim, emancipada do discurso, da ciência, do conhecimento, apartada da erudição, livre do jugo da ciência e da arte, analisa o discurso enquanto objeto de estudo, bem como a ciência, a religião, a arte e a própria filosofia ; pensa-se a si mesmo.Não busca a verdade, que é tarefa e verificação que cabe à ciência, nem à realidade, mas apenas contempla a face da sabedoria sob o véu da aletheia ou desvelamento.
Seria a filosofia a sagrada religião do pensar livremente, se as frenagens da política e outras armadilhas criminosas esparsas nas convenções sociais pelos animais alfas e betas?!
( POESIA PARA UM OBOÉ SILENTE
A mole do edifício que constitui a massa humana do período político adventício.
A mole humana!: Massa!
Homens cimentados juntos,
destituídos da maior parte de sua individualidade :
Gêmeos siameses,
almas gêmeas
e outras expressões cavilosas
que lembram essa engenharia
ou reengenharia
de um homem jungido a outro
( ou a uma mulher )
membros ligados por argamassa
Massas com argamassas
são esses homens-gêmeos
assim presos
uns aos outros
em corrente
- Homens em correntes longas
como fantasmas nas galés!
( Pego um lápis
e desenho um Modigliani
na atmosfera para barômetro
Lápis-lazúli não em gema
inconsistente
porém com a pedra preciosa
que rasga o véu azul
retrato
mulheres que amei
pela galeria de Modigliani
- minha pinacoteca de solidão sólida
com mulheres feitas de teias de aranha
inexistentes
que nem arranham o museu
nem tampouco o arranha-céu
de déu-em-déu
nas pombas em revoadas
Ah! a vida!
é essa galeria vazia
esse museu mudo
com mulheres pintadas
na inexistência
- fincadas no limbo!
com oboé solista
tocando
sem sopro arcangélico
de músico
E o fauno ali
no jângal interior
que sou por dentro do rododendro
do dendrito
passando pelo sistema nervoso autônomo
vegetal
alma do animal
livre dos autômatos
- vegetativo em mim!
O coro de sátiros em mim
como na tragédia grega
- por trás de tudo o que sou
e nem sei
senão no canto ditirâmbico )
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