A
ciência não é, em sua essência, um ente existente de fato, mas
tão-somente de direito,
ou seja, a ciência é um conjunto de normas que informa, dirige e vem a
dirimir conflitos intelectuais ou de tese por meio de seus princípios e
no âmbito
do interesse contextual de uma classe dominante. Para exercer tal poder é
essencial que esteja sob a área do poder, que é sempre político : a
política vem definir o que deve ser objeto de obediência servil,
subserviência e liberdade com seus sujeitos. Os sujeitos da política
são os senhores do seu território e seu tempo com todos os artefatos
culturais : linguagens, leis, obras de arte, palácios, choupanas,
poemas, instituições, empresas, etc., objetos ou artefatos estes que
estão sob seu controle a exprimir sua alienação enquanto políticos,
filósofos, profetas e todo tipo de alienação do homem ou do pensamento
humano cortado em conceitos e desenhados e pintados sobre a máscara e o
corpo do homem que se representa em ato de teatro social, etc.
Os
políticos são esses sujeitos de direito e força ( poder) que dominam
as demais
pessoas tecidas na suti e frágil teia de aranha da massa submissa; as
demais pessoas são meros e
insignificantes objetos ou escravos dos quais se servem, sem pudor, o
sistema vigente-imponente, prepotente, plenipotenciário. Esse "sistema"
fora boca da teoria é movida pelos políticos, que são e põem a tese do
filósofo, do pensador , no mundo. Eis toda a "práxis" sem romantismo
marxiano-hegeliano. Al Capone era um político; o termo "criminoso"
somente surge quando o político não logra o reconhecimento público
durante a vida e pós-morte, por motivos de interesse de outros políticos
que se utilizam de usa imagem mesmo após a morte, caso essa imagem seja
benéfica aos políticos usuários dela (imagem).
Isto,
este texto, não é um libelo contra a política, pois os sábios podem
atestar, provar, por notório, que o político sempre foi assim como o
são todos os homens ( somos!) : nem bons, nem tampouco ruins
completamente, um vislumbre da furta-cor colocado pelo preto e branco; e
a história não conserta o futuro, exceto redesenha-o ardilosamente pela
face da utopia dos filósofos, os quais, aliás, são ineptos para
comandar o estado e suas bestas humanizadas pela doutrina
humanista-iluminista dos filófosos, que sonham um mundo sem homem algum,
sem atropelo ao verde plantar do que deita ramas e raízes.
Os
políticos não são abomináveis ( todos os somos, no fundo, ó
necromantes!, não são piores que os profetas, nem quaisquer alienação do
homem numa personagem da arte teatral social, a grande e real arte ),
são, em verdade, tão necessários quanto os demais seres humanos,
porquanto a sociedade não sobrevive sem nenhum desses diversos atores e
sua "vida" constituída pelo teatros desses atores, desses hipócritas,
pois atores são artistas da hipocrisia ou das conveniência de se viver
em sociedade complexa. Sem comando a sociedade perece, assim com quando o
comando é excessivo, abusivo,cruel, irracional, etc., pois ao
escarnecer do menor ser humano em hierarquia de classe ou casta,
desmancha-se a comunidade precária dos homens, estribada em quase nada: o
que significa, em conceitos tão mutáveis e frágeis que não toleram o
menor excesso ou falta de água e sob o pouco e o muito vem a fenecer,
perecer, falir.
Não é a sabedoria natural que
rege a ciência , porém o conhecimento, cujo contexto vital passa pelo interesse e atende a
idiossincrasias de alguns indivíduos alfas ou betas, que estão no topo do mundo
social-econômico-político ; os senhores que tomaram de assalto o mundo pelo
direito, essa ficção normativa. A estupidez vem dirimir as questões científicas
enquanto expressa a linguagem da vulgata, que informa, grosso modo, a ciência enquanto política ao povo, ao
populacho, ao rebotalho, à arraia-miúda destituída de intelecto. O rebanho com
cascos e ferraduras, cincerro...
A
ciência é algo mui menor que o homem, porquanto não passa de sua
alienação. Ela, a ciência, é um acervo de conhecimento inferior ao do
homem, mesmo enquanto indivíduo, conquanto este acervo esteja
recolhido, na literatura, museu, pinacoteca, academias, univerdades,
enfim, nas várias formas do poder político, que é o que representa a
ciência oficial : a política da ciência ( não a ciência política,
porquanto ambas não existem sem o mando do político e o jogo políticos
dos demais interlocutores interessados e atores políticos sem o cetro do
rei, a coroa e a espada para perpetrar assassínio : os cientistas,
artistas, poetas, filósofos, pensadores, eruditos em geral e sábios, os
quais lêem direito na literatura natural, e no código de genes e outros
códigos variegados e diversos para vários comunicados no universo).
Na ciência postada na linguagem da medicina, o corpo médico
estudado ou conhecido, não é o corpo de fato, empírico, mas o corpo de direito,
o corpo jurídico-político normativo; não a cognição, mas a normatização, o
emaranhado de regras fincadas e vincadas por princípios filosóficos, que tem
presunção de universal ou genético, e, no entanto, mudam de roupagem com a
linguagem nova e assumem outros interesses, consoante ordenado racionalmente e
sentimentalmente ( na paixão do interesse mais escuso ), na estultícia ou moira
que se torna o conhecimento u ciência ao extrapolar a linguagem do real, no
fato, na linguagem dissidente do irreal ou surreal no ato de pensar
cientificamente, rigorosamente, mesmo porque as verdades ou realidades conceptuais
são tênues demais e cada douto as separa conforme seu contexto vital.
A medicina, enquanto linguagem da ciência comunicada,
através da vulgata, ou linguagem do senso comum, não pode estudar o corpo real, mas o
abstrato, genético, irreal, existente, e,
em geral, surreal, mormente quando objeto de doutrinas por vezes esdrúxulas,
bizarras, exóticas, cerebrinas, abstrusas. A ciência, enquanto linguagem na
ciência, na medicina, estuda um corpo sem fato, um corpo ou corporação de atos
concatenados em regras, cujo conjunto dá a norma, e princípios filosóficos que
levam a processo cognitivo ou de cognição, do mesmo modo que ocorre no direito
e nas demais linguagens cujo escopo é
por a ciência no mundo pela via da linguagem ou das suas várias linguagens
comunicativas e comunitárias, esotéricas ( para a confraria, os doutos, o
postulantes, em noviciado..., enfim, os internos ou do círculo interno) e exotéricas ( para vulgo ou leigo ), consoante era costume de
Aristóteles.
O corpo médico genérico, inexistente, dado pelo ser que está
entremeado entre a linguagem e o pensamento, que dão ou possibilitam o ser
enquanto objeto, outrossim inexistente, pois não é coisa ou ser externo ao
pensamento e aos sentidos reais, não-fenomênicos ( não há sentidos sem fundo no
fenômeno, ou seja, não existe o não-fenomênico, obviamente, pois é uma
negatividade ou o nada dado pelo intelecto, um nadificação, uma nadidade : um
nada mesmo, de fato não, pois o nada não há de fato, mas de direito sim, pois o
direito, enquanto tipo científico, ou forma que a ciência assume, produz a ficção dos objetos e,
concomitantemente, da ciência, enquanto algo não coisificado, senão em atos,
mas objetivado, realizado, pela impressão dos atos nas coisas conceituadas em
objetos); tal “corpo genético” (
genético-memético) é apenas um objeto,
mera ficção, abstração, não uma
realidade na existência. Está em essência no pensamento : é um ser ( algo
cultural ), nunca um ente ( algo natural ), conquanto o cultural e natural
possam se mesclar e são ecléticos quando o homem realiza algo com os materiais
e energias naturais. As invenções são ou têm esse teor.
A ciência é estultície, ou moira, nem tanto e si ou em sua
linguagem, ou suas linguagens, porém no homem, que se vira em contextos de
prisões infinitas e não pode, senão raro, gozar, usufruir da liberdade,
mormente quando a maioria dos homens que a exercem não são cientistas, eruditos
ou sábios, mas homens do vulgo, prosaicos, mais preocupados e envolvidos com
suas vidas mesquinhas, fúteis e prosaicas, que com a ciência, que eles nem
sequer compreendem minimamente. Ostras fechadas, insuladas no seu ostracismo,
na sua alienação integral, vinculados a seus apetites.
No quotidiano não
existe ou circula quase ciência alguma,mas suas falsificações oficiais,
oficializadas, legalizadas e legitimadas pelo questão do pensamento que vem a
cindir o que é de fato e o que é de direito, dando, destarte, destaque imenso à
ficção. A ciência enquanto ficção do direito ou da presunção de ser ciência é o
que temos cotidianamente. Isto representa a morte ou a falência da inteligência
como algo geral, do povo, e não de uma elite mental escassa, restrita,
privilégio de poucas mentes intelectualizadas, fora do alcance do vulgo e suas
linguagens chinfrins, que consubstancia o pensamento mágico, consolidam-no.
Outro objeto que nos é dado e damos reciprocamente está na
tanatologia, ciência cujo objeto posto em lógica ou linguagem (“logos” ) e
linguagens a se reciprocar, é a morte. A morte é um objeto cego, como os demais,
quase sendo cegos os objetos geométricos, que não o são, mas quase o são, por
causa dos riscos a delinear a forma. Cego no sentido de que não podemos tomar
contato com a própria morte, porém somente com a alheia. Não há a experiência
própria deste objeto : morte, mas apenas a experiência de ver o objeto “morte”
em um corpo para alteridade que, ainda morto, continua um corpo de alteridade.
Não temos da morte nem a própria, nem tampouco alheia experiência, por isso tal
objeto, no caso a morte, é cego de dois lados, não é vivido nem narrado por
alguém que passa ou passou pela experiência de morte, excetuados os casos
esporádicos de morte reversível que, na verdade,nem é morte.
Aliás, a cegueira dos objetos, no caso o de morte, é tripla,
vez que não temos contato imediato com a morte, mas com o corpo morto, que não
é o mesmo que a morte, ato mental, entendimento, inteligência de cada um.
Trata-se de objetos que não passa pelos sentidos enquanto morte, mas
tão-somente enquanto morto, nem do expectador nem tampouco do falecido,
evidentemente. O objeto, portanto, não é algo real, porém mera ficção para
compreensão e apreensão da realidade no mundo, dentro e fora do ser dado, como
outro objeto : objeto de objeto, objeto a recobrir camadas sedimentares de
objetos. A nadidade posta, a nadificação levada a cabo pelo conhecimento.
A ciência, em suas linguagens, trata de objetos não
existentes no mundo, objetos integrados
ao complexo mental do ser humano, objetos simbólicos presentes no ser do homem, o qual, (ser) , tem
como escopo contatar ou estabelecer uma
espécie cambiante de alteridade de tais objetos com o senso do ser, que está
praticamente íntegro nas linguagens. O senso do ser está no linguajar
posicionado, exposto, posto,postulado, postulante ao anelo do possível,
quando o anelo é possível, não se
refugia no idílico, a utopia, na ideologia ou qualquer forma de proselitismo ou
sectarismo : doenças graves, críticas, da estupidez, quando essa vem assolar o homem
como a praga do fanatismo, o demônio da intolerância; enfim, qualquer forma de
exclusão, extorsão ou constrangimento de outrem ou, por vezes, de si mesmo,
como sói acontecer na maioria dos casos na auto-repressão, na castração ou
mutilação.
Para
encontrar ou estabelecer o ponto de
intersecção entre os objetos mentais alienados do mundo, não passíveis
de
vincular-se, de fato, às coisas, seres naturais na borda do real e entes
dados
pelos sentidos, no ato de representar as coisas e os seres orgânicos e
inorgânicos, mas, neste ato mental simbólico, alegórico, sem movimento
corporal, físico, químico, elétrico, mas puro movimento
mental-matemático em
linguagem, a hipótese intelectual, móvel apenas no cérebro pela operação
do
motor-geométrico-intelectual, jamais no mundo material, ou energético,
mas tão-somente
no movimento-imóvel, paradoxal, do ser humano anteposto em hipótese, que
o
representa na passagem do universo simbólico ao universo real ao
natural, no
qual se legitima a ciência pelo ato de direito, que difere do ato de
fato, ao
juntar ou perceber a subsunção do hipotético ao real, d ato descrito na
mente
ao fato dado no mundo real dos movimentos físicos, o universo da energia
vital,
orgânica e inorgânica, antípoda ao móvel mental que é um ato de
percepção e
legitima apenas o movimento do intelecto ao desenhar ou esboçar o
triângulo e do
triângulo desenhado na forma que
constrói toda a geometria, para
mensurar, e após o ato de mensurar, inclusive a categoria de quantidade,
um
dos dois “nous” que informam o “logos”, desmensura na categoria de
quantidade : esta apta a dizer ou contar o número, e daí, deste ponto
solitário, no ser do homem, pensar
o teorema, ou seja, proceder à subsunção, a qual legitima a ciência,
movendo-a
por atos imóveis da mente, livre da energia e da matéria nas figuras
geométricas,
que são puras formas, que não se encontram com a matéria ou movidas por
energias, nem mesmo as cerebrais, porquanto uma figura geométrica é um
ser posto pelo homem fora do alcance da natureza, vinculada
indissoluvelmente à cultura e, antes da cultura, à formação mental
historial do
povo e indivíduo. A subsunção é o nó górdio que une o mundo hipotético à
realidade, através das
linguagens-objetos- objetivas : A
conexão natureza-cultura.O ser humano se move e se transforma em ser, ou indústria de pensamento, ao se mover pelo impossível inexistente, pela inexistência, ao criar os instrumentos tecnológicos-linguísticos para tal : o nada, a não-natureza ou cultura, o ser, o não-ser, que cumpre a função antitética que faz o movimento na imobilidade natural, as linguagens, ou seja, todo um universo fora do mundo real, palpável, visível, erigido pelos sentidos, universo em que se move o homem enquanto ser de si e dos outros objetos.
A lacuna entre o ser do homem e o mundo é o que cria a ciência, o conhecimento erudito, que é uma forma contraditória da sabedoria inata, uma lacuna, o conhecimento, calafetado com regras que, no conjunto coerente, se transforma em norma, princípios de cognição e de comandos rituais : o conhecimento é o princípio eclético . Essa lacuna, entre conhecimento erudito ( ciência ) e sabedoria nata, abre outra lacuna : a bifurcação espácio-temporal ( e também fora do espaço e tempo empírico, porém na ambiência de um espaço geométrico e um tempo rítmo-musical ) entre pensamento e ação, o qual põe,racionalmente, o pensar como um agir diverso do ato em natureza : ato sub-curvo que dá no encontro do ser com o ente e a subsunção na coisa ou na vontade que colhe e tolhe a coisa industrialmente. O pensamento, outrossim, se transforma em ato separado, imediatamente, do ato, ou cujo liame com o ato ocorre num lapso de tempo, que também separa pensamento racional e ação, ou seja, tem o condão de cindir a inteligencia em diversas porções.
A sabedoria natural ( a sabedoria é sempre natural, não cultural) não estabelece dicotomia entre o ato de pensar e o ato de fazer ou a fabricar fato , que, quando inata, é imediata práxis e acontece em um movimento único, uno, indissolúvel, por isso sem paradoxo ou perplexidade, anfibologia, próprias ao ato de pensar, ou se alienar do mundo, no conhecimento, mesmo quando o ato vai de encontro com este mundo sob a forma de técnica para fabricar e com o fito de modelar ou elaborar apetrechos tecnológicos, ritualísticos e outros.
O problema de toda doutrina de um sistema de doutrinas ( e tudo é um sistema doutrinário-dogmático quando o pensamento se contextualiza e cada teoria narra a sua história confrontando com a alteridade das anteriores, historiais, e atuais, que a informam e confrontam, medem território para uma alfa-doutrina ou beta-teoria, uma gama-tese) é que o sistema se comunica e mais : uma teoria é a outra se se muda os detalhes de sua carga e descarga na verdade, que é a verdade ou verificação do autor ou dos autores em conjunto no sistema que rege o pensamento, coagindo-o à moda do conto da carochinha que versa sobre a roupa nova do rei.
As diferenças nas teses são de sutilezas tais que umas podem se transformar nas outras com pequenas modificações nos conceitos e no contexto interno do autor e da comunidade do autor. As doutrinas são cheias de pernas, centopéias a perambular no sistema ou teia de aranha teórica, cuja diferença de uma doutrina para outra pode ser modificada até com sentido culto e oculto que os vocábulos guardam para as variantes de leitura e literatura, bem como o contexto interno e externo, as idiossincrasias, os interesses políticos, a paixão que move a roda do tempo onde se acha o nicho da literatura, enfim, uma gama de atos e fatos concatenados e coordenados visando um fim determinado previamente ou observados pó-literatura, como n caso de um Kafka, cuja leitura-literatura exige outro tempo, que não o vivido pelo escritor ou fabulista. O mesmo se dá com Vincent van Gogh na literatura do olho.
As dissenções que ocorrem entre os filósofos e pensadores está assente no fato de que as teorias não guardam discrepâncias essenciais entre as teses, mas divergências em torno de frases, palavras e até normas embutidas nas teorias como se fossem conhecimento ou sabedoria, pois, em geral, há uma confusão conceitual, pelo meu sistema, entre conhecimento e sabedoria : o saber impregnado no ato e fato natural e a erudição ou inteligencia por linguagens simbólicas no conhecimento que informa a ciência e a constitue enquanto sistema pensante por signos e símbolos e, posteriormente, sistema agente por técnicas, no caso da linguagem do fazer os artefatos e não mais apenas conceituá-los discursivamente e por meio de desenhos, regidos pelas normas geométricas contextuais. Cada inteligencia cultural tem seu Aristóteles e seu Euclides, sua Alexandria, sua Mégara, sua Atenas, sua Palas Atena, seu Partenon.
POEMA EM ÁGUA DE CLEPSIDRA ( POESIA AQUÁTICA )
O homem é o tempo encostado no muroO ser e o tempo
é o homem
Preclaro ente sob o sol no zênite
no arrebol do nadir
( impotente corpo
com o ser todo encarcerado no tempo )
O tempo na clepsidra
pura água contada de cascata
é o homem
- cachoeira em queda e canto
nos cabelos escachoantes
da bela mulher
deusa e senhora e ninfa do rio São Francisco
e de tudo o que é água e remo
e remar até o mar
e lá chegar a amar
o mar recíproco
da alteridade no amor
- na paixão ágape de Cristo
com água benta
de São Bento Abade
( Água motiva a vida
- locomotiva! )
O tempo nas areais do relógio de areia
- ampulheta!
é o homem
inventado
inventariado
na cultura
na outra margem da flora e da fauna
que pisa o fauno na erva
- a energia vital do sátiro
a inflamar o anelo sexual do deus Eros
no ato que é a primitiva paixão pela prole :
- o coito!
( Valhacouto!...)
Um tempo no fonógrafo
o mesmo tempo
extemporâneo no daguerreótipo
- na flor emaranhada nos olhos em feixes de luz
do daguerreótipo
O tempo sob a luz
é o homem
- tempo que se gasta
desgasta
nas folhas do outono em tombo amarelo
de decíduas plantas
em folhas no colo do solo
de violinista amarelo-soluço
- soluçante!
no violino a gemer melancolicamente
em espasmos
até que a energia
que o fazia homem
vá se transmutar em matéria morta
a exprimir a equação de Einstein-Planck
os dois gênios da luz
e da mágica lâmpada sem Aladim
de pensamento mágico
- no tempo do pensamento mágico!
anterior ao sopro do oboé
no anjo em mensagem na equação,
negra mamba!,
a encetar a peçonha na rainha Cleópatra
em em mim
quando chegar a hora do fim
porque somente aceito a minha morte
por suicídio
sem lei
rei
ou Deus
que seja!
( Não seja!)
O retrato tirado ao sol em feixe de elétrons
é o homem no seu tempo de vida
com a areia molhada ou úmida
gravada em quase pedra na face
viva quando havia água no tempo
A fotografia é o homem :
a invenção do conhecimento
e a consciência construída
em arte trágica
da morte e vida
fixada na pedra da luz
petrificada
vítrea no retrato
( A fotografia é a poeira de luz
que mantém em pé
sem cair com a face ao pó
o anjo na eternidade
sendo o eterno
ou a eternidade
apenas a sinalização da inexistência do tempo
- ou o tempo morto em folhas amarelas outonais
servindo de moldura
para uma existência
agora sem tempo
e sem viço de vida
na erva que vegeta
na floração do tempo
lírico no amarelo
que ama a flor-de-lis
e a flor silvestre
sob o sol só
solo
do deus sol
solista
solipsista
em solipsismo )
Todavia, antes da morte no pó de luz do retrato
após a infância
sob as asas da mãe
o homem é emparedado vivo na solidão
brusca
abrupta
cáustica...
e assim frágil em seu ser
( empalado! vivo,
condenado ao empalamento cultural
e a solitude na enxovia!...)
é lançado contábil-juridicamente
no rol dos condenados ao empalamento
lento
modorrento;
enfim, a ter o fígado devorado
por um abutre
até cair nas águas do rio Estinge
e afogar a solidão
com a mágoa
que toma a água
- bebe a água
e o vinho
sem sangue de Cristo
derramada na vinda da vinha
em vinhedo
O canto do retrato
avença uma avenca que havia
naquele canto de galo
tartamudo
no arcanjo clepsidráulico
no branco da água
- branco-incolor
na transparência da concepção inefável
da Imaculada Concepção,
Conceição!
- maculada
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