quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

HÉLADE(HÉLADE!) - enciclopedia enciclopédia

File:Egypt.KV6.04.jpg
Um  lídimo, incréu amigo,
único e quiçá último
a fazer frente ao basilisco
errabundo pela terra
aonde pisa
não a torre
mas minh'alma aristotélica.
- Homem na senda de filósofo epicúreo,
não crê, pindoramicamente,
sob a vara da Vera Cruz,
que é bastão também da ciência,
que sou o  guardião da memória
dos meus oito meses de idade!
- Tudo porque uns e outros cientistas patetas
pássaros sem asas
prisioneiros de um contexto
que lhes "colga" uma máscara de ferro à face
decidiram depois de rigorosas pesquisas patéticas
que não se tem memória dessa idade
- E ponto final, lobo mal!:
Cumpra-se o mito e rito
e dê voz ao pregoeiro do estado
ou à matraca da sogra.

Certa vez disse à minha mãe,
já casado, pai de filho e filha,
- disse eu a ela, minha mãe,
que meu pai,
que fora atirador emérito,
nem sempre atilado,
certa vez, num evento ocorrido na varanda
ao fundo da casa,
sobre uma balaustrada
que servia de encosto aos cotovelos,
estava com "Bitencourt",
amigo do meu pai,
a praticar tiro ao alvo com espingarda.

Recordo-me perfeita e nitidamente,
como não se fora uma memória antiga,
mas atual, atuante ante mim,
que Bittencourt ( ou fora pai?!)
com um tiro sem "tirocínio"
acertou o pé de uma galinha
fato que deixou em alvoroço
e comentar já espevitado:
"acertou o pé da galinha!"
Este o meu dito
com algum ricto
( A frase inteira não merece um "sic",
deve sofrer com solecismos sofríveis
que não hão de dar azo
a debiques de gramáticos pernósticos)

Minha mãe, ao ouvir-me mais serenamente,
depois do baita susto,
retorquis, sem pestanejar,
que era impossível
eu me lembrar daquele fato
porque era, então, uma criança
com apenas oito meses.
Chegou a aventar a hipótese,
se não me falha a memória ( a memória!)
- exercício mnemônico mais fresco que aquele
do menino de oito meses!,
que ela teria narrado o caso para mim.

( Ora! Um episódio narrado
não é igual ao um fato,
pois na história há palavras
e se se lembra o ouvinte
de coisas visíveis
são coisa imaginadas
pelos olhos não paginadas
com olhos fechados nas paisagens surreais
e não abertos a paisagens reais,
quer seja em obras de arte
ou em natureza exuberante
porquanto coisas visíveis
pode ser imaginadas
ou rebuscadas na memória
já, então com o gosto da imaginação
a pervertê-las, maculá-las,
por nelas um tempo mofo
onde medrou o bolor;
- o que não se dá com coisas vistas
na torrente do existir,
à beira da vida :
estas estão acesas no acervo da memória
e não no cabedal da imaginação,
que faz do artista um caudal
de obras de arte,
miscelânea de memória e imaginação
( um centauro vivo cavalgando Picasso! :
este o artista antes de sua apoteose
- que é seu apocalipse)
O poeta é assim
um alienado de si, sim;
porém não o homem,
que somente se mescla com o artista,
quando aliena a memória na imaginação
ao postular seu pensamento
ou sentimento no  mundo
por meio de uma obra de arte
ou outra forma de opúsculo
para oitiva de organista
do porte de um Buxtehude ou Bach)

Entrementes, parece-me que logrei
convencer minha mãe
não com o rigor de acurada
lembrança visual
demonstrada por mim,
mas porque ela me conhece
desde as entranhas.
Árdua tarefa seria
convencê-la de uma mentira
e se eu fosse mendaz ou fantasista
ela seria a primeira a saber
da fealdade de tal defeito.
Ela sabe que sempre fui veraz
e se deixei enganar
foi por mim,
o que não é o caso "in casu".

Sem embargo, nem desembargadores
a me embargar a liberdade,
falei do tiro que alvejou a galinha,
de cujo destino vim a saber por ela :
a ave foi para a panela
conforme soía ocorrer com os galináceos
que meu pai matava ou furtava,
aos céus  em pombas-verdadeiras e ariris
e na terra aos incautos vizinhos
crédulas criaturas
que meu pai iludia
pondo o sumiço das aves
na conta de alguma raposa
que inventava ele que vira
à espreitar o ambiente;
isso se dava
quando morávamos no mato.
(Velha raposa das fábulas!:
Quanto vento, quanta uva!,
quanta saúva na chuva
que respinga curvas no ar...)

Naquele tempo, já sob Evangelhos canônicos,
( apócrifos não!),
a vida dos homens
ainda  estava a salvo
dos desassisados que tomaram a terra
- de assalto!
e instituíram a escravidão
na esteira da estupidez
que se configurou em doutrina
nos meandros labirínticos
dos meios de comunicação de massa
com os copistas de textos
com suas mentes de xerocopiadoras.

Minha mãe, então, contou-me
que, à época em tela,
estava grávida ("esperando") de minha irmã,
cuja diferença de idade para comigo
é de exatos dez meses (sem matemática!)
- e que eu estava ao colo materno
quanto ocorreu o "indigitado(?)" incidente
debaixo da Betelgeuse ("Alpha Orionis"),
sob a Coma da Berenice
e da cabeleira negra da Medusa.
Adorável medusa!

Assegurou-me, outrossim, minha mãe,
que eu "adorava!" armas de fogo
e, quiçá, por isso, também,
o episódio nunca foi dado por mim ao olvido
nem  fiz ouvidos moucos
aos loucos disparos a espocar
nos meus tímpanos tenros
naqueles idos...

Acho (sem acinte!)
que me lembra até o lugar
onde se fixou esta memória:
era numa casinhola, por certo,
algo torta, qual aquelas
esboçadas e pintadas por Van Gogh,
contígua ao "Colégio do Santíssimo Sacramento".
Contudo, isso pode bem ser, reconheço,
memória em mixórdia
- com imaginação pendular,
pois não tenho memória visual
dos arredores e da rua,
tampouco do exterior do casebre,
que não navegava em prantos
na rua Inácio Quinaud,
o poeta suicida
numa memória douda
que penso guardar
do que minha mãe
supostamente me contou
ou quis eu mesmo,
por conveniência poética,
com licença poética,
assim imaginar
e por em um obelisco
na minha aldeia voltada para dentro de mim
em grito para estribilho de alma rascante
no seguir o voo de ornitólogo
que, logo, no "logos", não sou.
Sou-o a rogo da ornitologia
que clama por mim
nas pombas que rasgam o céu.
( Fico de olho :
- Sou de olho...
na ave, não na ornitologia :
um ornitólogo sou

solto com o besouro
e o tesouro da entomologia.
Entomólogo, logo homologo
um apologo)

O que me entristece
e me cresce em "tristesse"
e tece uma prece dentro de mim,
é não lembrar-me de fato,
ato a ato,
com "pathos" filosófico,
que, enquanto eu saltava freneticamente
no colo de minha mãe,
- minha irmã se remexia no ventre da madre
( Não a madre superiora
do colégio supramencionado,
a qual não era qualquer abadessa,
que desça do pedestal de deusa
em templo cristão,
para-templários,
mas apenas uma mera freira com hábito
e véu negros(nigérrimo!)
ocultando bela cabeleira negra,
de onde surgia tipo a lua branca
parte da bela face
de uma mulher com modos distintos,
flora inquieta)

Todavia o que mais lamento
é aquilo que ficou em quilos
dados ao olvido :
- que eu, segundo ouvi em segundos
evangelhos, na voz de minha mãe,
que, aos oito meses
já era um entomologista
formado ( no vento ou no ventre?),
pois estudava os besouros com afinco
depois da meia-noite
(por isso amo tanto os coleópteros!)
e as formigas saúvas também
(por isso amo os himenópteros,
mormente os com asas
no tempo das águas?!,
senhor Deus de Moisés,
que era gago, ou tartamudo,
e Aarão, que não era gago,
mas tinha um nome bom
para o tartamudo irmão tartamudear).

Pena que me não recordo
da vez em que, com a habilidade,
que minha mãe me disse
que me era peculiar,
eu pegara uma saúva
e a colocara no berço
da minha irmã recém-nascida,
num ato de crueldade infantil
da qual tenho saudade
para gáudio da minh'alma aristotélica
e desfalecimento dos hipócritas,
gente que nem Jesus perdoou.
( Jesus sabia quem merecia a remissão
e quem a danação das Danaides).

Que me "pendoem"
mas me não  perdoem
estes atores e autores da farsa
cabalmente perpetrada por eles
- que crucificaram
queimaram Cristos em fogueiras exteriores
e nas fogueiras que são suas vanidades.

Porém "tudo é vaidade"
assevera o Predicador
perdoando-os
- antes de Cristo
( porque eles, os hipócritas,
ignorantes que são
não sabem que antes de queimarem outrem
eles jã se queimaram e se crucificaram
mesmo ( e muitas vezes!)
depois de mortos em vida
- mortos por eles próprios
que se odeiam tanto
que o ódio, o despeito, a inveja, o rancor...
que os atribula a existência
transborda para o mundo
e essa enxurrada de regurgitação do mal
afoga o homens
antes  que possam ser de queimados,
torturados,  crucificados
também se nutrindo por enganados,
esganados e, assim, danados,
dos pesticidas presentes nas crucíferas,
que não são sãs feras
como os homens...
- que são santos e demônios
na alma da nicomaquéia
que passou ao latim
e depois à entidade cristã
com outro móvel
- movimento que tirou a alma
do ânimo do animal
( A palavra em latim me "anima",
mas desanima os etimologistas em Cristo.
Que sol os cresta, crespo Cresto?!)).

Pobres não são os diabos,
mas estes pobres-diabos :
- os hipócritas, esses danados!

Com toda essa arenga
não quero ter a pretensão
de convencer (converter) o amigo,
ao meu credo, que é irrelevante,
ou ao meu cruz-credo! de todos os credos,
credores e crediários;
pois isso seria contra a minha filosofia
da qual sou livre.
( Minha liberdade só esbarra na medusa
quando a barra da alva
solta seus cabelos
que me envenenam :
é a cobra e o rato!
Só não sei quem é a serpente
nesta história predatória...)

A minha,quase-minha!, filosofia,
a qual não me apego,
( como poderia me apegar às alheias!)
constituída por porções ( poções?!)
ou pedaços tortos
em línguas tortas para mim
de muitos filósofos,
que vieram de cambulhada
depois de uma queda da torre de Babel
sobre meu cérebro em chamas.
Por isso, minha quase-doutrina
não tem a presunção burlesca
de nada querer provar
com ânsia de prosélito,
com fanatismo sectário religioso.
( provar é sempre mentir em conjunto
no contexto e em  texto probante)
e seria contra minha ( quase-minha!) filosofia
que é verdade de eremita,
aletheia de poeta azul,
paixão de enamorado da medusa,
demência de cavaleiro andante,
provar qualquer coisa, ato ou fato,
mesmo porque o que tenho
é licença poética
para não provar nada
e penso ancho,
mas não acho,
que minha verdade
-  é verdade verde
furtada à cor do violinista verde
- verdade que só vale para mim!,
enquanto verdade viva,  vital,
e não a verdade avençada
para paz e pasto ao rebanho,
- verdade de pasto, pastoral
 e o pastor de ovelhas.

Tampouco tenho a presunção brutal da lei
confeccionada sob medida
para prender a canalha
e os canalhas e arrivistas
que estão no timão
da nau dos insensatos

Antes os poetas Hesíodo e Homero
eram os doutos e eruditos
que formaram mentes
tipo Ésquilo, Sófocles, Aristófanes,
que deram em filósofos do porte de Platão;
eles escreviam poemas gigantescos
e não se pensavam em prolixidade
porque usavam a poesia para pensar
através da visão do belo nos versos
e nas imagens e metáforas;
sabia-se que não eram prolixos,
mas filósofos que uniam a beleza à verdade,
o útil ao agradável,
na união  do ser de Parmênides, o eleata,
que escreveu em versos.
Hoje uns poetastros
escrevem duas estrofes
ou três versos para simplórios
e se imaginam versáteis e econômicos,
quando não passam de encômios
cômicos e incômodos até para Cômodo,
um imperador de Roma.

Outrossim há uns Filostratos
que enchem mil páginas
e milhões de animais vestidos,
paramentados pára um ritual,
com um assunto monocórdio
que lembra um coração partido
que vai ao médico com arritmia severa....
( Isto não tem fim, Fábio...
(Gostaria de conhecer o deus epicúreo,
o deus dos jardins,
grande desprezador dos homens,
que escrevera trezentos livros
- num jardim!
Diz Nietzsche que Epicuro
passou anos para ser reconhecido na Hélade,
se é que sua doutrina é compreendida hoje!
Imagine Husserl
que escreveu 40.000 páginas!)
(Espero que a física quântica
consiga realizar a travessia
pelas dobras do tempo...
- se é que a doutrina quântica
e a equação de Einstein
não passe de mera formalidade contextual
ou passe de mágica ( mágico, mago!)
ou outro tipo de passe...
Que passe!
- de passista no samba, mulata
com cara de dama de Picasso! :
um impasse na arte
de passar um olhar pelo existir
com geometria irisada no olho
- euclidiano...)). 

( Excertos do opúsculo do organista da Igreja de Saint-Sulpice : "Escolha de Luares para o Pastor Enamorado pela Medusa : um Poeta Árcade Árabe que não Sabe a Cajado nem a Mar Arabescado")


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sábado, 16 de fevereiro de 2013

EPICURO(EPICURO!) - enciclopedia enciclopédia


Bem-nascido...
- mal nasci e recusei o seio de minha mãe,
então pletora:
ato número um de sublevação.

Nasci sublevado
conjurado mineiro
cresci insurreto
porém reto
direto no direito
diletante no dilema :
digesto à dieta
em indigesto regime.

Por volta dos oito meses
falava tudo, cantava, arremedava bichos
e estudava, depois da meia-noite,
sob meia-lua ou lua inteira,
na não forma de foice (falciforme)
-  estudava besouros
os quais, posteriormente,
 aprendi a denominar "coleópteros"
graças a um amigo
cujo nome era o do inventor do rádio
( mas não das ondas senoidais).
Para mim, na minha etimologia,
esta palavra pertence àquele amigo
hoje separado do corpo
pela foice da morte
que ceifa na hora da ceifa
- que vitima a vindima.
( Tudo isso são versos da poesia de minha mãe,
hoje não mais pletora,
mas um macróbio
a caminho do pesadelo de Alzheimer).

( O mal de Alzheimer é uma demência,
sendo demência tudo que mitiga
a capacidade cognitiva.
Seriam dementes para fora,
no bota-fora com alforria da ciência
e seu padrões tópicos,
às vezes utópicos,
num âmbito mais amplo, ancho
deste conceito psiquiátrico,
todas as pessoas
cuja mente ou intelecto
tem capacidade cognitivas limitadas?!
- sob doença ou não?
Vendo assim ancho
essa concepção do mal
do médico Alzheimer
se infla num anjo gordo.
Pobre Alzheimer!))
(Parkinson outrossim descobriu um mal
que cavalga a galope de Apocalipse, cataclismo...;
tão-só Platão desvelou o bem
no alumbramento da aletheia.
Ainda bem!,
que nem tudo vá bem mal)).

Aquele meu amigo
que me forneceu os instrumentos para pensar
- tornar-me pescador na barcarola
de homens e epicúreos
cheios de tédio
deste mundo de criaturas
(que se atura
até que tolerância satura!!)
- criaturas afogadas pela demência
que paira divinamente,
em companhia da Moira,
sobre o espirito pensante
- e mercante.

Aquele ótimo amigo jamais conheceu
- nem eu,
nenhum Epicuro,
só epicureus, cepas de maniqueus, jebuseus...,
- homens que não tiraram o pensamento de si,
mas de outrem,
dos homens judiciosos.
Criaturas dementes,
tementes, sem mente
e sem necessidade do desenho
concebido por Alzheimer
para algo que doa,
- ocasione muita dor,
porquanto a demência
nos animais que vagam em rebanhos
não é inata
mas adquirida
na histeria do rebanho
que fácil estoura
no pânico invertido no mata-mouros,
ferrabrás...

Aquele lídimo amigo
morreu de forma triste e lamentável
e o seu cadáver,
ao que consta de relatos sucintos,
estava horrível e enegrecido.
Ele, que fora belo em vida,
sábio e erudito,
ingênuo e nobre,
faleceu sob o peso da tragédia
que assola a todos os mortais.

Toda a morte é feia :
bela é a tragédia
- que tem o fito
de ocultar no sublime
o horror do esgar
na face da morte,
que é a máscara do morto,
mortuária máscara
na cara do homem morto
que não encontra mais destino,
mas sim sino que bimbalhe
num macabro baile
e carpideiras que espalhe
- o vento vão
sem sangue de coração
nos olhos de quem olha
para o nada exposto:
o homem morto,
um anjo morto,
ancho, gordo de vermes.

Tão-somente o "pathos" filosófico da tragédia
avocada pelo filósofo Nietzsche
a compor um penso penoso no apenso,
pode salvar o homem
na Paixão de Cristo
- uma tragédia genuinamente grega
para arameus, cananeus, amorreus
e muitos outros eus
metidos no capote dos adustos
Augustos dos Anjos ateus,
com maus augúrios
nos versos do poeta "Augusto" ,
coveiro, caveira e corvo da poesia lírica.

( Conto que contarei,
cantarei
minha história
em cápsulas de memória
e resquícios de Moiras
porquanto os conceitos
não cabem na vida
muito menos as palavras sem ar
daqueles que não respiram
a pira flamejante
que queima meteoricamente
uma inteligência emancipada,
milagre raro de demiurgo raro,
porém fato na personalidade de Van Gogh,
Epicuro de Samos(Epicuro de Samos!)
e poucos outros.

O que somos
Epicuro de Samos?!
Pergunta aquele que estudou entomologia
sem o logos grego,
no âmbito do pensamento mágico
de uma criança recém-nascida.
( Não responda dos túmulo dos signos,
Epicuro de Samos
corpo em retorno á terra
e alma em movimento contínuo
na dança dos signos
que faz dançar o pensamento vivo,
eterno no cavar os signos
nos pensamentos dos leitores
e leitoras "pletores", pletoras).


( Excerto da obra "Da Engenharia e Reengenharia da Bruxa" )

Ficheiro:Valkyrie Copenhagen.jpg
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sábado, 9 de fevereiro de 2013

RETORQUIU(RETORQUIR!) - etimologia etimo lexico


Ao vê-la pela primeira vez
fiquei tão impressionado
( impregnado pelo impressionismo!)
 com tudo o que vi nela
do passo à postura,
vestes, modo de andar,
cabelos e, principalmente,
um profundo desprezo
pelos homens e mulheres
deste mundo
menor que ela,
que arguí ao colega mais próximo
quem era aquela mulher
tão esplendorosamente bela.
O colega retorquiu ( ou tossiu?!... pigarreou...)
que  marido dela era riquíssimo.
Então , pensei ( para me consolar?!)
que nenhum homem pode der tão pobre
a ponto de poder
ofertar apenas dinheiro,
nem tão rico
que pudesse oferecer
tão-somente inteligência,
sabedoria, erudição...
- mas mais, muito mais;
amor apaixonado
de pastor apaixonado
e cavaleiro andante devotada
á mulher amada
assim como o foi Dom Quixote de La Mancha,
o Cavaleiro da Triste Figura,
símbolo do homem
em seus caminhos....
- um caminhão! :
caminheiro a caminhar
acariciando as ervas daninhas
com olhos
- nas boninas.

Era uma mulher bela
tão bela era
que nela
a luz incidia
como se fora ela
a única mulher a bela
na terra de tantas mulheres
e raros homens
- de verdade.

Quão bela era ela!
Uma beldade
na qual vi
a luz pela primeira vez.

Jesus! A luz
sem piedade de mim
iluminava apenas uma mulher,
dava-a á luz
em minha presença
de olhos arregalados,
a cintilar, fulgurar
no olhar da paixão,
do amor à primeira vista,
do alumbramento do poeta do Recife,
dos arrecifes...
os quais não arrefecem....

Era como se meus olhos
dessem à luz
uma mulher bela,
na idade da fêmea,
plena na majestade da saúde
que faz de qualquer idade
uma deusa da juventude
a se exprimir na beleza
desenhadas a dedos por Deus
nas linhas do rosto,
nos cabelos bastos
pretos retintos
a brilhar feito estrelas negras
-  regra na noite
nas suas madeixas nigérrimas
com deixas, mechas
e endechas em pouco queixume,
mas muito lume
no  meu versejar
ao leu no breu
passando no céu
em mocho e morcego cego
que Jesus não curou,
mas a natureza pôs
um sonar empós as alvas.

Quando a vi
- vi-a subindo as escadas
( Mulher subindo as escadas
de Marcel Duchamp...)
e via a luz à gelosia
como uma Via
( uma Via Cassia!)
iluminando-se na face dela,
pois ela era a luz
e a luz - trevas.

Digo que ela era bela,
( belíssima!),
porque ao consonar
com o filósofo ou pensador pré-socrático,
Heráclito de Éfeso,
creio que ninguém
pode por duas vezes
encetar e terminar
a travessia de um rio,
pois na segunda travessia
o primeiro rio
já é um segundo rio,
assim como os Evangelhos,
ou mesmo outro rio
ou, ainda, outros rios
com átomos no amplexo
que formam o amor
que cria as águas
sobre as quais o espírito do Senhor paira,
mas não para nunca
de rir de mim
com ricto ruim
e uma lágrima sem sal,
insipida, inodora,
porém com bastante sódio
em solitude no solo
e solilóquio atômico
sem o dueto
que forma o bicarbonato
- de sódio
descrito em linguagem química,
poesia em pó, alquímica,
rítmica na mímica
dos signos e símbolos
da Tabela Periódica dos Elementos
descoberta pelo intelecto
do sábio Mendeleiev
- um barba-russa da Rússia
dançante no balé de Stravinsky
na obra abstrata do filósofo-pintor Kandinsky
e nas odes pictóricas de Marc Chagall....
dono de um domo
na aldeia congelada na imaginação fértil
do poeta-filósofo que escreve em mim
com sangue no estilete
num crescendo Crescente Fértil.

Disse que ela era bela,
mas foi para consonar
com o pensar de Heráclito, o obscuro :
Ela continua bela
passando por outro arroio
pensado por outro filósofo do vir-a-ser,
que come arroz no arrozal.
Um pensador que não
aquele Heráclito,
próximo a Aquiles,
a fluir, fluminense, fluvioso, efluvioso,
em não-pluviosidade,
mas fluviosidade
indo a chorar,
por lágrimas da madrugada
( orvalho, rocio, aljôfar)
em outro afluente do ribeirão d'outro douto,
erudito, sábio Heráclito
- este, longe de Éfeso e dos efésios...

Ela continua não-nua,
contida (eu incontinente!),
dando a luz aos meus olhos
- dando a luz à luz
mesmo no lusco-fusco...
- tão bela que ela é! :
que chama a luz
para radiar em seu semblante
radiante
- radiante sol!

Foi ela quem
deu à luz os meus olhos
e ao meu olhar
quando a vi
com toda a beleza da mulher
e de todo o universo
enfeixado em seu ser :
corpo e alma.
( Deus pode ser visto ali,
naquele momento,
naquele olhar,
naqueles olhos refletindo ( defletindo?!)
aquele corpo
e aquele alma de mulher!).

 Antes eu era um cego, Jesus!,
- mas ela realizou este milagre
de me fazer enxergar
- a mulher
somente nela.

( Todos os Apócrifos da Medusa
podem ser lidos nela
porque nela estão escritos
por este escriba.
Não são a descrição dela,
mas sim ela escrita
para todas as linguagens e línguas ).

Este poema é uma descrição sucinta
e fidedigna da Medusa;
faz jus à  sua beleza inexcedível,
majestática e imperecível.

( Extrato dos "Apócrifos a Dois Passos da Medusa e a um Tiro do Paço de Alhambra ", textos em versos de um filósofo-poeta-pastor apaixonado).



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