Bem-nascido...
- mal nasci e recusei o seio de minha mãe,
então pletora:
ato número um de sublevação.
Nasci sublevado
conjurado mineiro
cresci insurreto
porém reto
direto no direito
diletante no dilema :
digesto à dieta
em indigesto regime.
Por volta dos oito meses
falava tudo, cantava, arremedava bichos
e estudava, depois da meia-noite,
sob meia-lua ou lua inteira,
na não forma de foice (falciforme)
- estudava besouros
os quais, posteriormente,
aprendi a denominar "coleópteros"
graças a um amigo
cujo nome era o do inventor do rádio
( mas não das ondas senoidais).
Para mim, na minha etimologia,
esta palavra pertence àquele amigo
hoje separado do corpo
pela foice da morte
que ceifa na hora da ceifa
- que vitima a vindima.
( Tudo isso são versos da poesia de minha mãe,
hoje não mais pletora,
mas um macróbio
a caminho do pesadelo de Alzheimer).
( O mal de Alzheimer é uma demência,
sendo demência tudo que mitiga
a capacidade cognitiva.
Seriam dementes para fora,
no bota-fora com alforria da ciência
e seu padrões tópicos,
às vezes utópicos,
num âmbito mais amplo, ancho
deste conceito psiquiátrico,
todas as pessoas
cuja mente ou intelecto
tem capacidade cognitivas limitadas?!
- sob doença ou não?
Vendo assim ancho
essa concepção do mal
do médico Alzheimer
se infla num anjo gordo.
Pobre Alzheimer!))
(Parkinson outrossim descobriu um mal
que cavalga a galope de Apocalipse, cataclismo...;
tão-só Platão desvelou o bem
no alumbramento da aletheia.
Ainda bem!,
que nem tudo vá bem mal)).
Aquele meu amigo
que me forneceu os instrumentos para pensar
- tornar-me pescador na barcarola
de homens e epicúreos
cheios de tédio
deste mundo de criaturas
(que se atura
até que tolerância satura!!)
- criaturas afogadas pela demência
que paira divinamente,
em companhia da Moira,
sobre o espirito pensante
- e mercante.
Aquele ótimo amigo jamais conheceu
- nem eu,
nenhum Epicuro,
só epicureus, cepas de maniqueus, jebuseus...,
- homens que não tiraram o pensamento de si,
mas de outrem,
dos homens judiciosos.
Criaturas dementes,
tementes, sem mente
e sem necessidade do desenho
concebido por Alzheimer
para algo que doa,
- ocasione muita dor,
porquanto a demência
nos animais que vagam em rebanhos
não é inata
mas adquirida
na histeria do rebanho
que fácil estoura
no pânico invertido no mata-mouros,
ferrabrás...
Aquele lídimo amigo
morreu de forma triste e lamentável
e o seu cadáver,
ao que consta de relatos sucintos,
estava horrível e enegrecido.
Ele, que fora belo em vida,
sábio e erudito,
ingênuo e nobre,
faleceu sob o peso da tragédia
que assola a todos os mortais.
Toda a morte é feia :
bela é a tragédia
- que tem o fito
de ocultar no sublime
o horror do esgar
na face da morte,
que é a máscara do morto,
mortuária máscara
na cara do homem morto
que não encontra mais destino,
mas sim sino que bimbalhe
num macabro baile
e carpideiras que espalhe
- o vento vão
sem sangue de coração
nos olhos de quem olha
para o nada exposto:
o homem morto,
um anjo morto,
ancho, gordo de vermes.
Tão-somente o "pathos" filosófico da tragédia
avocada pelo filósofo Nietzsche
a compor um penso penoso no apenso,
pode salvar o homem
na Paixão de Cristo
- uma tragédia genuinamente grega
para arameus, cananeus, amorreus
e muitos outros eus
metidos no capote dos adustos
Augustos dos Anjos ateus,
com maus augúrios
nos versos do poeta "Augusto" ,
coveiro, caveira e corvo da poesia lírica.
( Conto que contarei,
cantarei
minha história
em cápsulas de memória
e resquícios de Moiras
porquanto os conceitos
não cabem na vida
muito menos as palavras sem ar
daqueles que não respiram
a pira flamejante
que queima meteoricamente
uma inteligência emancipada,
milagre raro de demiurgo raro,
porém fato na personalidade de Van Gogh,
Epicuro de Samos(Epicuro de Samos!)
e poucos outros.
O que somos
Epicuro de Samos?!
Pergunta aquele que estudou entomologia
sem o logos grego,
no âmbito do pensamento mágico
de uma criança recém-nascida.
( Não responda dos túmulo dos signos,
Epicuro de Samos
corpo em retorno á terra
e alma em movimento contínuo
na dança dos signos
que faz dançar o pensamento vivo,
eterno no cavar os signos
nos pensamentos dos leitores
e leitoras "pletores", pletoras).
( Excerto da obra "Da Engenharia e Reengenharia da Bruxa" )
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