O homem se rebaixou
E abaixo das ervas
Onde está, jacente,
Tal qual o rio à jusante,
De indivíduo foi transmutado em povo,
Sendo o homem
individual
Na categoria de substância
A primeira substância,
A substância-prima, o sujeito
De que trata o
filósofo Aristóteles
Em seu tratado sobre as categorias ;
Portanto, deixou de
ser o sujeito gramatical ,
O sujeito lógico e ontológico,
A consonar com a metafísica do estagirita
Que, outrossim, versa sobre as categorias.
Mister educar o povo,
Que deixou de ser homem,
Para ser massa amorfa,
Para deixar os poetas
Viverem em paz,
Porquanto morrer já não importa
Se é torta a sebe
Por onde a liana sobe
Aliada ao léu
Que voa pela céu
Qual no téu-téu
Ateu de mel,
Amante sob dossel
O beijo sob o véu
Colhendo da noiva de Klimt
Mestre da art nouveau
E quase do nonsense.
Educar o povo parvo
Para que seus alcaides
E seus barões assinalados pelo estro de Camões
E seus leiteiros desmamados do estro de Drummond
E suas futuras assombrações pelas vielas tortas, mortas,
Quase piegas no estro de Quintana
Na madrugada que é uma porta
Aberta ao madrigal do trovador provençal
De gaia ciência, gai saber, gaia sabedoria
Descrita da pespectiva de desdita de Nietzsche
Com foles de cata-ventos
- que faça o alcaide, do alcácer,
Permitir por olvido
Que as cidades possam
respirar,
andar descalças
no rasto dos carmelitas descalços,
filhos humílimos do profeta Elias
que saiu do Monte Carmelo
onde havia uma escola de profetas
onde haviam já, à época,
poucos homens e muito povo,
ensaindo ensinar
o que Deus ensinou aos profetas profanos
e aos poetas sacros
descritos na etnografia anteMalinowski
e nos ensaios e geoglifos
ou escritos com glicose
tracejados pelo Ancião dos Dias
que cuida de alva e noite
- para ele tudo noiva
Do seu filho Jesus.
A mole dos edifícios,
Toda a massa seca de concreto armado
( armado contra a umidade!,
Contra as guelras dos peixes!,
As brânquias (Oh! As brânquias!),
O asfalto que não absorve a água,
A ausência de árvores, ervas, lianas,
Formas arbustivas de ipê roxo
A pintar a aquarela
para o artista naturalista,
Enfim, todo um labor de joalheiro com vidros,
Que somente seguram besouros batedores,
Uma batedora das abelhas, das vespas, formigas...
Um batedor dos cupins não há
Porque os cupins
Vem para ficar, não enviam batedores,
Nem emissários,
- tudo isso arrolado
E não elencado e concerto
Seca a seca na boca,
Enxuga a água na boca,
E vai tirando de nós,
de cada um, um por um,
o peixe que somos
na água mitigada em umidade,
que são nossas brânquias
aparelhadas no ar,
- isso depois que saímos do mar e do rio,
Após nossa fase e face de anfíbios,
Mensuradas em tempo geológico,
- batráquios que
morreram aos montes santos,
- insanos!,
Empilhando com seus corpos
montes de mortes,
montanhas de mortos...
( Secos da seca do nordeste de Graciliano Ramos
Os tristes olhos do desespero
Mesclados com meia-morte
Da minha irmã “Pietà”
Que perdeu o filho
Para a hipocalemia,
Pregado à cruz da hipocalemia!).
Todavia, hoje,
O que quero com o quero-quero,
Do quero-quero,
É ir pelos ermos
fazendo fazendas,
Mas não somente pelos ermos
Ir plantar ermidas para anacoretas
Em meios aos edifícios,
fazendo fazendas
Até que o campo
E os campesinos mudem para cá,
Pois melhor seria que a cidade e a metrópole
Se bifurcasse em duas
Com o campo em meio ao concreto
Paulatinamente desarmados,
Não mais desavorados,
Mas com árvores plantadas
Até no corpo do homem,
Pois é assim no homem
Que não é povo, mas um ser,
Um ser algo jardim do éden e de Epicuro,
com árvores da vida e
do conhecimento.
( Claro como água benta
Que o clima responde
mais pela umidade
Que a cidade em felicidade,
Porém há um clima
Entre o homem e a cidade
Tal qual o clima
Entre o homem e a mulher
Que se amam à sombra dos outeiros :
E também uma química, uma alquimia
- um clímax! )
Mas que o campo continue
A ser só o campo
Com casa de campo
Homem do campo
Cavalo campeão
Vaqueiro e peão
Menino e pião
Cantor e canção
No sertão da serra do matão
Em algum gerias que fala por si,
Grita no estribilho do gavião
Que sobrevoa o vôo a planar.
O homem virado em povo
Não sabe nem mais respirar,
Nem mesmo que é essencial respirar,
Pois perdeu a autonomia
E se transformou em
autômato :
Terá que aprender com políticas respiratórias,
Pois tudo vira política
Enquanto o bom e belo
besouro vira-bosta
Cumpre sua vida simples
Sem praticar ioga
Ou que estiver em voga
No mundo dos escaravelhos,
Velhos, vetustos coleópteros
De asas negras
E vida alva como a Alba
Que se anuncia em clarim
e renuncia a caserna
que prenuncia o festim,
o florete do espadachim...
Deixem-nos livres
Girando girinos
Gerando gerânios
Na gira não-geométrica
Dos mistérios dionisíacos.
(PARA O LIVRO “ Recolha de poemas em ditirambos Escritos no
Corpo de Baile das Grandes Dionísias”).
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