Foi alienado a mim um bem imóvel do poeta
de versos e versificação ao vermelho da amora
com queda angelical no rosicler
da manhã que manca
ainda com o sono pesando nos olhos zarolhos:
de versos e versificação ao vermelho da amora
com queda angelical no rosicler
da manhã que manca
ainda com o sono pesando nos olhos zarolhos:
oníricos abrolhos
( Não!, de dentro dele
( Não!, de dentro dele
- do sono ao hemistíquio do sonho,
de suas entranhas estranhas,
de suas entranhas estranhas,
hemisféricas no olhar de pestanas fechadas,
não saiu a caminhar
um poeta Verlaine!
- rumo ao absinto
servido em um Café de Paris
não saiu a caminhar
um poeta Verlaine!
- rumo ao absinto
servido em um Café de Paris
às margens do Sena
curso d'água nadando em si
- písceo ser elétrico
barométrico... )
O esteta que lá vivera e cantara
O esteta que lá vivera e cantara
o lá lá lá da nota lá, no musical,
em lá maior ou menor,
conforme o arpejo sem pejo dos acordes
- pintava quadros ingênuos
duma candura de duma estética
que se refletia nos versos
de poemas versando sobre Nossa Senhora
duma candura de duma estética
que se refletia nos versos
de poemas versando sobre Nossa Senhora
e sua imaculada candura
e concepção virginal
Latinista emérito
poliglota
conhecedor de filosofia
professor de matemática
- um erudito como sói serem os poetas
que enfrentam o jângal
qual fera selvática
cuja sanha de matar é mais sutil e violenta
que as das bestas microcéfalas
( O poeta é um deus silvestre
que sopra avena
cujo som vai boindo sobre as ondas
que sopra avena
cujo som vai boindo sobre as ondas
qual navio ou nave e ave
no cosmos que é a selva impenetrável
intrincada no obscuro da umidade
regada
no regato...
floresta intransponível
- presa ao cipoal
pela cauda preênsil do primata
dilacerada pela mandíbula e garras do predador
que salta no tigre de tocaia
- presa ao cipoal
pela cauda preênsil do primata
dilacerada pela mandíbula e garras do predador
que salta no tigre de tocaia
na onça de atalaia
e que, ao mesmo tempo,
e que, ao mesmo tempo,
voltando a ser o poeta,
quando livre da possessão diabólica da fera,
a fim de tolerar a hipocrisia humana,
a fim de tolerar a hipocrisia humana,
baixo luar de sertão tão vão nas grotas,
amealha um vasto conhecimento universal
amealha um vasto conhecimento universal
para que o poeta se afaste
em latifúndios, léguas e alqueires de versos de virtuose
que alheia o bardo dos homens
que alheia o bardo dos homens
talahados na pedra
para ser escravos sociais e pessoais
para pder gozar da tolerância dos senhores do universo
para pder gozar da tolerância dos senhores do universo
sem verso de anacoreta bizarro
dissidente refugiado no inverso
ou no anverso da prosa
e do prosaico )
Homem morigerado
empertigado
cheio de manias
esgares trejeitos rictos
solteiro convicto
solene no trajar
no contato social
econômico nos vocábulos
contido
afetado
com um quê de efeminado
nos modos de megera irascível...
Enfim, um ermitão de brio
em meio ao burburinho estúpido
da arraia-miúda a se proliferar,
do rebotalho a chafurdar na lama,
prolíferos e supérfluos
mas necessários à base da pirâmide
que sustem os nababos privilegiados
Homem morigerado
empertigado
cheio de manias
esgares trejeitos rictos
solteiro convicto
solene no trajar
no contato social
econômico nos vocábulos
contido
afetado
com um quê de efeminado
nos modos de megera irascível...
Enfim, um ermitão de brio
em meio ao burburinho estúpido
da arraia-miúda a se proliferar,
do rebotalho a chafurdar na lama,
prolíferos e supérfluos
mas necessários à base da pirâmide
que sustem os nababos privilegiados
na raiz não-quadrada do nabo
Aquele homem personalíssimo
não era nenhum poeta Verlaine
a entrar e sair livre
do bar e da poesia
embriagado!
uma das poucas formas de evasão do tédio amarelo
a entrar e sair livre
do bar e da poesia
embriagado!
uma das poucas formas de evasão do tédio amarelo
em página
que sopra a alma
para outro flautim
de serafim chinfrim
de brim, bebericando gim )
Ele vivia na casa
a plantar e sachar
por em gaiolas aves canoras
e conviver com uma seriema
entre árvores e arbustos
sonhando com bustos
que sopra a alma
para outro flautim
de serafim chinfrim
de brim, bebericando gim )
Ele vivia na casa
a plantar e sachar
por em gaiolas aves canoras
e conviver com uma seriema
entre árvores e arbustos
sonhando com bustos
sem sustos com Súcubos e Íncubos fletidos
- na esteira da flecha de Zeno de Eléia
Havia uma pérgola
onde uma parreira
dormitava em uvas;
um pé de carambola
outro de pinha
uma palmeira com cocos
Havia uma pérgola
onde uma parreira
dormitava em uvas;
um pé de carambola
outro de pinha
uma palmeira com cocos
na palma da mão esverdeada
segurando um vespeiro pululante de vida
e, por fim, e por mim ( porque não?! )
e, por fim, e por mim ( porque não?! )
um pé de canela
ou uma caneleira
que envolvia a todos
com um olhar verde
com um olhar verde
de violinista que afeta o espírito
pelas ondas que dançam no ouvido
Acabei com a vinha
decepei a caneleira a golpe de machado
mas ela voltou a florescer
e então a deixei em paz pura,
Acabei com a vinha
decepei a caneleira a golpe de machado
mas ela voltou a florescer
e então a deixei em paz pura,
na pureza da paz da pomba,
ao arredor de suas folhas
cuja infusão proporcionava um bom chá
de delicioso aroma e sabor
Depois alienei o imóvel
e veio outro ignorante
destruir o restante do vegetal
que habitava no fundo do poeta ;
o restolho da ceifa
no sono da palha
ao arredor de suas folhas
cuja infusão proporcionava um bom chá
de delicioso aroma e sabor
Depois alienei o imóvel
e veio outro ignorante
destruir o restante do vegetal
que habitava no fundo do poeta ;
o restolho da ceifa
no sono da palha
no verde do lodo
ficou exprimida e espremida
a última alma do poeta
que por ali a tergiversar à vontade
( Quando acabará o lastro vegetativo
que mantém o ser humano vivo
abraçado aos vaga-lumes
que já não erram pelos caminhos do céu noturno
corrigindo trevas
e aos miosótis que pintam o azul
nos olhos que descem ao rés-do-chão?!
- Quando deixar de vir-a-ser
um poeta Verlaine,
( Quando acabará o lastro vegetativo
que mantém o ser humano vivo
abraçado aos vaga-lumes
que já não erram pelos caminhos do céu noturno
corrigindo trevas
e aos miosótis que pintam o azul
nos olhos que descem ao rés-do-chão?!
- Quando deixar de vir-a-ser
um poeta Verlaine,
à deriva,
sempre á deriva?! )
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