quarta-feira, 29 de junho de 2011

TÉTRICO (wikcionario wik dicionario etimologia etimologico onomastico)

Uma tarde-noite
lusco-lusco no fuso da abóbada celeste
vi algumas nuvens passando
numa velocidade insólita
( O lusco-fusco é um verbete
no dicionário ou enciclopédia da noite
- um apontamento para a madrugada subseqüente
enregelada no glaciar da Patagônia
com a sequela do terror no ar rarefeito
na dispnéia dos pesadelos com Íncubos e Súcubos
na obra pictórica de Fussli
- um retrato sem daguerrótipo da noite
Escura na alma aflita )

Pareciam, as nuvens passageiras,
fac-símile de fantasmas
sob os clássicos lençóis alvacentos
esgarçados no matiz para uma ausência de cor
da garça branca
nada cromática ave magérrima
longo pescoço
- esgarçada nas nuvens implumes
com plumagem de gaivota-hiperbórea
- nada, nada nefelibata
bípede emplumado
com as patas plantadas na lâmina d1água do lago
enquanto o lago é peixe
nadando na piscina
- que o písceo nada na piscina
e (idem!) na piscicultura belicosa
do latim pagão de Roma dos Césares
a começar a arenga em Júlio César
escritor em campanha de general
ditador na República romana

As nuvens cantam a garça
exprimem rapsódias de garças geométricas
no desenho racional de Euclides
( miríades de Euclides
saindo do cupinzeiro
qual térmita, mariposa lépida
com o fito de espargir a semente da geometria
pelo mundo civilizado depois de Alexandre Magno
até marco aurélio do Império romano!...)

Ah! a graça da garça branca!
antes da barra da alva
lavar a flor de laranjeira
com abelhas operárias
mel e orvalho matinal
para quem pisou outro rocio
( ou atravessou o Rubicão! )
depois de passar a madrugada
no mundo onírico
de onde levantou com o sol no levante
para amar a luz viva
de outra aurora com alma
a espreguiçar no corpo vivo
depois dos passos sobre o aljôfar
arroio sem rumor
brotando da madrugada em vergônteas
dissimuldas nas trevas
medrando a medo
( A madrugada é a hora de alma
queda no corpo
quedo no leito
com o sonho dentro
a nadar a cavaleiro sobre o cavalo-marinho
no mar vermelho
revisitando o sangue
mar-oceano em clave no corpo humano
até que o homem seja trespassado
a fio de espada
e a água vire pó em segundos!
por ordem do românico império
múltiplo nos cavaleiros do Apocalipse
segundo a visão do profeta judeu
que assim descreveu o mundo da besta
pródiga em chifres! )

Todavia, vida de ave pernalta
com asas brandas-brancas
a adejar sobre a brandura da lagoa
em mansuetude de Jesus
no lago plácido
com plumas matizadas na brancura-alvura pura
flutuando suaves no canto vocal da nomenclatura de Lineu
em latim de missa
língua com a qual o sábio erudito
imortalizou a ave
a flora e a fauna
numa espécie nobilíssima
de poema de amor de naturalista
- autêntica epopéia digna da Musa
cantando a beleza coral do canto trágico dos gregos
emulando o belo poema épico : " A Eneida!"
da lavra de Virgílio Romano
ou a obra magnífica do excelso poeta latino Lucrécio
epicureu, epicurista de gênio
da pena do qual foi editada a obra "De Rerum natura"
com fulcro na filosofia de Epicuro de Samos
filósofo grego que fundo a doutrina do epicurismo
uma intuição genial da ciência moderna e coeva

Lineu deixou como legado de sua erudição
e inteligência viva e natural
um glossário da língua e da filosofia natural
na forma de nomenclatura binominal
que ainda contém sua alma viva
na inteligência viva aplicada à ciência taxionômica
- na sua taxionomia navega no ar
seu espírito encravado na alma
e esta grafada indelevelmente no pensamento
dentro de sua alma
conservada em gênios da natureza
escrita na estela dos genes

Naquele arrebol
as nuvens fugiam no vento
com almas de fantasmas
em formas fantasmagóricas
que mostrei à minha filha
quando ela tinha nove para dez anos
tempo que eu olhava para o verde do abacateiro
assomando sobre o telhado
da casa onde minha companheira
era a melancolia
a me espicaçar...

Assombrações, abantesmas, visagens de cemitérios
( a casa ficava nas era adjacências da necrópole
praticamente contígua ao campo santo)
meras sombras com algo de macabro, lúgubre
tétrico nas trevas a se reproduzir furiosamente
- seres que não estão fora do homem
não estão na existência natural
mas dentro da mente humana
apenas nesta forma de existência fictícia
enquanto seres dados pelo pensamento humano
porquanto para o homem
há uma existência intrínseca
onde convivem um acervo de seres
criados pelo pensamento
e que não têm existência de fato
porém apenas em ato
- no ato de pensar e imaginar
os seres dos sentidos internos
genuínos monstros de Frankenstein
modelados à base dos seres
percebidos pelos sentidos externos
na mixórdia entremeada de sonho e vigília
- noite apagada e dia aceso
madrugada em carvão
dilúculo em brasa
tempo Carbonífero ou Carbônico
éon Fanerozóico
sucessor do Devoniano
precede o Permiano
Eras, Épocas, Períodos
para as rochas calcárias
- tempo sem o homem
na Gondwana e na Pangéia
quando a vida vem montada na cavalinha
com alma verde-clorofila de amazona
a desbastar a antítese por hipérbato
e outras ( ostras sem ostracismo!)
figuras geométricas de linguagem
recursos da oratória
de priscas eras

segunda-feira, 27 de junho de 2011

GENÉTICA (wikcionario wik dicionario etimologico enciclopedico onomastico)

Eu vim da Hélade
de um lugar de muito verde na terra
e a subir os montes
e muito azul a descer mar
e a subir céu
por uma escada de anil

Meu pai recitava com frequência
um poema que dizia de verdes campos
e a evocação corriqueira desses violinistas verdes
tocando a pedra revestida de formas herbáceas
de um verde intenso no clamor do violino
atestava que ele viera de longe
- originário de outras plagas além-mar!

Depois que cresci e vi ilhas gregas fotografadas
ao sol do mar Tirreno
( fonografadas Cíclades!...)
era como se olhasse
para o que meu pai descrevera no "salmo" doméstico
ou como se tivesse o vislumbre no horizonte
dos elementos naturais que compõe meu próprio corpo
porquanto toda a matéria corporal
a totalidade física e química
composta musicalmente no corpo humano
carrega a terra do lugar de origem
- e terra é também as ervas!...:
as ervas daninhas, arbustos, lianas ...
a alma vegetal a mover vida em animal, inseto...
plantas e planta do pé das aves palmípedes
pisando e marcando delevelmente
seu rasto na água do mar mediterrâneo...
- a fauna e o fauno
que representa a cultura
na tradição e no cântico dos mitos
na teogonia do poeta Hesíodo
ou no canto coral ou ditirambo
hino em uníssono
narrando apaixonadamente
um fato alegre ou sombrio...
( Seria o salmodiar intermitente do meu progenitor
memória genética
ou o que os simplistas denominam "coincidência"?!
Mas com tal incidência, veemência!...)

Assim soprava a voz no latim de Roma imperial : grego!
- ou Grécia! e não Hélade!
Neste modular do canto
com este sotaque se gravou
a melodia que é a fala
antes do gramofone
então em potência
e concomitantemente se grafou o nome
da terra dos helenos
a qual no ditirambo de Ésquilo
a harmonia cantada em coro
não vinha a sucumbir
e veio suscitar a voz para Hélade
graças à presença do corifeu
( Desde as tragédias ou cantos de poeta trágico Ésquilo
o dicionário onomástico para todas as regiões
habitadas por helenos
era Hélade e não Grécia
que veio a viger após o advento do filósofo macedônio
Aristóteles de Estagira
no cenário da tragédia mundial
Contudo, ganhou o canto da voz no latim de Roma
e no latim cristão
Outrossim proliferou sumariamente nos gentílicos
dos respectivos vernáculos
com os etnônimos para grego
oriundo do latim "Graecos"
- um outro macarrão
bem à moda italiana )

Vim da Hélade
não sei se passei pelo monte Parnaso
nem tampouco se pisei a erva daninha
a medrar imaginariamente nas bordas e sopé do monte Olimpo
onde os deuses são a natureza
a ninfa as águas
o ar o Zéfiro
que respira um moinho de vento de cada vez
no sorvo das narinas do moleiro
nominado num pássaro
que sabe a mar
- amar o mar das Cíclades
o mandrião-de-longa-cauda
que em latim de Lineu
tem as notas musicais na melodia
com um resquício de saudade do romano
a debicar assim o motejo no gorjeio em latim :
"Stercorarius longicaudus"

Não tenho o mar Egeu nos olhos
não trago um gole de água do mar jônico
não lembro da visão do Pártenon
de seu capitólio
nem da Acrópole em Atenas
mas talvez essa memórias
estejam escritas em língua de genes
que não é idioma de helenos na Hélade

Eu vim da Hélade
no corpo do meu antepassado
e estou aqui a olhar
as flores em formas de trombetas
matizadas de um roxo violáceo
no timbre de um violoncelo
a tocar a partitura lilás
ou matizadas no amarelo
- um amarelo Modigliani
a pintar sua esposa com suéter amarelo
no divã amarelo
com a expressão facial
de algum ser
cuja opção foi se plasmar
dentro do meu corpo
na plenitude do inexistencialismo céptico
sem vir à lume
para o tempo do homem fora no retrato
( que é a existência
e a consequente perda do ser para o ente fenomênico )
- queda antes do daguerrótipo e no fonógrafo
sem mover a pedra do tempo
que é um objecto de arquitetura e engenharia
do ser humano posto na existência
sob as regras naturais e sociais
que pesam uma cruz em gravidade!
- no orbe e na urbe
( Essa mulher sentado num divã
sobre e sob o amarelo-Modigliani em cantata
na ária do artista personalíssimo
seria um ser em concerto sinfônico para amarelo
ou para a lua em plenilúnio amarelo?! )

domingo, 26 de junho de 2011

A GEOMETRIA E O ALFABETO GREGO ( wikcionario wik dicionario biografia enciclopedia) )

A história, enquanto ciência, ou presunção tal, nunca houve; o que
existiu foi a escrita, que buscou mitos, para colocar ritos e cantos
rituais de sacerdotes ou astros do rock e do pop, ritos para o senso
comum. A história e a escrita são, reciprocamente, espelho e imagem
espelhada, uma dualidade, mutualidade, da qual, por ser a mais simples
ou simplista forma de conhecer, faz emergir a idéia do maniqueísmo,
onipresente e onisciente e onipotente em todas as ciências, filosofias,
epistemologias, contos, poemas, epopéias, mitologias, enfim, em todas
as manifestações escritas ou faladas ( fonadas).
A história é a história do maniqueísmo, o pano de fundo ou o coro da
tragédia grega, onde está a ideia una e única ( o ser, o célebre ser,
posto na palavra, ao sair da mente humana de Parmênides, um grego de
Eléia, depois de postado para o mundo dos homens
( um correio e telégrafos! ); vocábulo entremeado com a idéia
inovadora, posto neste mundo ou universo social humano, que nos vem
em um cambulhada, numa multidão "plebéia" de vocábulos concatenados
pela gramática; aliás, o maniqueísmo é a gramática doa história, da
história de tudo, pois esse "tudo" é a literatura sob as mais diversas
e divergentes formas escritas e faladas : poesia, prosa, drama,
retórica, sob as formas de ontologia, tecnologia, ciência, mito,
lenda... sob todas as formas literárias, incluindo a "literatura" das
matemáticas e a notação musical, a ópera e seus libretos, enfim, tudo
o que é escrito ( ou história ) e falado.
A ciência nunca foi mais que técnicas ou prestação de contas
( contabilidade, ciência contábil ) sobre a validade das técnicas que,
faladas ou postadas na escrita ( escrituração de livros didáticos não
difere da escrituração contábil; é o mesmo gestual a administrar
ritos sumários, também inseridos no Direito, outra forma contábil, mas
sob forma de signos linguísticos ao invés de signos e símbolos
catacterísticos na "terminologia" numérica matemática : a matemática
se expressa por números, ou seja, conta, mensura, exibe grandezas ) ou
na literatura especializada, se metamorfoseia em "tecnologia" : palavra
e artefacto, voz e produto humano manual, manufaturado ( ou
industrializado ), e mental ou intelectual : a nova face do Narciso na
lâmina d'água do arroio do suicida.
A palavra tecnologia é, outrossim, nome para os artefactos de ponta,
conceito, desenho, e discussão teórica sobre o funcionamento e a
feição desses objectos provenientes da razão.
A tecnologia e a ciência, no sentido econômico da palavra, é a mesma
face ou a mesma moeda com duas faces : a ciência e a indústria, fazem
interface, dependentes ambos do investimento e da direcção que tomarão as
ciências sob este investimento, para não dizer da palavra
"investimento" algo que possa ser maléfico em algum pólo maniqueísta.
Mas sempre o é, pois toma o parido do beneficiário dos lucros da
empresa, do capital. Retoma o maniqueísmo de Marx, a velha discussão
dos males que espalha essa promiscuidade entre ciência e indústria e,
concomitantemente, comércio, polêmica que também tem como objecto as
relações do estado, por seu governo ( homens, não nos esqueçamos! : o
governo é de um homem ou muitos, se o monarca é débil e os oligarcas
miríades de insetos no sentido-latim, latinório) e as empresas
industriais e comercias, pessoas jurídicas ( ou pessoas metafísicas,
metafóricas, metonímicas, pessoas para prosopopéia ), sob as ordens e
ato das pessoas reais ou físicas, sendo ambas atores e atrizes no
palco do mundo ou teatro da guerra ( ou “theatrum mundi” )e das
operações da política, outra guerra, sob formas de estratégia e
estratagemas que, quando falham, convoca os soldados para atirar sem
piedade, sem lembrar que há qualquer fábula democrática ou de Direitos
Humanos românticos, novas amadas idílicas para poetas em
degenerescência.
A ciência de fato ( não de Direito, que faz seus produtos metafísicos
de fábrica) sempre foi a filosofia, a ontologia, espistemologia,
noética, enfim, o espaço e tempo grego de pensar gregariamente e para
atender à agremiação dos gregários; a saber : ao grêmio que é o povo,
assembléia para Deus ou deuses. Pensar-povo.
Todavia, a ciência que, na realidade "existe"nos postulados da
filosofia ( filosofia é palavra modesta para um monte, no paradoxo; a
ciencia é uma "sorites" paradoxal ( o paradoxo sorites , um
super-herói em signos e pensamento, sempre apto a corrigir ou
testemunhar as agrúrias e penúrias do conhecimento, nunca firmamento
estribado, sobre o cavalo, um cavaleiro andante, ambulante, na Hélade,
onde explodiu o sintagma filosófico ), paradoxo
recorrente em anfibologias ( frase tautológica) , que empalidece as coisas dadas nos entes, fenomenologicamente, sob o efeito do fenômeno, que é um efeito dos sentidos, desfocando o saber inato os animais e, consequentemente, nos
outros animais, para o conhecimento, que vem em signos e símbolos e
sinais naturais, indo começamos a ler o mundo e a construir o mundo
do homem, universo parcial, à parte ( mundo à parte, tempo idem) ,
brotado no âmbito da cultura, que molda tudo com seu maniqueísmo, o
qual faz a religião e a tecnologia primeva, que, posteriormente, se
transmuta em filosofia ou ontologia e seus desdobramentos e a tecnologia de Ponta ( na ponta de cada temo há uma para os artefatos, os quais vão "aumentando" ou amealhando o tempo
do homem no mundo, tempo esse posto e feito por esses artefactos. Vide
o relógio e em sua "história" na matéria e transformação da matéria
( indústria, processo industrial ou de industrialização ) e energia
( também labor ou trabalho físico, químico e mental do homem operando,
operante) e depois na história escrita pela mão do homem com a e pena
a ferir a superfície do pergaminho ( a religião está nos pergaminhos,
em rolos! E papiros, onde escrito está o “livro dos Mortos”, nome
imaginado pelos ocidentais para um livro-mapa-itinerário a orientar o
vindante (..."e sua sombra"!!!... ) no outro lado do mundo, ou abaixo
do horizonte para onde
descaiu o disco solar ) , os quais fazem a religião e artefatos
técnicas primitivas ou primordiais, primeiras línguas e linguagens
para o conhecimento erudito ).
A técnica dá uma noção lógica e frugal da ciência, pois a ciência se
transforma em técnica ; aliás, sua primeira aparição e linguagem está
sob a forma da técnica. A frugalidade da ciência não é nenhuma chacota
ou pilhéria sobre a vestimenta do imaginário arlequim posto não-vivo
nesta "folia" sem Foucault ou pêndulo, conquanto não vai aqui o
Foucault pendular ( Arlequim não-vivo é esta personagem sem alma,
pilhado da existência e da folia e alocado em "locus" para mera
locução ; enfim, um paradoxo dentre outros infinitos paradoxos que
rubricam a ciência como um complexo de dubiedades, um longo acervo de
anfibologias e incertezas : o princípio da incerteza em ato e de fato
consagrado em toda a história, que é pura e simples ontologia. A
ciência, em última instância, vem encorpar o paradoxo do arlequim, a
se vestir como um monarca para a outra "folia", a folia viva, não
morta em pergaminhos, papiros, livros para mortos, história e
itinerário para falecidos, paradoxo de Zeno, ou Zenão de Eléia, do
asno de Buridan; enfim, os paradoxos do conhecimento dão uma mostra do
que é o conhecimento ; aliás, o conhecimento é mera administração de
paradoxos ou é o conhecimento, auto-consciência de veneno ou vírus
letífero no "Corpus Aristotelicum", entremeado nesses paradoxos ; é um
conhecimento por paradoxos ou fundamentados nos paradoxos ou dos
paradoxos, levando a doxologia à falência, à septicemia paradoxal a
fulminar o ato de pensar, arrolando-o entre os atos nulos, nulidades,
nadidades, nafidicação ).
Contudo a técnica é apenas uma face da ciência.
Esta relação promíscua entre ciência e industrial, restringe o objeto
da ciência, alija a filosofia, a axiologia, a noética e outros campos
onde ocorre a ciência independente, que é tudo o que a indústria e o
mercado , a política, outra indústria e comércio, aspiram e articulam
nos bastidores. Para isso o estratagema é o de desarticular a
filosofia que, sob este nome simplista, originário de efeito
conotativo de época, um efetivo “conotador”, abriga sob a rubrica
“filosofia” uma quantidade e qualidade de ciências livres, um vasto
acervo do espírito humano, uma saga do pensamento, atravessando tempos
construídos e arquitetados pelo homem, sob a égide da “filosofia que,
a saber, mais que uma mera paixão pela sabedoria ou pelo conhecimento,
que diverge da sabedoria intrinsecamente e extrinsecamente, contém um
monte de disciplinas científicas de fato e de Direito, na melhor
tradição do termo em sentido kantiano ; a filosofia, essa paixão
( “pathos”) grego , invenção exclusiva dos filósofos da vetusta
Hélade,o helenismo, tem inúmeras faces, tantas quantas são os Narcisos
a especular sua imagem : a ontologia, a epistemologia, a noética ( não
considero a ética ciência, mas mera técnica comportamental,
racionalizada ), a teologia, a gnoseologia ( considerando a
gnosiologia religião e parte da teologia, cujo objecto não é preclaro,
bem como ciências que se perderam para o mercado : psicologia sem
perspectiva filosofante, sociologia voltada para a arte da política
e, concomitantemente, da polícia, para servir ao mercado controlado
pelo direito, esses dois novos leviatãs que Hobbes não pode ler nem
tampouco por enquanto objecto de sua ciência. Hobbes tinha uma ciência
; aliás, a ciência não sai da esfera individual : quando vai ao
coletivo se transmuta qual um deus Proteu ( daí provem a palavra
“proteína”) de mil faces e facetas.
Pode ser visto, esse deus dos mares, em xilogravura de 1531. O tempo
está na xilogravura exposta.
A ciência no mercado e para fins de mercância , obra para mercadores
( isso a ciência atual e de sempre, excepto alguns raros lampejos ainda
lidos e escritos por poucos, que fazem a história, que é antes de mais
nada a história do pensamento, algo ontológico, epistemológico,
noético, gnoseológico, etc. ) concentra toda sua energia de forma
inercial num pólo do maniqueísmo interessante aos senhores do momento
ou do tempo inventado de novo pelo homem que o vive.
Destarte, a pseudociência perde o contato com o outro ponto antípoda
da tensão privilegiada ou escolhida ao alvedrio dos interesses
momentâneos ou temporais e, ao preterir uma polaridade em benefício de
outra, planta um núcleo na relação, a qual., em detrimento do pólo
preterido, anula o conhecimento no que tange ao espaço e tempo
presente entre as polaridades antitéticas responsáveis pelo movimento
ou pelo passar do tempo pelo espaço bipolar ou de polaridade quase
nula, desarmando o gatilho do maniqueísmo, que parece onipresente, ao
menos na estrutura do pensamento humano, em todas as culturas, ou
seja, o maniqueísmo é universal, mas o processo e os procedimentos o
mitigam ou anula no ato do conhecimento, o que faz supor que o
maniqueísmo é parte da existência, não figura somente na essência,
porém,além de servir ao homem doutrinariamente, o homem o torce e
distorce à vontade, à revelia, ao imprimir seus interesses sobre o
maniqueísmo, que, destarte, funciona somente em num pólo, anulando ou
mitigando os efeitos do outro pólo, ao menos no pensamento expresso
por símbolos, signos, na geometria, religião e outras formas de
conhecer ou saber.
Anulando ou mitigando o fluxo entre polaridades, o homem altera, na
mente, por meio de doutrinas, a visão ou concepção do fluxo natural
nas relações sociais, conquanto não o faça quando se trata de aplicar
o conhecimento e a sabedoria na arquitetura e construção dos artefatos
bélicos, utilitários, sacros, lingüísticos, teóricos, enfim, em todo o
cabedal social ou que se diz social, no estratagema, no ardil que se
usa para afastar o povo dos bens comuns, que se tornam incomunicáveis
no processo.
A hegemonia do sistema financeiro modificou todas as relações,
consoante previu e analisou Marx. Nos tempos de antanho, os reis eram
anunciados com trombetas e vinha acompanho de uma comitiva, ou séqüito
real, numa carruagem especial, luxuosa, ou carregado por escravos ou
servos numa espécie de palanquim ou literia, enfim, algo desse jaez.
Outrossim, os espetáculos animavam as festas dos reis na coorte com
dançarinos hábeis, cantores, contorcionistas, enfim, todo um aparato
que hoje está no circo e mais recentemente na televisão, pois o circo
também perdeu espaço mercadológico para a televisão, que,literalmente
“roubou a cena”.
Na atualidade, com a ascensão do mercado em lugar, que passou a ser um
peão representando o dinheiro e a nova deusa “Economia”, para quem
deve-se fazer encômios graciosos e gratificantes,o trono e o cetro
real foram ocupados pela nossa diva e rainha dos pobres e dependentes
viciados em mídias, que podem ver e ouvir qualquer espetáculo pela
televisão como se fossem novos reis, embora sem poder algum, porém com
postura real, comprando geléia real , sendo reis escravos ou
escravizados no divã, ouvindo a mídia que vende os produtos das
indústrias e do comércio, na nova corrida do ouro : a corrida
tecnológica, que emprega a ciência, que são os cientistas, um novo
batalhões de frades ou soldados disciplinados e sob ordens severas,
ordens militares dos senhores que comandam as grandes “guildas” atuais
( empresas e outras instituições afins ou tais e quais ) ou grandes
corporações, com seus monopólios, cartéis, trustes, franquias, etc.,
para atender o apetite voraz dos novos imaginários reis e sua
dinastia, todos devidamente sentados, esses novos-reis ou novos ricos
ou a classe média no divã, regentes imaginários de um reino do
consumo, a ouvir com êxtase as trombetas a tocar nos filmes ( não em
Jericó, com Josué) , porém no antigo cinema e hoje na confortável sala
de estar : poltrões derreados na poltrona.
Eis uma fórmula que a maniquéia usa para polarizar exageradamente uma
mania de época, que apaixona as pessoas escritas para este drama
cômico, canhestro, que ficam desamparadas de maniqueísmo, uma vez que
o maniqueísmo que parece ter uma função clara na natureza, na
inteligência animal focada no saber, mas que o homem, ao construir o
tempo, com sua maniquéia , opera um obscurecimento no saber através da
operação do conhecimento, que vem por palavras, sempre passíveis de
servirem como artefatos de engodo, escravizando o pensamento através
de sofismas requintados e falsa erudição, o que não é novidade, e sim
palavra vetusta na Grécia antiga, já na boca do Sócrates platônico.
O tempo do homem também e, principalmente, é construído com fulcro num
ajuste da maniquéia para servir os fins dos que comandam e mandam
construir a casa do tempo ou história, que está escrita em todos os
seus artefatos, em toda manifestação cultural e na alocação da
maniquéia para a época. Esse “locus” em transliteração repudia e
tripudia da maniquéia antiga e desenha um novo objeto de estudo.
O estudo do tempo é o tempo, enquanto idéia do homem em sua relação
cósmica, cosmológica e social.
O ser do conhecimento, que, socialmente, para o senso comum, escapa ao
crivo da sabedoria vulgar, provado que é por entes não probos, mas
réprobos interesseiros, interessados no processo e na urgência de
provar, mesmo através de fraudes, o que se quer impor ao grande
público passivo e omisso, é posto então neste “locus” enquanto objeto
moldado por uma ciência do que se quer, o que se anela, aquilo que se
deseja com ardor, enfim, uma ciência ou sub-ciência a serviço da
política, ou do poder, indiferente a qualquer suposta verdade oficiosa
que não pode provar nem reprovar nada, porquanto não tem autoridade
nem poder sem nenhum para fazê-lo ; são réprobos antes mesmo de
qualquer gesto de defesa num processo cognitivo no qual a capacidade e
a autoridade para produzir provas já está determinado de forma
imutável em lei que, outrossim, nomeia ou encarrega as pessoas ou
peritos que podem provar ou ter acesso às provas.
Ninguém, enquanto indivíduo, pode provar nada, nem sequer ter acesso
aos métodos e conhecimentos proibitivos que conduzem à prova. Todo
poder, em sociedade totalitária, de leis sobre a cabeça do homem, é
usurpado do indivíduo, exceção feita aos indivíduos no poder.
A ciência não é senão uma técnica para pensar como fazer sobre objetos
e com objetos, a fim de defender o homem das intempéries naturais,
dentre as quais estão as doenças. É uma técnica embasada nas normas
coercitivas da gramática ( a gramática exerce uma coerção severa )
cujo escopo é comunicar o pensamento técnico ou o fazer e como fazer :
este o âmbito de toda sua literatura.
Vasculhar o pensamento, os objetos do pensamento e da ciência, ter ou
por o pensamento por objeto, no “locus”, enfim, por o ser, a tese,
posicioná-lo no “locus” é função da epistemologia, cujo escopo é o
estudo da fenomenologia do espírito humano, ou seja, tem como objetivo
estudar ou tratar o pensamento e a sensibilidade, os sentidos
externos ; dos fenômenos captados e da transmutação desses fenômenos
por meio de conceitos.
Quem investida o universo é a filosofia ( quem se fia na filosofia! ),
não enquanto “amor” ou “paixão” apenas, mas como razão, juízos,
postulados, através da ontologia, espistemológica, noética, etc.,
partindo sempre de uma gnoseologia, que a ciência não postula, nem tem
liberdade, independência, emancipação para postular.
A ciência é a filosofia menor de hoje e de ontem, quando era
epicurismo e depois ao se rebaixar à uma menoridade de retardado
mental na doutrina tresloucada do cristianismo que, não obstante, é
boa política para o povo simplório,boçal, incapaz de entender poesia
ou filosofia e mesmo, muitas vezes, até a ciência com a qual convivem
enquanto profissionais da área.
Ciências são filosofias restritivas, obedientes aos métodos ou
metodologias para condenados ou prisioneiros em novas galés, gente não
livre, nem livre-pensador, nem tampouco livres e emancipados enquanto
ser humano autocrático, mas “criaturas” presas às regras e princípios
da filosofia que as norteiam, bússolas úteis apenas para atender
certas áreas do conhecimento e limitadas ao trabalho sobre objetos
determinados e delimitados filosoficamente, mas não para o
conhecimento livre, sem peias, que é o objeto ou “locus” de estudo da
filosofia, que representa e é o pensamento na maioridade, na plenitude
do tempo, capaz, inclusive de dialogar com filósofos de todos os
tempos. Os cientistas, homens sofríveis, alienados nas pessoas
patéticas do discurso, ou nas personagens a representar no teatro
social, meras bússolas a apontar maquinalmente o norte magnético,
tornam-se, elas mesmas, objetos de maquinações alheias, que as colocam
abaixo das estruturas gramaticais ou jurídicas, das doutrinas
revestidas de sua maniquéia em voga, na moda.
Aristóteles até hoje mantém um diálogo profícuo com os filósofos de
todos os tempo e e cada vez mais, mormente,com os atuais.
A ciência, que não possui consciência do conhecimento, nem tampouco e
muito menos auto-consciencia ( cientistas não desenvolvem a
auto-consciência ou auto-leitura, se tais há, ou epistmologia própria
e alienígena do filósofo ( ou filostrato ), são homens mais limitados,
prisioneiros entre as grades e a máscara de ferro de seu tempo,
restritos a este tempo que imaginam ser o único e último ou até o
eterno ( e não o tempo, mormente depois da operação-ressurreição do
cristianismo ) , encarnados e vestidos, marcados a ferrete e fogo pelo
logotipo e logomaquias temporais, os diatribes versus a dogmática,
tudo no bojo do maniqueísmo clássico ou revestido de modernidade,
“tempos modernos” com Chaplin no cinema mudo, tartamudo ).
A ciência, que é o homem em sua alienação encarnada ou representada na
pipeta do químico , não apresenta evolução consciente, por isso morre
com a idade do homem que a criou : é um produto do tempo. Vide a
psicanálise e Freud ou a filosofia natural de Isacc Newton. que,
aliás, por ter uma certa perspectiva com nuance filosofante , durou
mais e ainda é útil à engenharia, orienta a engenharia, ou seja,
cumpre o papel da ciência, que é dar voz aos artefatos tecnológicos
com a língua e as linguagens ou idiomas matemáticos, que não falam,
mas escrevem em signos próprios e símbolos. Vide quão vivo continua o
pensamento de Marx ( "O Capital" ), na sociologia e na economia, que
com ele ganharam
um estudo humano ou humanista, se querem assim assinar o ato humano
que a filosofia proporciona e a ciência denega, pois só serve ao
trabalho e, evidentemente, ao capital, à indústria, comércio...
Essas proposições heréticas que não vão agradar a ninguém evoca a
função dos paradoxos no conhecimento, cujo fito é relativizar o
conhecimento, num relativismo essencial, pois o conhecimento jamais é
absoluto e sobrevive no ser humano, sujeito de relações múltiplas,
multifacetadas ; este paradoxo da análise abordaria ou faria um
levantamento ou inventário da doseometria para o verdade ou realidade
ou para o conhecimento, que está entre eles, mas não é nenhuma delas :
é apenas um esforço contínuo.
Tal paradoxo poderia ser proposto assim : poderia o cientista , pago e
na universidade investido das honrarias e insígnias ter a liberdade,
carente de as remuneração, dentro de si ao menos, ter capacidade
“livre” e poder para conhecer ou ousar conhecer algo da verdade que
fira os interesses de seus patrões? Mais: poderia alguém livre dessas
peias sociais, não envolvido profissionalmente ter alguma
possibilidade de conhecer algo da verdade ? Quais os impedimentos
capazes de estorvar a liberdade ou influir de forma sutil e
imperceptível em cada um dos seres postados e envolvidos ou
encapsulados socialmente e ainda na sua eqüidistância enquanto um ser
humano como referencial? Isso levaria ao “princípio da incerteza
somente na física quântica ou seria um princípio epidêmico? – endêmico
no homem.
Tanto é técnica a ciência, técnica expressa no léxico, com verbetes,
glossário, assim como o é a matemática que exprime esta mesma técnica
com outro jargão e signos e símbolos com maior grau de economia e
efetividade, ou servir à técnica é o objetivo prioritário da
“ciência” divorciada da filosofia, a o menos no que planta o anelo dos
cientistas inflados por uma vaidade monstruosa, que a adição da
palavra “logia”, cujo escopo é dizer, exprimir, em “logos”, palavra
cuja etimologia vem do grego “filosófico” e poético em Homero, que
está em raiz do “chão” na formação do vocábulo“tecnologia”, pois o
termo denuncia a função da ciência em seu destino ou em seu rumo
escatológico”, que a ciência não objetiva senão dar expressão, assim
como as linguagens matemáticas e algébricas, à técnica, falar da
técnica ou seja : dizer, estudar, ser ciência em função da técnica e,
tudo o que tem e pode dizer é tecnologia, exprimir o discurso para o
fazer embasado em conceitos lexicais e matemáticos, palavra ou
concepção e desenhos que ajustam essa a concepção aos postulados e
teoremas da geometria, que é o ramo conceitual da matemática. As
matemáticas são ciências numenais ou noumenais, vinculadas
indissoluvelmente à prática ou à indústria e mercancia. Vide o numenal
e o noumenal.
A filosofia, por seu turno, é a inutilidade dos gênios sábios, dos
eruditos que atingiram o cume da maturidade intelectual e de vivência,
experiência. Originária da poética, que funda a religião e a ciências
( outro artigo ou profissão de fé cega, ingênua ), a filosofia é o
cume da sabedoria e do conhecimento, em oposição à ciência ( o
cientista é a ciência! E o filósofo a filosofia! : o resto é erro
formal e plural, pluralidade de equívocos).
Na realidade, a ciência, cuja alma que vivifica o espírito do homem
está em ato no homem que se aliena para fazer ciência ou pensar
insulado do mundo por uma mar de abstração ( um oceano Atlântico ou
pacífico ou indico abstrato! deixando o náufrago em solitude no areal
da ilha de Robinson Crusoé), não enfrenta a prova do saber ou a
sabedoria, que só pode ser provada individualmente, para ser
fidedigna, e pelo homem probo, cuja probidade é indubitável, o que é
quase impossível se não for realizada pelo próprio indivíduo,
porquanto a credibilidade de outrem é credulidade fundada em vanidade,
pois o ser humano, em geral, é mendaz e susceptível de erros crassos,
bem como movido por interesses escusos, quase sempre.
Pessoas crédulas são aquelas que em menoridade mental, moral que não
provaram o mundo por si, mas aleatoriamente, pelas provas das línguas
com enzimas ou sem enzimas de outros seres humanos, em geral
interessados numa verdade românica, imperial ou romântica,quando não
louvadas em motivo torpe, que é o mais comum, corriqueiro na pocilga
social, onde os políticos, seres reles, promíscuos, despóticos,
pérfidos, estão a coibir a maioria dos animais domesticados nas
escolas com a vara da lei ou da justiça, ou o paradoxo que tem a
alcunha de justiça. Uma cega mendiga esculpida por um Rodin venal.
A ciência não almeja a verdade, mas com a política ; o cientista
sequer fareja o saber, é cega para a sabedoria, indiferente; o que
importa nesse “locus” é o resultado econômico, financeiro, ou pessoa
ficta, que comanda o mundo enquanto escudo dos poderosos, que se
escondem sob a instituição e sob as picuinhas casuísticas da lei ; os
casuísmos...; enfim, a ciência está restrita a um conhecimento
limitado, ao que é plosivo ou oclusivo na consoante. Pouco além disso
vai seu vocabulário ou dicionário no vernáculo. Sobrevive de um jargão
mal definido ou cujos conceitos jamais podem ler as concepções
espaciais e temporais exprimidas pelas artes plástica ou pela
literatura, quando surge um Dostoievski ou um Kafka a ver toda a
sociologia invisível ao sociólogo comuníssimo, agrilhoado e fustigado
pelo aguilhão escolar, o cilício da educação, universitário ou outros
nomes assim pomposos que atestam o testemunho de Erasmo de Roterdan ,
o qual prova de cabalmente, de forma cabal e fática, todos os
movimentos da política em sociologia, apenas se utilizando do fato
notório presente ou onipresente em cada dia e pelos séculos e séculos,
amém e amem, se quiserem ou puderem amar a loucura, a folia descrita
em Michel Foulcaud, na mesma linha do humanista holandês, a espoliar
Luciano, na Menipéia, Apuleio e outros sábios eruditos que descrevem o
homem comum enquanto investidos do poder e das insígnias do asno
dourado, o asno de ouro, que pode ser um imperador, um papa ,bispo,
rei ou presidente ou um acadêmico bufão a palestrar, ou melhor, a
palrar na esteira do truão tolerado pelo monarca, seja quem quer que
seja o monarca ou que referencial se tomou para a monarquia, que tem
seu “eterno retorno” social .
Hoje o monarca tem seu trono no divã da sala de estar do pequeno
burguês pós-marxismo, outra utopia que, não obstante, como
conhecimento é fundamenta na sua maniquéia poética-religiosa-atéia, o
que é um paradoxo inovado. Outro asno de Buridan, caro Erasmo.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

CARRILHÃO (wikcionario wik dicionario filosofia enciclopedicowikipedia)

Ouvir uma melodia
é ouvir o tempo
e ouvir com o ouvido
que ouviu o tempo

Ouvir a música de um filme de Hollywood
é voltar a ouvir com o ouvido do meu pai
quando vivo ou no tempo
e concomitantemente no espaço

Ouvir uma música antiga
é ouvir com o aparelho auditivo do outro
com outro ouvido
outra audição
outra conotação e denotação
evocar o ritmo do batuque sonoro
o bater e desenhar das ondas senoidais
nos ossos de outro ouvido
a tremer e dançar
ao som dos ossos em percussão
- dos osso do ouvido : o martelo e a bigorna
a tamborilar o som
que tocou o ouvido
de alguém que já morreu
passou pela tragédia existencial

ouvir pelo fonógrafo
que é o tempo
inventado pelo homem
no aparelho fonográfico
é escutar meu pai
ouvir meu pai de novo
- ele, meu progenitor, a ouvir
num tempo desenhado
pelos inventores de época
os quais desenharam o telefone
que era mais um móvel elegante
que um medidor de tempo

Ouço meu pai preso no retrato
movendo poeiras engasgadas no vento
a emitir sons roufenhos
oriundos do fonógrafo belamente desenhado e esculpido
- escultor do tempo
Rodin com as mãos e encéfalo no tempo
plasmando o espaço
e parando o tempo na pedra
ou em outro substrato material
preparando um acervo de energia
para depois da morte
da mesma maneira que o corpo vivo
estoca gordura para necessidade premente
para alguma súbita demanda de energia

O homem emoldura o tempo
em cada quadro impressionista
desenha-o minuciosamente em cada relógio
com carrilhão ou cuco
e e cada daguerrótipo
com o qual também
fabrica o próprio tempo
- e meu pai continua na teia do tempo
a consertar relógios
e a ouvir por meus ouvidos
que vai ou continua pelos tempos
na travessia dos quais sigo
o caminho que escrevo com pés
e com as mãos plantando bananeiras
quando escrevo
- com pena de mim!
em auto-comiseração

quinta-feira, 23 de junho de 2011

DEVOTO (wikcionario wiki dicionario etimologico etimologia infopedia)

A atual tolerância com aleijados ( ou mais brando; " deficientes
físicos" ), ainda há pouco, meados do século passado, denominados, não
sei se de maneira ou com conotação assaz pejorativa, de inválidos os
"inválidos" suscitados pelo imaginário da época, que os vestia assim,
mas que , atualmente, ou atuando nas cenas do novo teatro montado pela
cultura, continuam identificados com outros apodos; a saber :
"pacientes", doentes, enfermiços, alcoólatras, homossexual, enfim, os
eufemismo grassam como se fora peste endêmica, típica do país pudico,
que na realidade é impudico ou, antes, indecente, eivado de uma
pudicícia injustificável ante a imoralidade, amoralidade e outras
aberrações morais e incompatíveis com a atitude ou a farsa truanesca de uma
suposta donzela pudibunda ou mancebo que leve a sério tal pudor
representado ), homossexuais, mendigos e outras "minorias" não é
virtude alguma, mas está calcado no interesse, o móvel é o interesse
da "coletividade" ( sendo essa suposta "coletividadade ou "guildas ,
no sentido medieval, corporações postadas para bem além do bem e do
mal, ao menos no fervor doutrinário pingue em uma maniquéia legal,
aonde o "locus" do bem ( e não do estudo, que o estudo é uma farsa
grotesca no caso e conforme os mandatários do país apresentado como
objeto de ciência, quando há alguma ciência em foco) , enquanto
objeto conciso posto na qualidade de ser ou essência, ou área de
estudo, ao postular o pensamento, no local ou área estudada ( "locus",
tópico) fato que alguns debilóides ainda não lograram ler no texto da
cultura por causa do analfabetismo congênico ou funcional, eo peso do
costume, que verga o pensamento, falseando o maniqueísmo, porquanto
cultura e analfabetismo "tópico" ( no "locus" ou "in loco", no estado
sob julgamento científico, "sub judice" intelectual, não normativo, ou
despótico, que é o que sói acontecer com a "ciência oficial ou de
governo", pensamento de sátrapa e caudilho, com assepsia de uma
mínima perspectiva filosofante, pois ciência sem essa perspectiva da
filosofia é mera informação ou comando doutrinário, norma camuflada,
exercido por "doutos" sob o movimento do desenho na pantomima do cetro
real, a batuta da orquestra dos espíritos subservientes ).
A cultura e o analfabetismo, alocados numa maniquéia desfocada, são
interfaces ou facetas laterais do Narciso aviltado por aberração
étnica, ( antigamente “racial” ou raça, cujo teor apelativo e
pejorativo obscurecia o discurso) , que produz, no caudal cultural e
atávico , o pernóstico, um lamentável atavismo ( estas últimas
palavras, outrossim, estão no
índex dos puritanos em disfunção ).
Estes os desdobramentos noéticos, que influem na corrente do ético, da
maniquéia., sendo que a própria maniquéia não é um maquinário ético ;
aliás, nada o é, pois o ético está radicado no comportamento , sendo
este comandado por instintos entremeados à racionalidade, no homem,
porém somente passível de estudo no campo da noética, que narra ou
abstrai da história anterior à história, que é a escrita do que já é
fato, quando antes de escrita não é a história, mas natureza emergente
no ato, indo ao encontro do fato, que é o ato pretérito descrito,
narrado ou dissecado na análise crítica ou assertiva posta em forma
literária de dissertação com fulcro no ato passado, então fato
escriturável, histórico, historial, historiografado em moldes
científicos ou dando ênfase a um enfoque “conjectural-científico” (
conjectura?) , isento ou imune às críticas dos não iniciados, tratados
como bastardos ou ilegítimos no processo cognitivo, que elege seus
“cognitores” e põe outros no ostracismo ou no ridículo. A história é
a escrita do passado, do que não age mais, senão enquanto fato
escrito, grafado.
Os déspotas no poder aviltam o povo, controlam o povo como crianças
tuteladas, agem qual o tutor do menor e, destarte, são um óbice para
que a nação tenha um governo, porquanto o despotismo não é governo,
mas pré-governo, é a forma "desgovernada" que se seque á ditadura ou
tirania, cada um com seu matiz, distintos por sutilezas que vão ao
paradoxo de sorites.
A ditadura, obviamente, é o governos dos
malevolentes, dos ignorantes, dos estúpidos, dos arrivistas,
aventureiros que se fingem imbuídos de bons sentimentos : o governo do
homem, que, sem digressões, é a submissão na peleja, do homem sob o
homem ou de um homem sobre outro homem, do submisso e do que submete
outrem à força, essa "governança" na abastança é a loucura ou
estultícia de Erasmo
o de Roterdan exercendo o poder, que é sempre absoluto, um
absolutismo asqueroso e insidioso, aleivoso, pérfido, porquanto é a
aleivosia, a perfída que confeccional a máscara dos déspotas, sejam
monarcas ou oligarcas.
Não há governabilidade sem submissão clássica, tão antiga quanto a
face dos seixos no álveo do rio ; por isso, os bons governos ( esse
"mal necessário do século",
para evocar um livro do poeta Alfred de Musset, do romantismo francês,
um lírico idílico, como sói a qualquer governo no sua locução, mas não
nos atos do teatro político, sempre salpicado de segredos e crimes
enterrados sob o "espírito das leis", no canto do filósofo sábio, que
não encontrou ressonância de sua sabedoria nas coortes).
A tirania é o governo da prevaricação, de todas as formas de corrupção.
É a forma de governo incipiente, a qual se centra num pólo negativo do
maniqueísmo, mas se põe a escrever nas leis a apologia mendaz do pólo
antitético.
Esse "governo" em vórtice ronda a democracia em vários momentos de
tensão exacerbada e está sempre em colônia nos cartéis, corporações (
é o espírito do corporativismo, parasita a alma dos papalvos, dos
energúmenos, dos mentecaptos, derrocadas sob seus monopólios, graças
ao espírito do paradoxo que anima a sabedoria ou conhecimento por
signos, símbolos e sinais naturais ) e vige, outrossim, sob a forma da
oligarquia, um despotismo do dinheiro, onde o governo ou a
governabilidade irrisória cessa abruptamente quando esse senhor
mefistofélico, porém, ao mesmo tempo feérico, deslumbrante, entra em
cena, no Fausto do Goethe, quando encenado socialmente, no amplo
anfiteatro da política, sob os auspícios de Maquiavel, pensador
político italiano; aliás, o único realista em política ou o que chamam
hoje de geopolítica , seu padroeiro, santo dos astutos, do orador
assaz sagaz e, contudo, para além do espírito de Maquiavel e do
príncipe, se se pode transcender tal sabedoria de convívio, um
sociologismo sensato, assisado, conciso e com siso ; e mais : do
maquiavelismo escuso que move a política, a geopolítica intensa, cheia
de ardis sutis, fonte de interesses e egoísmo mórbido, insalubre,
nefasto, a temperar o apetite de algum falastrão ou canastrão a
dramatizar , enquanto protagonista, um déspota no poder. No poder
todos são déspotas, não importa o regime ou a dieta.
A morbidez hospedeira nessas almas é uma peste endêmica e epidêmica,
uma peste negra, responsável pela morte de muitos homens nos campos de
batalhas, nos vários "fronts" corriqueiros, não iluminados pela
luciferação dos filósofos e dos "pirilampos" errabundo em céu noturno,
outros luminares além dos luares.
O maquiavelismo e a teodicéia são "locus" ou
áreas de conhecimento colonizadas pelo maniqueísmo clássico, que
arremete qual um aríete, na teontologia ou onto-teologia, aplicação
sintética da maniquéia, essa máquina de pensar, sobre o ser e o ser
supremo.
A"coletividade" nada mais é que alguns comandantes ou ditos
formadores de opinião ( as oligarquias ativas, dinâmicas, a subsistir
às tiranias infindáveis ), ou seja, em clareza meridiana : os
mandatários e os donos dos mandatários, que é este mundo o mundo sob
a batuta do maestro "dinheiro" ( economia, finanças são alguns
eufemismos para "calar" o tilintar das moedas em profusão em vida de
poltrão ).
Na "coletividade" há o "acervo" dos exlcuídos do convívio social pela
lei ( "dura lex, sed lex" ) dos poderosos senhores do planeta Terra :
os prisioneiros, loucos, vagabundos, insurretos, enfim, uma coleção ou
coletivo para Goya ou Brueguel por em crônica perene; retrato de época
antes da filmoteca. Os prisioneiros, alijados da vida social, são os
novos escravos sociais, porquanto perdem, ao perpetrar um crime, todos
os seus direitos de cidadão e é tratado como escravo, abaixo mesmo do
animais, conquanto a maniquéia para isso sussurre docemente "Direitos
Humanos"a fim de desviar o foco para um pólo que não há, revirando a
seu alvedrio os olhos dos tontos, que são muitos com boa formação para
a conveniência da cegueira ou a leniência morosa, a lenidade em
cristal, dócil ao tempo geológico, e do leniente cristão devoto com
ex-votos à mancheias, num exibicionismo torpe, banal, maquinal.
Os excluídos pela maniquéia do poder, que faz funcionar a máquina de
pensar dogmaticamente sob um maniqueísmo raso, ralo, incipiente e
amoral, dista as polaridades maniqueístas em duas frentes : uma para a
prática do discurso,onde polariza todo o bem imaginário, idílico,
utópica, abstrato, ilusório; enfim, o tecido do eu de Maia para
ocultar a face de Maria, a bela “Virgem das Rochas”, de rosto
perfeito, extrapolando o postulado extraído do paradoxo para o
perfeccionista cuja candidez beira à “alvatura do círculo” e não à
quadratura ; os alijados de todos os Direitos mínimos ( até para o
Direitos dos animais ) pensam, no interegno ou lapso de tempo que
apodrecem no cárcere, nos ergástulos ou porões da lei, que ali,
naquelas masmorras, naquelas galés, vige a lei do maligno, o
cramulhão, o capiroto, enfim, as personagens em vocábulos de João
Guimarães Rosa, figuras da geometria psico-social originárias das
lendas cujo “arrasto” vem da tradição oral, da oralidade, são tão
populares e em convivência diária conosco, quanto os caracteres postos
na comédia de arte italiana, personalidades essas onipresentes na vida
cotidiana, tanto nas camadas populares, no populacho, quanto na escol,
nas elites que comandam o circo canhestro com veemência e impiedade.
Alvíssaras!
O dinheiro ou a economia política, como gostava Marx de pensar, é,
efetivamente, o primeiro poder, quiçá o único, onipresente, onisciente
e onipotente, abaixo de um deus folclórico ou lendário ou mitológico,
consoante o rito a aplicar aos "mistérios de Elêusis" ou eleusianos,
os quais mistérios deixam alguns embevecidos. Outro poder ( se existem
três poderes, essa tríade é para servir aos poderes maiores, que a
trindade aqui é poder menor, majoritário apenas em voto para o
executivo, que fazem os outros três porquinhos, bailarem de nédios e
luzídos. Um " porco pingue da vara de Epicuro", no dizer de Erasmo de
Roterdão). De lembrar que vara é coletivo de porco.
Aliás, o maniqueísmo, é meramente o interesse na sua forma poética,
utópica, idílica, romântica, filosóficos, ou seja, os interesses
enfeitados como uma bela mulher cheia de adereços, adornos e gemas preciosas
valiosas, presentes ou brindes de homens abastados, aptos a comprar
mulheres no mercado negro ou outro buraco negro que a sociedade abre
nas brechas da lei, nos gargalos para nababos. A mulher quase sempre é
venal, porquanto a sociedade a põe como mercadoria para escambo e não
troca. Ela, inconscientemente, é uma espécie de pitonisa, sacerdotisa
ou prostituta sagrada, representando ritualisticamente um drama , que
termina em tragédia, o qual é uma reminiscência do comérico de
escravos e do escambo. Vivo em seu genoma ou em todo o seu corpo, por
onde flui o sangue feminino, desde priscas eras, ó sibila Prisca!
O interesse é a maniquéia da realidade social, não da idealidade. A
idealidade encontra seu pólo-maniqueu no conhecimento, enquanto a
realidade o acha na sabedoria, sempre silvestre, de bom alvitre no
bote da víbora do Gabão, bufadora, de Ruswel. De quem seria a
víbora?!
O tempo é um tecido ( história, tecitura, trama e drama ) do homem,
mas do homem no poder, com o qual se veste e veste os demais, com
vestes talares ou roupas para penitentes, frades, mendigos, pois a
veste diz da túnica que veste o homem por dentro, enquanto indivíduo e
por fora, enquanto ser social ou "animal político". ( Não sei se a
palavra “indivíduo” no duo final, exprime alguma dualidade, abordada,
quiçá, por Freud no ego e superego, conforme o jargão psicanalítico ou
da psicanálise.
Cada tempo é fabricado na indústria têxtil da história dos mandatários e vige
consoante os interesses do grupo no comando do mundo ou tempo, que o
mundo do homem é mais tempo que espaço, basta ler os retratos ou as
pinturas a óleos desde Jan Van Eyk ( no claro-escuro do artista pode
se ler toda a maniquéia presente nos desenhos e coloração : toda a base
do pensar tem seu alicerce no maniqueísmo, assim também o tempo e a
eternidade não refogem ou vem refutar a maniquéia óbvia, uma obviedade
peremptória ) , o qual enceta a escola flamenga.
O tempo é um artefato humano, meramente humano, se é que algo é
"humano" no sentido humanístico ou do humanismo, uma doutrina que traz
em sue bojo uma veemente utopia, uma grão de mostarda de idílio,
porquanto toda obra proveniente do conhecimento humano é unilateral,
oposta ao maniqueísmo em sua essência individual e solitário, pois o
maniqueísmo ou a maniquéia é uma maquina que somente funciona
socialmente; cumpre função política, está entre o crime e tudo aquilo
o aquele (a) que concebido (a) sem pecado.
O tempo, não existe, senão enquanto instância da temporalidade, um
fenômeno "humanóide", em sentido metaforizado para significar o que
ainda não e significado; o temo não é conhecido em natureza vital, não
tem posse de alma natural, não é em si; aliás, nada, pois nada é em
si, mas no ser ou pensamento do homem; logo, em concomitância, uma vez
que o tempo é tão-somente um ser ou essência do homem, uma instância
do homem ( não há "coisa ou ser em si") , um ser oriundo de suas
elucubrações mentais, com origem em seu estro, algo que não é nada (
que é nada? Há um ser para o homem cognominado de "nada", a essência
do niilismo em evidência , uma rapsódia filosófica do homem pra um
ser, que é um não-ser paradoxal, um ser em nada : o zero ou ente
matemático-filosófico, algo lógico, metafísico, que só existe assim,
enquanto é sempre em pensamento; o pensamento que é uma instância do
ser ou essência das coisas e entes, mas não da existência ou realidade
desses entes expropriados no fenômeno, parte ou receptáculo do mundo
na sensibilidade do homem e animal em vida ); um nada, enfim,
retirado ou posto pelo pensamento com a nadidade ( o nada dada à mente
pensante ou ociosa, de um ócio elementar ) , pela filosofia enquanto
gnoseologia, ontologia, noética, etc., e as demais ciências que não
são filosóficas, mas técnicas para gerir os artefatos e o gentio.
O tempo do homem, nunca apolar, isola, em cada época, uma maniquéia
como bem e reserva outras para mal, consoante os interesses mesquinhos
e meticulosos dos senhores no poder, sempre feudais, sempre sob a
maniquéia do feudalismo em desenhos inovadores, novo, inovador
"design" na medida mediana e medianeira e na proporção sintática e
semântica ( é, outrossim, um semantema! ) da geometria do tempo. Toda
ciência ou consciência é de época ; a vestal é mito para se ler em
escrita “cuneiforme”, ou seja, ler sem inteligência, em menoscabo ao
contexto inter-conectado no texto. Ao texto em “simbiose” com o
contexto.
Seria o homem um animal decimal? Ou um ser fincado na maniquéia, moto
contínuo de seu pensamento, no paradoxo do moto contínuo, o qual não
existe em natureza ou realidade, mas sim num diagrama humano. E a
maniquéia uma máquina azeitada para atender o surto de interesse de
época, que modifica suas polaridades, conforme as necessidades do
padrão vigente na lei que zela pelo princípio do interesse, princípio
magno da sem-razão, que não ofende o irracionalismo nietzschiano, o
materialismo de Marx, Engels , e outros mentores e disseminadores do
materialismo dialético, tão amado pelos iconoclastas quanto detestado
pelos seus detratores, os sacerdotes idólatras, nem tampouco o
niilismo de Jesus, um niilista de um radicalismo profundo, o qual a
igreja abomina, opera na doutrina por meio de distorções textuais e
contextuais, ortodoxa que é , fundada na austeridade de uma ortodoxia
paradigmática , incapaz de propugnar um ideário teorético discrepante
aos interesses dos senhores no poder de época ; portanto, não
propugna, nem tem a presunção de propugnar premissas ou silogismos que
objetivem instigar amotinamento, motim, levar à insurreição, ao
levante, ou todo e qualquer ato ou fato que possa vir a provocar o
descalabro, a derrocada do “status quo”, vigente há século, antes nos
costumes, hoje na força da lei que cala o desordeiro, o adversário a
vencer na outra ponta do maniqueísmo : débil êmulo, que os próprios
senhores instigam a se comportar do lado “negro” da lei : no mercado
negro, câmbio negro, na calda da noite negra ainda freqüentada por
Íncubos e Súcubos, sob outra terminologia cujo escopo é elencar ou
arrolar um glossário com neologismos aptos a fundar verbetes para
novas maniquéias , inovadoras somente nas palavras, não na idéia
nuclear do maniqueísmo, cujo estratagema sempre foi o de infundir
pavor na ralé, manter o povo sob um terror diuturno , de forma a
escrever seus códices, não apenas nos alfarrábios, mas também no
coração da plebe lastimosa, nos quais desenrolam os dramas e as
tragédias e as comédias, cujas personagens são estes debilitados
opoentes expulsos para o mercado negro com seus guetos amarrados nos
símbolos que grafam na forma dúplice da palavra e do desenho
geométrico que mensura os objetos no tempo e no plano, no âmbito do
tempo vivido, que, posteriormente, serão descritas e narradas suas
histórias, seus dramas e tragédias anunciadas, sob a forma de ciência,
filosofia, teologia, ou na esfera dramática da arte, aproveitando o
adubo fértil no túmulo e no além-túmulo, ou as cinzas esparsas ao
vento, panteísta cético, depois que o tempo arrastar consigo as vidas
em ato no teatro do gueto, quando do “arrasto” “aerodinâmico” da
morte, a inelutável anunciada pelo anjo “torto” em poema de Manuel
Bandeira, anjo posteriormente capturado por Carlos Drummond de
Andrade.
As peripécias ou périplos dos pobres para sobreviver é entretenimento
cruel para o abastado,o opulento, o homem de vida nababesca, o
perdulário contumaz e indiferente, cujo capital foi ganho facilmente;
portanto se divertem, enquanto espectadores do drama e da tragédia
alheia, esses senhores dos dois mercados, por onde a lei passa com um
hálito diferente na brisa, haurindo as fragrâncias na aragem tépida,
na tepidez lânguida da tarde que se curva em sol para o lusco-fusco.