Tudo no homem, enquanto ato do homem, começa por uma gnoseologia; sem
gnoseologia não há ser humano, mas um autômato, uma sobra de ser
cognominado povo ou massa ( a mole do edifício ensombrando seu
mapa-territorial ou fazendo derrear um espaço na sombra ).
A gnoseologia é um tratado ou ensaio sobre o conhecimento;
conhecimento se dá por meio de palavras ordenadas ou coordenadas em
frases, orações, unidas por sintaxe.
Não existe, tampouco, ética, mas noética, ou
inteligência de ética, porquanto a ética, efetiva, praticada pelo
corpo, que é independente do pensamento ou da gnoseologia social ( se
há alguma gnoseologia política ) ou cultural, não passa de terra para
sonhos, utopias, idílios, ideal, romantismo, enfim, não no sentido
românico ou romance do termo, sem conotação alguma ou mínima, porquanto
sempre sobeja um resquício de conotação em qualquer vocábulo, pois ao
ouví-lo já temos as conotações da oitiva.
A gnoseologia é que vai dizer ( "logos") a noética, mas não a ética,
porque a noética é inteligência de atos ( nos músculos), fatos ( na
historia, que é escrita, em sentido lato) enquanto ética são atos e,
portanto, fora do âmbito do conhecimento, da gnose em sentido estrito.
Atos são um ramo de estudo vivo da sabedoria : é o saborear ou
vivenciar o ato esse "estudo" é um ato de sabedoria ou de saborear no
tempo e no espaço do ato atuante, no tempo presente e não no ausente,
que é o tempo historial, escrito, descrito, dissertativo, no qual não
ocorre mais fenômeno ou o ato já se transmutou e se fixou em fato
rígido, pronta para a geologia ou a arqueologia ou a história, que é
uma arqueologia ou paleontologia de um tempo próximo, coevo, coetâneo
; uma ciência ou esboço filosófico sem vocábulos, porque vivo,
existencial, passageiro, sem palavras ou fraseologia que aliene o ser
humano presente ao ato ; enfim, sem nada ou o que quer que seja que
leve à leveza da essência, que não é deste mundo, mas de um mundo à
parte, um universo da razão, da racionalidade e da idealidade.
A ética real, em realidade, na existência, fora da essência, que fica
dentro do intelecto, é o comportamento animal que, no ser humano, que
é um ser mítico, se transmuta no mito do centauro, do minotauro, ou
seja, algo para
erudição ou para provocar pânico e não para a existência ou realidade
natural, a qual nem os sentidos externos captam integralmente, senão
enquanto fenômenos, onde
se bifurcam o ente e o ser e o tempo move o espaço, em outra
bifurcação. Na curvatura dos fenômenos que abrem asas aleatórias ou
aleatoriamente.
A ética natural, ou existente, ou práxis, é o comportamento
natural dos animais que somente se lêem por dentro e fazem a leitura
da natureza por fora e assim se aplicam à vida ou existência. Não
comungam essências, que é a outra forma de existência do homem e da
mulher, que é o homem pensando com outro sexo, mas o mesmo homem, com
o mapa no corpo para outra anatomia e fisiologia, outra maneira lírica
e racional de pensar ou abrir a escotilha do ser, no mastro e na
mesena.
A ética é um comportamento; portanto, prescinde do corpo humano, sua
anatomia, fisiologia, psicologia, cultura, enfermidades, saúde, beleza,
vigor, etc. : a ética é um comportamento "técnico", tático,
estratégico, elucubrado, planejado, previsto, doloso ou negligente,
premeditado, imputável, tipificado, etc.
São atitudes do corpo em determinas circunstâncias ou sob a pressão
momentânea, instantânea, que cria o impensável, o indizível, o
inefável ou o abominável, tétrico, macabro, sinistro, sombrio, etc. :
é, essencialmente, existencialmente, o comportamento do animal, da
besta, da fera, que o homem, outrossim é, se não for um megatério
ainda pior, um dragão mais nauseabundo.
São atos ou fato que concernem à existência, comum ao homem e ao
animal, nunca olvidando que o homem partilha da natureza animal e,
mais, além do animal existencial o homem é um animal mitológico,
mítico: o leviatã, o basilisco, o unicórnio, enfim, toda a fauna
mítica ou posta na mitologia, nada mais é que essência humana, nada
mais é que o homem, seu criador e inventor : o homem é o inventor de
si, se seu ser, da sua existência insulada. O homem é o animal
mitológico, a própria mitologia, a existência da mitologia, na forma
de existência fictícia : a essência ou ser ou pensamento.
A noética concerne à essência, é apenas o entendimento, a compreensão
ou a inteligência do comportamento. Um estudo puro, científico,
filosófico, teológico, psicológico, jurídico, antropológico,
geológico, enfim, um dizer dramático, na língua ou no discurso, em
poesia ou prosa filosofante, deste comportamento fático ou factual, se
não fatídico, fastidioso, enfadonho, pachorrento, faustiano ou
apolíneo, etc.
As dissertações teológicas ou geológicas ou de quaisquer outras
ciências trágicas do homem não passam de um cantar trágico, de
tragédia, uma dramaturgia para conceber o universo e o próprio homem,
seu ser ou essência ou pensamento e a existência ou realidade
desvinculada, independente do pensamento ou do sofrimento humano, que
escreve a tragédia de sua vida na tragédia grega e a outra tragédia e
comédia de sua existência nas suas ciências, que são esgares do ser
humano num palco ou em outro anfiteatro.
A noética apenas estuda, não intervém sonhadoramente, oniricamente, na
existência, mesmo porque somente poderia intervir por ficção,
fictamente.
A ontologia, outrossim, é derivada da gnoseologia, pois dá o ser e o
objeto do ser,q que se confundem em dois objetos, tendo um terceiro
objeto na coisa, ou "coisa em si" kantiana e "causa sui" de Spinosa.
A ontologia põe o objecto sob os moldes da gnoseologia, assim como a
epistemologia o disseca posteriormente, desnudando o pensamento e as
intenções que o maculam. A mancha do Canal da Mancha, sem manche....
quinta-feira, 9 de junho de 2011
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