O retrato movediço nos filmes de Hollywood
abriga a indústria do entretenimento
com o advento do cinematógrafo
do qual a metonímia ou transnominação
faz uma instância do metônimo
( A sala do cinema
em função da metonímia
é um metônimo que nomeia o recinto do cinema
e o cinematógrafo ou equipamento
cuja função é a de passar para a atela
as obras cinematográficas
através dos fotogramas
com estribo no movimento beta
um tipo de "estribilho" psicológico )
O cinema em seus pioneiros
tartamudo em Chaplin...
mostra um tempo a vagir
antes do meu primeiro dia ao sol
sem saber que havia um girassol no vento
colhendo moinhos de vento
e meninos e meninas
no seu receptáculo para amarelo capitular
( o girassol é uma flor em capítulo
assim como outras tem inflorescências em rácimo
umbela corimbo amentilho espádice espiga cimeira bípara... )
O tempo pingue nos filmes de Hollywod
enquanto indústria de entretenimento
enovela-se em vetustos retratos sucessivos
oriundos da captação da luz
de um dia cálido e concatenado
num calidoscópio que a imagem latente do daguerrótipo
havia aprisionado numa lâmina
protegido num cristal
após o fluxo e a fixação da imagem
que é uma hagiografia da química
no amplexo com a matéria utilizada
( A fotografia ou processo fotográfico
é uma reação da química
provocada por um ato humano :
o ato de pensar ler e grafar
o caleidoscópio impresso nos versos funéreos
perpassando através do instantâneo
a esculpir o emergir e imergir simultâneo
do ser e vir-a-ser flagrados no retrato
em face da mente atribulada do poeta Alan Poe
em sua imagem mais conhecida
alumiada pelo daguerrótipo
um ícone do tempo
que outrossim capta o séquito da morte nos olhos do poeta /
retrata-a com seus convivas /
- os taciturnos comensais do banquete /
que será servido em casa /
com seus acepipes /
suas iguarias e guloseimas /
O retrato do bardo da América no hemisfério setentrional /
pode ilustrar a obra de Aristóteles sobre a fisiognomonia /
O homem é o catalisador da reação química /
produz a sua catálise /
enquanto aflito na clareira aberta pelo daguerrótipo /
que plasma um espaço no tempo /
sucessivamente e extensivamente /
no dicotômico olhar dos sentidos /
fomentadores do conhecimento /
que não passa de um paradoxo de sorites /
- o homem é o daguerrótipo! /
este seu semblante de centauro /
- em centauromaquia pelas ranhuras do tempo /
que narra uma história trágica /
escrita para olhos de homem afligido pela proximidade da morte /
tragédia legível nos olhos do rapsodo Alan Poe /
hoje descido ao solo argiloso /
O tempo armazenado na filmoteca de Hollywood
desenha caminhões
arrastando atrás de seu rasto
do daguerrótipo em diante
uma coleção de fantasmas redivivos
as ressuscitações de Cristos no cinema
que cria ou inventa outra alma
que não e mais a alma do paganismos no latim clássico
nem tampouco simplista, homogênea e precária alma
do cristão e do sacristão sacrílego
mas uma alma cinestésica
- alma em cinestesia
no sentido muscular
quando no envoltório de uma metáfora
que ocasiona uma licença poética
a qual remete o poeta ao privilégio infausto
de por por o vocábulo para o motor muscular
e o moto contínuo no cinema
em lugar da percepção
que origina uma sinestesia delirante
- a percepção sensorial em Baudelaire
que coloca a sensação numa rede semântica
acenando para uma semiologia e semiótica
posteriores às pastorais do poeta gaulês
que compreendia a natureza intrínseca da sensibilidade
toda uma fenomenologia poética-filosófica refinada
de fundo vegetal
originária na fauna e flora da alma e do espírito humano
( o cinema é uma inovação da alma
em transição do latim romano
para o refugo do latim cristão deteriorado
- o cinema é a alma cinestésica
ou desarraigada da cinestesia metafísica-cristã
para os arroubos cinestésicos
induzidos em cinéfilos
como se esses fossem bobinas para indução eletrostática
No caso, uma centelha elétrica
concebida por Otto Von Guerick
inventor do dispositivo gerador de energia eléctrica estática
físico que estudou o vácuo, a pneumática e a propagação do som )
O mundo no retrato está entre a entalpia e entropia
conquanto não para sembrar antinomias
que não há entre os vocábulos
que timbram em ser "dissidentes"
( a locução de um homem
pode dissentir de outro interlocutor
porém não o vocábulo
que não pensa
mas sim é pensado pelo homem
a cismar dentro do rio de piche
que é a noite
- uma ribeira para ao barqueiro Caronte )
Todavia, pensamos por meio de um maniqueísmo
o qual fundamenta o ser pensado
- no caso, as reações químicas
cuja função é redesenhar
na prancheta de um arquitecto da vida
( que são os artistas!
esses arquitetos e engenheiros vegetais, vitais )
a anatomia e a fisiologia
as quais "ciências" são os escultores de engenho
na engenharia e reengenharia do corpo humano-animal
no decurso da vida
pois ninguém é trânsfuga
e não há refugo vivo
( Aos trovadores fica o estudo
do corpo anatômico e fisiológico do centauro
do sátiro, da linfa na ninfa
da ninfomaníaca e outras divas
nas cantigas de amigo e amor
do rapsodo com timbre de violino ou violoncelo
cheio de anelo pelo belo
enleado e prenhe de significação )
O retrato recobre o tempo pretérito
tece em torno dele um casulo
ou um repositório sucinto
caminho sobre o tempo
revisitando seus contornos
sobre a poeira assente
então nas coisas tangíveis
que o lápis de luz e treva debuxa
no quadro de Vermeer
celebérrimo artista holandês
em perene enleio
ante sua vida meteórica
( Neederland, Neederland!...
da escola dos pintores flamengos
- escola flamenga de prolífica brasa )
ou nos retratos cinéticos
aonde os trastes posam com todo garbo
assim como as atrizes se mostram faceiras
ridentes maviosas fugazes
junto aos galãs garbosos
que vivem o pó de luz
- a réstia no retrato )
De se Lamentar que o retrato no cinema
exibido num ato ostensivo e prepotente
de frenesi impudente leviano sumário
atos de homens ou bestas destituídos de escrúpulos
transcritos nos debuxos e gravados
no estilo amaríssimo de Goya
em seus irônicos, sarcásticos, desdenhosos caprichos
nos quais retrata a ação ignóbil
biltre vil tumultuosa deletéria ruinosa calamitosa
o opróbrio vexatório atribuído ao genocida contumaz
e concernente aos parricidas regicidas matricidas fratricidas
- e alguns soldados ou guerreiros remunerados enquanto sicários
cujo desiderato é o de perpetrar assassínios...
perpetuar crimes legítimos
porquanto embasados no despotismo da lei
dos estados cujo povo sofre opressão e é vilipendiado
enquanto os criminosos no sólio do poder
vão recebendo comendas e medalhas auríferas
louros e guirlandas tais e mais sórdidas
que a luz do sol sobre tal estado de fatos
e atos oprobriosos ignominiosos
pertinentes ao atos sub-animais
pontuais e notórios em tais sub-tiranias medonhas
cujos mandatários aprestam suas biografias eivadas de máculas
- nódoas indeléveis que caracterizam os déspotas
sempiternos senhores dos poderes do Tântalo
e das torturas de Sísifo
quando o estado é o Hades
onde o poema de Dante põe a maioria ou povo
enquanto alguns eleitos vão ao paraíso
de um jardim do Éden ou das Hespérides
Não importa se as insígnias sejam o báculo
e o prelado em suas prelazias ou prelatura
faça uso do hierofante heráldico
ou férula papal
o brasão e a mitra
a qual cobre a cabeça prelatícia
a ínfula que desce às espáduas ou escápula
a tiara papal com três diademas
ornamentada com gemas preciosas e pérolas;
enfim : a heráldica eclesiástica
uma espécie de paradoxo sorites
cuja função é assinalar a fragilidade dos sistemas dogmáticos
ou da gnoseologia do pensador sob dogmas
( Todo sistema de pensar
labuta em exegética supérflua
a especular o ser e a existência
infensa às investidas da hermenêutica falaz
toda aplainada para a essência )
Os relógios...os relógios! : são retratos do tempo
Todavia antes dos relógios
dos fonógrafos e das clepsidras
do cinematógrafo e outros equipamentos congêneres
haviam outros retratos
que o daguerrótipo não pôs em olhos objetivos
não cristalizou no tempo
- tempo geológico dos cristais
na tradição das eras
a reverberar nas faces fotografadas
para ato fisiognomônico
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